Alfonso
– Então não tem previsão para que você volte ainda? – A voz de Laura pareceu chateada no telefone.
Alguns dias haviam se passado desde o último encontro com Anahí no parque. Eu não havia trombado com ela desde então, mas suspeitava que a morena tinha alterado seu horário de corrida. Se é que ela corria com frequência, já que a antiga Anahí não era muito ligada a atividades físicas.
Laura, por sua vez, andava me pressionando por atenção. Minha namorada me mandava mensagens durante todo o tempo que não estava em voo, o que atrapalhava minha concentração já escassa. Suspirei, tentando não descontar nela minha frustração e estresse do trabalho.
– Não, a pesquisa está muito lenta. – Respondi simplesmente, sem entrar em detalhes que eu não conseguia me concentrar pois Anahí não saía de minha mente.
– Bom, pelo menos eu consegui uma escala aí em Monterrey. – A morena cantarolou, retomando a animação.
– Sério?
Assim que pronunciei as palavras, percebi o erro na minha entonação. Eu não estava surpreso de uma forma positiva e pareceu, pela minha voz, que eu não queria vê-la.
– Sim... – Ela respondeu, a voz vacilando um pouco. – Tem algum problema?
– Não, claro que não. – Falei prontamente, tentando consertar. – Quando você vem?
– É uma escala curta que apareceu, vou poder ficar somente dois dias. – Laura falou e, mesmo do telefone, sua frustração por ser pouco tempo era nítida. – Será daqui duas semanas.
– Certo, vou ter que ver com Maite se tem problema você ficar aqui. – Respondi, distraindo-me com o que eu pesquisava no computador.
Ouvi a voz de Laura falar alguma coisa, mas uma informação sobre um dos crimes que havia ocorrido alguns dias atrás chamou minha atenção. O silêncio instaurado me alertou que ela havia falado e eu não tinha respondido.
– Desculpe, não prestei atenção. – Confessei, passando a mão no rosto.
Estava cada dia mais difícil esse relacionamento a distância e com fusos horários distintos. Era tarde da noite em Berlim, o horário que minha namorada conseguia me ligar, enquanto em Monterrey era início da tarde, exatamente no meio do meu turno de trabalho.
– Eu disse que estou ansiosa para conhecer seus amigos da faculdade. – A morena murmurou, impaciente.
De repente, a cena de Laura e Anahí se conhecendo veio em minha mente. Isso seria um desastre. Não por parte de Any, que claramente já havia me esquecido há anos, mas por Laura. A morena conseguia ser muito ciumenta quando queria.
– Ah não sei se vou conseguir te apresentar a eles... – Enrolei, pensando numa saída.
– Alfonso, você está me evitando? – Minha namorada questionou em tom acusatório.
– Eu? Eu não! – Exclamei, ficando impaciente e revirando os olhos. – Porque está dizendo isso?
– Você mal responde minhas mensagens e quando te ligo, você fica aéreo... – Ela começou a enumerar seus motivos. – Além disso, agora não quer que eu encontre seus amigos...
– Eu não disse que não quero que encontre com eles. – Bufei, tentando me acalmar. – Todos têm seus trabalhos e compromissos, eu mesmo não os encontro o tempo todo.
– Mas você tem me evitado, sim! – Laura exclamou, fazendo eu respirar fundo.
– Laura, escute... – Tentei apaziguar, mesmo estando de saco cheio da cobrança. – Eu estou atolado de tarefas da reportagem para fazer, não me leva a mal se não estou te dando muita atenção...
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Despiértate
Hayran Kurgu+18 | Uma amizade fortalecida. Um amor não correspondido. Anahí, uma jovem universitária, possuía uma vida comum e boa. Não havia muita emoção na sua história, mas não podia reclamar. Ela não pretendia alterar sua monotonia, até um certo moreno de o...