Narrado por Lydia Martin
Antes de ser mordida por Peter, antes de ser jogada no mundo sobrenatural, não me importava com hospitais, achava que eram lugares bons, onde as pessoas iam quando precisavam e eram curadas, não tinha problemas em ir a um hospital e confiava que qualquer que fosse meu problema de saúde os médicos e enfermeiros dariam um jeito. Era simples, afinal, a ciência teria uma resposta, a ciência sempre teria uma resposta. Eu estava enganada, não seria a primeira vez que isso aconteceria, mas seria a mais impactante.
Depois da mordida e de todo o drama envolvendo ela, os hospitais se tornaram um dos meus maiores e piores pesadelos e ir até eles se tornou aterrorizante, o medo era acompanhado a um sentimento de impotência a um mal que poderia, e provavelmente iria, acontecer. Os médicos não saberiam o que fazer na maioria dos casos agora, não saberiam lidar com a mordida de um lobisomem, com ferimentos de lâminas de onis, com o sentimento de que alguém vai morrer ou com as vozes sussurrando partes do que vai acontecer em algum futuro próximo, eles não saberiam lidar com nenhum dos machucados causados pelo sobrenatural e, infelizmente, essa é a maioria dos machucados agora.
Sentir Alisson morrer e ver a morte de Aiden talvez tenham sido os eventos de maior terror que presenciei, os mais traumatizantes, pela primeira vez percebi que nem sempre iriamos sobreviver e que eu perderia muitos amigos ao longo dessa jornada, muitos mais do que eu poderia suportar. Procurar por Stiles sem saber quem ele era ou o que ele era, apenas tendo a certeza de que era importante, de que era algo ou alguém que precisava ser salvo, que eu o amava, que era uma parte de mim, foi o momento mais agonizante, onde vi que nem sempre eu teria uma resposta ou teria ele para ajudar a encontrar uma. Ver a cidade que lutei tantas vezes para salvar se voltar contra mim foi quando senti meu peito se remoer em revolta, ver o que eu tentava desesperadamente salvar querendo me matar e matar meus amigos, a razão pela qual ainda estavam vivos, foi o momento mais revoltante, meu peito explodia em ódio, talvez até sentisse mais ódio do que o medo provocado pelo Akui-te.
Nunca pensei que os três momentos seriam substituídos por um único, um único momento onde terror, angústia e revolta eram as únicas coisas que eu sentia, um momento onde esses sentimentos estavam escalonados em um nível que nunca senti antes, que acreditava ser impossível alguém sentir. Um momento onde meu chão desabou e pela primeira vez em muito tempo odiei o sobrenatural, odiei como sempre que me dava algo e tirava algo. Odiei tanto quanto no dia em que Alisson se foi. Uma única ligação de Scott foi o suficiente para tudo começar a ruir e eu sentir que regredir a mediana era sempre péssimo e não importa o quão bom tudo estava, no mundo sobrenatural tudo mudava em menos de um milésimo de segundo.
— Cadê? Cadê ele? — Avanço no alfa ignorando todos os olhares que se voltavam para mim.
"— Você falou que ele estava bem! Que ele estava seguro!" — Soco seu tórax repetidas vezes, como se fosse a resposta para todos os meus problemas.
— Ele está fazendo uma tomografia, Stiles está com ele — Malia me puxa para um abraço enquanto fala.
Me debato tentando soltar meu corpo de seus braços e ela me aperta mais forte, é o suficiente para eu desabar. Começo a chorar como se parte de mim estivesse prestes a morrer e eu sentia que estava.
— Lydia. Vai ficar tudo bem, assim como Olivia ele vai melhorar — Theo diz me oferecendo um copo de água. Balanço a cabeça negando.
— Não tem como você saber. Ele pode não melhorar — lágrimas grossas dessem por meu rosto, nem tento impedi-las. O olhar da alcateia entrega que não fazem ideia de como agir ou o que falar.
— Vamos dar um jeito. Confia em mim, ela vai melhorar. Agora bebe um pouco de água e um calmante, seu coração está parecendo que vai sair para fora do seu peito e olha que disso eu entendo — balanço a cabeça, a piada foi horrível, ainda assim aceito o copo e o comprimido.
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Um pulo no passado
FanfictionTudo começou com uma luz branca... "É interrompido por um grito agudo do garoto com a caixa de sapato. - Ali, vamos colocar ele naquela luz branca! - Fala correndo em direção a luz. - Luz branca? - Peter questiona para absolutamente ninguém. - Não c...