este capítulo foi tão divertido de escrever. espero que gostem!
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Conforme os encontros com Georgia se tornavam mais frequentes, Helena foi percebendo, como já era de se esperar, que ela dificilmente precisava se distrair com programas de televisão diante do opulento padrão de vida que tinha, e era por isso que não conseguia se dedicar a trivialidades como Helena fazia. Por não sofrer com uma única preocupação sequer, além dos estudos, passava o tempo com hobbies que Helena mal sabia que existiam, como a prática de tiro esportivo.
Faltando uma semana para o natal, fez uma última visita antes da família viajar para Luxemburgo, onde passariam o ano novo e a primeira quinzena de janeiro. Em sua ecobag, Helena levou roupa de banho, óculos de sol e uma revista de palavras cruzadas que tinha prometido à avó que tentaria encontrar as palavras que ela não conseguiu achar.
Decidida a não se deixar intimidar com a presença de Vitória e Israel na piscina, conversando tão perto que, por um segundo, Helena pensou se tratar de um casal, ela se sentou em uma das espreguiçadeiras e acenou para os dois, do outro lado da piscina.
— Helena — Vitória se levantou depressa, dando a volta para se sentar perto dela, com um sorriso tão cordial e acolhedor que a fez relaxar. — Não vi você chegando. Não sei se soube, mas a Georgia teve um desentendimento com o irmão dela e está um pouco abalada.
— O que aconteceu?
Ela olhou para a expressão hesitante da prima de Georgia e então para Israel, que acabava de se juntar a elas na espreguiçadeira ocupada por Vitória.
— O de sempre — Israel disse casualmente. — O imbecil do Paulo fez uma brincadeira de mau gosto com a Georgia e eles acabaram brigando. Feio. Dessa vez, meu pai teve que intervir. Depois ela pode te contar melhor.
Vitória assentiu, comprimindo os lábios com uma terna consternação no semblante. Helena olhou em direção à casa principal, desejando fazer mais perguntas e ir atrás de Georgia, mas preferiu permanecer na companhia dos dois, até Indiana aparecer e exigir que o irmão gêmeo a acompanhasse a uma loja de cosméticos.
— Engraçado como eles não são nada parecidos — ela comentou enquanto observava os dois saindo, com metade dos pensamentos ainda em Georgia.
— Não mesmo — Vitória concordou com um riso. — Uma não vai muito com a minha cara, e o outro me adora.
Helena cravou os olhos nela com uma súbita curiosidade, mas antes que pudesse reunir todos os pensamentos para questioná-la, ouviu a comoção de mais algumas pessoas se aproximando de onde elas estavam. Ela reconheceu as vozes de Natália e Juliana, acompanhadas de três garotos que ela se lembrava de ter visto na última festa.
Quase que instantaneamente, Vitória, na posição de anfitriã, ofereceu-se para levá-la até o quarto de hóspedes para que ela se trocasse. Estava fazendo um dia muito quente e Helena não queria desperdiçar um minuto daquele dezessete de dezembro fora da piscina.
Ela agradeceu tanto e imaginou que não poderia existir uma pessoa mais agradável e receptiva naquela casa do que a prima de Georgia, que, por força da ocasião, não demorou a aparecer quando já estavam quase todos dentro da piscina. Assim que ela se aproximou da espreguiçadeira onde estava uma de suas amigas, Helena a observou através das lentes escuras que acobertavam os olhos curiosos, quase investigativos, e sorriu com ternura em retribuição ao aceno enérgico.
— Georgia — o namorado de Natália a chamou entre risos —, todo mundo aqui quer saber em quem você votou na última eleição.
Ela olhou para o grupo mais afastado no canto da piscina, os olhos semicerrados, cheios de um divertimento genuíno com a pergunta provocativa.
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Questão de Tempo
Teen FictionParte I. Helena Porto conhecia muito bem os dissabores de ser sozinha. Não por acaso, passou boa parte de sua vida lidando com as consequências da tumultuada separação dos pais. Ela só tinha dez anos quando foi levada para outra cidade, e então deze...