atenção! notem que a classificação da história foi mudada.
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Helena foi levada para a casa de Georgia assim que se despediram de Sofia, cujos planos para a noite se resumiam em dormir com o novo ficante sem que os pais desconfiassem. Das três, ela era a única que mantinha uma vida sexual ativa e agitada. Sofia não tinha receios de se aventurar: confiante e dona de si, não media esforços para viver como bem entendia. Helena estava seguindo o mesmo caminho.
Pelas gracinhas de Sofia e os olhares sugestivos de Vitória, imaginou que estivesse escrito em algum lugar de seu rosto o que quase fez com Raíssa no solo sagrado da paróquia. Ela estava tão nervosa, os cenários e as lembranças passando por sua cabeça ansiosa e agitada, que mal conseguia conceber uma única frase em contribuição à conversa entre as duas amigas sem que se sentisse atordoada.
Durante todo o trajeto para a mansão, permaneceu com a atenção nas janelas, olhando tudo passar, mas sem se atentar de fato ao que via, em silêncio contemplativo. Se não tivesse se comprometido a passar o fim de semana na casa de Georgia, Helena teria inventado alguma desculpa para ir direto para casa, pensar nos acontecimentos com calma, na privacidade do próprio quarto.
— Vou preparar as coisas no quarto para a gente dormir — Georgia avisou, subindo as escadas sem esperar por uma resposta.
— Vou na cozinha beber uma água, comer uma fruta — Vitória disse, e gesticulou para que Helena a seguisse, o que ela fez de pronto. — Foi uma noite divertida, não foi? — ela iniciou a conversa quando estavam sozinhas, movendo-se com precisão na cozinha.
— Bem mais do que imaginei — Helena concordou com um sorriso, sentando-se na bancada com o corpo encolhido por conta do frio. — Acho que eu precisava mesmo de um dia como hoje. Era exatamente o que eu precisava.
— Bom, já que tocou no assunto — ela fez bom uso da oportunidade que havia criado, dedicando toda a atenção à amiga. — Você sumiu por um bom tempo. Num momento você estava ali, perto das barracas, onde todo mundo conseguia te ver, e no outro, puft. Sumiu.
Helena deu uma risadinha juvenil, mas não se sentiu constrangida como se sentiria se estivesse na presença de Georgia. Vitória se mostrava sempre muito aberta e compreensiva, o que a tornava uma ótima amiga e ouvinte.
— Você ficaria escandalizada se eu te dissesse que a gente meio que invadiu a paróquia para se agarrar?
— Não mesmo. Pouquíssimas coisas neste mundo me escandalizam — ela disse sem grandes afetações.
— Bom, foi o que aconteceu — deu de ombros, pegando uma uva verde do cesto que Vitória colocou na bancada para comerem enquanto conversavam. — Sabe a melhor coisa de morar aqui?
— Não — Vitória negou, juntando-se a ela na bancada. — Eu só morei aqui até os seis anos. Já me mudei bastante na vida. Suíça, Espanha, Brasília. Quero me formar na UNB e depois voltar para cá. Eu adoro São Paulo.
— Você morou na Suíça e quer voltar para São Paulo? — ela arqueou as sobrancelhas, incrédula.
— Estudei lá — ela confirmou. — Sentia falta do Brasil todos os dias. Parecia um castigo morar longe da minha família, ter que suportar o frio, ser obrigada a me comunicar com as pessoas que não falavam a minha língua. É um saco. Eu gosto é de viajar pela Europa, agora morar? Não mesmo.
— Para quem tem dinheiro, o Brasil é um paraíso mesmo — Helena pensou alto, guardando para si os pensamentos que cruzaram sua mente naquele momento. Vitória era uma companhia muito agradável para enchê-la com lamentações. — Mas eu vou te dizer então qual é a melhor parte.
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Questão de Tempo
Teen FictionParte I. Helena Porto conhecia muito bem os dissabores de ser sozinha. Não por acaso, passou boa parte de sua vida lidando com as consequências da tumultuada separação dos pais. Ela só tinha dez anos quando foi levada para outra cidade, e então deze...