Um pulo no passado

Terríveis é pouco

Narrado por Lydia Martin

— Os experimentos que eles faziam, a criação da quimera, de uma quimera entre o natural e o sobrenatural, porque Theo foi o único que sobreviveu? — Encaro Stiles.

— Ele não foi o único que sobreviveu. Corey e Hayden também sobreviveram — Aponto mostrando o óbvio.

"— Da última vez que chequei eles respiravam muito bem"

— Não. Eles morreram e Theo os trouxe de volta. Além de que Hayden foi mordida, porque o corpo dela voltou a enfraquecer. Então só sobra Theo, que "viveu" entre muitas aspas porque ele basicamente sobrevivia, sem ter sido morto por envenenamento de mercúrio.

— Exato. "sem ter sido morto por envenenamento de mercúrio", eles foram mortos envenenados, os médicos e talvez até Theo envenenaram eles — contra-argumento.

— Porque os médicos os consideravam um fracasso. Eles morreriam em algum momento.

— Não consideravam Theo um fracasso também?

— Não, não totalmente de qualquer modo. Ele foi a primeira quimera e eles mantiveram ele por dez anos, alguma outra utilidade tinha.

— Atrair novas cobaias? — Tento com uma leve exasperação. Essa discussão não faz sentido.

— Eles literalmente vibravam, poderiam roubar um adolescente muito facilmente e o caso não levaria a eles e se levassem eles eram irreais, ninguém acreditaria que monstros que usam frequências para se locomoverem sequestraram alguém.

— Certo. Você está certo. Isso significa que havia outra razão, qual a outra razão para ele ter ficado vivo por tanto tempo? Os Doutores não possuíam empatia ou amor, então, definitivamente não foi nenhuma dessas duas coisas que o manteve vivo.

Uma tosse se faz presente. Me viro em direção a fonte do barulho e encontro olhos julgadores. Abro um sorriso amarelo. Estamos discutindo entre nós, ao invés de deixar Peter, que verdadeiramente sabe a história, nos contar o que aconteceu.

— Stiles está certo. Theo não morreu nenhuma vez por ter sido transformado em uma quimera... — "nenhuma vez por ter sido transformado em um quimera"? Isso quer dizer que...

— Ele já morreu? Você acabou de especificar que ele não morreu por ter sido transformado, ele morreu por alguma outra coisa? — Interrompo com um guincho nada bonito.

— Eu já ia chegar nisso ruivinha. O corpo humano é algo bem engraçado, sabe? Ele não aceita objetos estranhos dentro de si, sempre dá um jeito de expulsar, seja um objeto inanimado que foi engolido e você começa a tossir para se livrar, seja um rim transplantado que não possui os marcadores corretos. O corpo humano sempre rejeita, por isso demorou tanto para conseguirem criar uma quimera. Se o corpo humano tem a defesa para rejeitar um órgão que ele precisa simplesmente porque os marcadores genéticos estão errados...o que ele faria se fosse acrescentado o sobrenatural a ele? Ele daria um jeito de expulsar? Limparia o sobrenatural de seu organismo? Mataria a cobaia? Aconteceria todos? Variaria de um para outro? Um viveria e outro não? Seria uma questão de sorte? Eles chegaram à última questão bem rápido, ela era a ganhadora, a resposta para a pergunta de um milhão de dólares. Quem sobreviveria a transformação somente o destino saberia, a única exigência é que fosse alguém que naturalmente possuísse dois DNA's. Esperem um minuto já volto para terminarmos essa deliciosa conversa!

Peter sai da frente do telefone, tablet, computador, seja o que for que ele esteja usando para a ligação e começa a conversar com uma terceira pessoa. Apenas encaro meu celular paralisada, Theo já morreu? Os Doutores mataram ele? O que mais esses monstros causaram? Eles mataram uma criança de aproximadamente oito, nove anos? Ele era mais novo do que o Aiden quando os pavorosos...pelo que ele já passou?