Prazer! Peter, o candelabro

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Narrado por Peter Hale

— Como pretende convencer os instrutores do campo de paintball a deixarem várias crianças com menos de doze anos e que possuem no máximo um metro de altura participar do jogo? Vai assustar eles com seus olhos brilhantes ou vai tentar convencê-los com um sorriso doce? — Deboche definitivamente não combina com Malia, ela é direta e sem filtros, não debochada.

— Com o bom e velho suborno, ninguém resiste a dinheiro. E só para registro, deboche não combina com você, seu estilo é mais direto — observo pelo retrovisor a van que Derek dirigia se aproximando ainda mais, quase colando na traseira do carro.

— Combina mais com seu filho do coração? — Se ela fosse a Supergirl eu já tinha virado pó apenas com esse olhar irritado.

Suspiro balançando a cabeça. Lá vamos nós novamente.

— Quando vai parar com isso? — Sua implicância com o fato de Theo morar comigo já estava começando a ficar infantil.

— Deixe-me ver na minha agenda — folheia o ar.

"— Aqui está. No dia de "São Nunca"" — completa juntando as palmas como se fechasse a agenda.

— Eu realmente não entendo sua implicância com o menino.

— Ele matou várias pessoas — sua voz está carregada de uma espécie de obviedade, como se pensasse que a razão para o desprezo e o leve ódio fosse clara e indiscutível.

— Eu também, Chris também, Deucalion também e mais um monte de pessoas que você e os demais perdoaram — retruco revirando os olhos.

— Vocês se arrependem.

— Ele também.

— Theo matou a irmã. Matar família é golpe baixo.

— Eu matei minha sobrinha — você também matou sua irmã e sua mãe, não verbalizo meu pensamento, ela já se culpa demais por isso, por mais que não tenha culpa, não que Theo tenha alguma pelo que aconteceu no início, era apenas uma criança de oito anos, manipulada e iludida por pessoas que lhe disseram tudo o que queria ouvir, que lhe prometeram o que mais desejava. Uma criança criada por monstros, monstros que descartavam o que não consideravam útil, que almejavam apenas poder para realizar o que desejavam, que criança teria empatia ou um pensamento humanizado ao ser criada desse modo?

— Theo manipulou a alcateia — a voz irritada de Malia me tira de meus devaneios.

— Eu também — resmungo incomodado. Ninguém tenta entender o lado do garoto? Se colocar no lugar dele? Não para esquecer o que ele fez, mas para ao menos entendê-lo e compreender que nem tudo é tão preto e branco, que a linha entre o mal e o bem é mais turva do que acham.

— Tentou matar Scott.

— Ele conseguiu matar Scott, simplesmente impressionante — seus olhos se reviram com o comentário.

— Você entendeu o que eu quis dizer.

— Todos os seus argumentos sobre o porquê de odiar e implicar com ele são refutáveis. Literalmente metade dos aliados da alcateia fizeram igual ou pior, sendo todos perdoados, Theo foi mandado para o inferno, sem chance de redenção — comento enquanto dirijo em direção aos portões do campo de paintball.

— Ele mereceu — resmunga se encolhendo no banco.

— Eu e Deucalion também merecemos ir? No caso dele, estar lá — estaciono o carro e cruzo os braços.

— É diferente — exaspera mexendo os braços.

— Não, não é diferente. Vocês apenas possuem uma estranha bondade seletiva — desço do carro, sendo seguido pela coiote.

Um pulo no passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora