Narrado por Lydia Martin
Hospitais são assustadores. Todos provavelmente temem hospitais, o sentimento de morte e cura que os ronda. Antes de conhecer o mundo sobrenatural, os hospitais eram ruins, mas ainda assim não era de todo mal ficar neles, era algo suportável, agora tendo poderes de uma Banshee, hospitais se tornaram indiscutivelmente insuportáveis, até chegar a uma milha deles doía, mentalmente e fisicamente. Sentir a morte, ouvir os últimos suspiros de vida, os últimos murmúrios moribundos...às vezes se tornava impossível ignorá-los, os últimos desejos, alguns tão puros, outros raivosos, rancorosos, símbolos de uma vida que não foi vivida, onde houve apenas sobrevivência.
Estar em um hospital porque seu filho está doente é um sentimento dez vezes mais desesperador. Sentir que a vida dele está trêmula como um fio esticado prestes a ser cortado não melhora nada. Passar semanas sentindo a vida esvaziar de sua sobrinha tinha sido um trauma grande o suficiente para umas vinte vidas, agora seu filho aparentemente passaria pelo mesmo, com sorte melhoraria assim como Olivia melhorou. Tudo o que poderia fazer era torcer para ele melhorar, afinal, aparentemente a única coisa que o sobrenatural sabia fazer bem era tirar, quando o assunto era o contrário se tornava tão comum quanto uma vida ordinária.
— Daqui a pouco sua mão cai do tanto que está a roer suas unhas — Malia se joga na cadeira ao lado me oferecendo um copo de café.
— Obrigado. Eles já não deveriam ter voltado? Estão nessa sala de exame a mais de uma hora — tento tomar o café, mas desisto no primeiro gole. O que Malia tem de corajosa, tem de paladar ruim. O café mais parece açúcar com gotas de café.
— Não sei. Os exames da Olívia também demoravam bastante — dá de ombros como se não fosse nada para se preocupar.
Malia é uma péssima atriz, sinto a tensão irradiar dela.
— Sabe...
Minha fala é interrompida por Liam que entra carregando uma Talia desacordada nos braços, seu rosto está manchado de lágrimas.
— Socorro! Ela desmaiou e está ardendo em febre!
Assim que Dr. Geyner ouve o grito de Liam ele sai correndo da sala que estava socorrendo a neta, que ele provavelmente não sabe que é neta. Malia e eu também corremos em direção ao beta e nossa sobrinha.
— O que aconteceu!? — Talvez Liam tenha contado para ele, seu desespero é grande, ou ele só ama demais todos os pacientes.
— Ela estava brincando e começou a reclamar que estava com frio, quando eu e Kira nos aproximamos ela caiu e percebemos que ela estava ardendo em febre. Ela estava bem cinco minutos antes, eu juro! Ela adoeceu do nada, em um minuto estava tudo bem e no minuto segundo já não estava mais! Salva ela! Pai por favor salve ela! — Lágrimas grandes rolam pelo rosto estoico, seus olhos sendo um rio, não tendo apenas a cor de um.
— Eu vou! Ela vai ficar bem Liam — promete pegando a criança e colocando em uma maca e levando para algum outro lugar do hospital junto a um grupo de enfermagem.
Apenas observo saírem, sem forças para segui-los. Aiden, Tara...
— O que aconteceu? — Scott, Theo e Peter surgem derrapando pelo chão, os dois últimos provavelmente ouviram o grito.
— A Tara desmaiou, ela estava bem e então não estava mais — os olhos do beta finalmente se focam, talvez não na melhor imagem, Theo parece furioso.
— Ela desmaiou? — Cada sílaba que sai da boca do ex-maníaco é fria. Liam estremece ao meu lado, acho que ele não está acostumado com aquele tom sendo dirigido a ele, creio que nem na época dos Dread Doctors Theo foi frio com ele.
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Um pulo no passado
FanfictionTudo começou com uma luz branca... "É interrompido por um grito agudo do garoto com a caixa de sapato. - Ali, vamos colocar ele naquela luz branca! - Fala correndo em direção a luz. - Luz branca? - Peter questiona para absolutamente ninguém. - Não c...