1.15. a verdade não faz alarde

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gosto tanto deste aqui! acho que nunca vou escrever um capítulo tão bom quanto este. *emoji chorando*

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Cumprindo com sua palavra, Georgia a levou para conhecer as principais atrações de Campos do Jordão. Visitaram o museu da escritora Felícia Leirner, conheceram o parque Amantikir, cujos vinte e dois jardins eram inspirados em doze países diferentes, e depois foram ao borboletário, onde havia diversas espécies de borboletas nativas existindo calmas e deslumbrantes para o deleite dos visitantes.

Depois de um dia inteiro explorando algumas das principais atrações da cidade, passearam pelo centro de Capivari, onde entraram em algumas lojas e conheceram alguns restaurantes, e voltaram para casa quando a noite glacial desceu sobre a terra. Helena estava tão deslumbrada que não conseguia falar em mais nada além das borboletas flutuando sobre as pétalas, das araucárias, dos labirintos naturais, dos vinte e dois jardins.

Na hora de subirem para o quarto, foram convidadas a se juntarem a Indiana e companhia para jogarem uma rodada de jogo de cartas. Helena estava tão cansada e sonolenta, os outros quatro integrantes do grupo tão bêbados e risonhos, que preferiu recusar o convite entusiasmado de Indiana para mais uma rodada. Georgia, no entanto, foi compelida a permanecer na companhia da prima, dos irmãos e do cunhado por quase uma hora antes de se juntar a ela na cama.

Helena se lembrava vagamente de ter visto os ponteiros do relógio no quarto bater sete e doze quando, após tomar um banho quente e realizar o ritual de higiene, deitou-se para descansar. Lembrava-se, também, de ouvir indistintamente Georgia fazer o mesmo quando subiu para o quarto.

Helena sentiu, de longe em seu mundo de sonhos perfeitos e angelicais, a cama afundar com o peso adicional e o toque suave dos lábios de Georgia pelo seu ombro, pelo seu pescoço. Ouviu, tão distante e inalcançável no paraíso irretocável de seus sonhos, a voz melódica e sussurrada de Georgia em seu ouvido, contra sua nuca e seus cabelos.

— Helena — ouviu outra vez Georgia chamá-la, até voltar abruptamente para o mundo real, onde a realidade era tão melhor que sonhar. — Acorda, por favor.

Ela abriu os olhos com ligeira confusão embaçando a visão, e se virou para encarar Georgia, murmurando incoerências, ainda sob efeito do sono, enquanto se acostumava com a escuridão do quarto. Georgia a observou com um sorriso preguiçoso, inclinando-se para distribuir beijos na mandíbula e no pescoço de Helena.

— Que horas são? — ela conseguiu perguntar entre beijos suaves, sentindo-se mais acordada e animada a cada segundo que passava.

— Ainda são três da manhã — Georgia murmurou, segurando delicadamente o rosto de Helena com uma das mãos enquanto a outra apertava a cintura dela. — Acordei com tanto tesão, Helena. Não consigo ficar um dia sem tocar você. É imoral a gente ir dormir sem fazer amor. Não pode mais acontecer, ou eu vou acordar você assim, como uma selvagem no cio.

Encantada e cheia das chamas mais voluptuosas, Helena deixou uma risadinha trêmula escapar contra os lábios macios e deliciosos de Georgia. Elas estavam vestidas com roupa confortável e apropriada para o frio de cinco graus que fazia naquela madrugada. O aquecedor estava desligado porque suavam com certa frequência à noite.

— Fala de novo — Helena pediu com os olhos brilhando em puro contentamento, o que pareceu confundi-la. — O que você quer fazer comigo. Diz mais uma vez, olhando para mim.

Então, com um sorriso cheio de gracejos e a voz profunda e delicada, afastou fios rebeldes do olho de Helena e repetiu em um sussurro:

— Já vi que você gosta de estímulos verbais — ela encostou os lábios quentes, ardorosos, nos lábios trêmulos e afoitos de Helena, mantendo o contato visual. — Eu quero fazer muitas coisas com você, Helena. Mas agora, neste momento, quero fazer amor gostoso com você.

Questão de TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora