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|| Gabriela Alcântara ||

📍 Rio de Janeiro, Vidigal, Segunda-feira, 11:30.

Depois de passar a manhã toda revisando o processo da minha audiência de amanhã, levanto da cadeira do meu escritório só querendo uma massagem para relaxar. Me espreguiço enquanto caminho com preguiça e solto um bocejo.

Vou até meu quarto e acabo decidindo por tomar um banho demorado, aproveitando pra tratar um pouco do meu bem estar, e saio dali indo pro closet, onde visto um pijama já que a tarde meu pai vem, e desço pra cozinha, decidida a ver algo para almoçar.

Tô com tanta preguiça hoje, que a simples ideia de fazer comida me parece absurda e acabo pedindo para um dos vapores que fazem minha segurança buscar uma marmita e um suco na pensão da tia Márcia.

Ele chega todo suado em seguida reclamando do calor, e eu dou risada agradecendo. Pego o pote de isopor indo pra cozinha e almoço na maior calma aproveitando pra bisbilhotar minhas redes sociais. Quando termino de comer me levanto dali, limpo tudo e vou deitar tirar um cochilo, mas ai que tá o erro.

Não consigo pregar o olho e fico girando a aliança no meu dedo esquerdo sentindo as lágrimas já inundarem meus olhos conforme as lembranças me invadem. Vocês devem estar confusos, então deixa eu explicar. Quando eu tinha 18 anos eu conheci o Kauê, ou K4, como todos o conheciam, ele era um aliado do meu pai, dez anos mais velho que eu, mas algo me atraia muito nele.

Como o cabelinho tinha sido transferido para o alemão, eu vivia por lá, pois estava no começo da faculdade e o meu tempo livre ou estava com meu pai ou com meu melhor amigo.

Numa quinta-feira de tardezinha eu tava jogando um fut com a rapaziada e o Kauê chegou lá, todo marrento dizendo que ia me ganhar fácil, eu dei risada e disse que duvidava, dessa nossa pequena brincadeira acabou que no final da partida meu time venceu de 5x1, o que resultou em muita risada da cara dele.

Começamos uma amizade legal, todo dia a gente se via, sem maldade até então, ele era todo cachorro, não se apegava em ninguém, já eu, tinha um ficante aqui e outro ali. Mas ambos levávamos como lema a ideia do desapego.

Comecei a frequentar a casa dele e me apaixonei pela família que me recebeu super bem, me acolheram como uma verdadeira filha, tio Marcos e a Tia Ângela se tornaram pessoas muito importantes pra mim, e a pequena Anna então nem se fala.

No meu aniversário de 19 anos ele se juntou com meu pai e fizeram um baile surpresa, naquele dia eu fiquei tão feliz, porque não é segredo pra quem me conhece o quanto eu sou apaixonada por aniversário.

Naquele mesmo dia nós ficamos pela primeira vez, e combinamos de não ter nada sério mas ficar sempre, já que a tensão sexual ficou evidente desde o primeiro contato. Mas como isso nunca dá certo, depois de seis meses nesse acordo nós começamos a namorar, tudo foi muito intenso entre nós  e eu me sentia em casa ao lado dele.

Depois de um ano e meio namorando ele me pediu em casamento na praia, e eu aceitei, não tinha dúvidas do quanto eu o amava, ele me tratava como uma boneca, todo cuidado e amor possível, e isso fazia meu coração sempre estar em constante certeza de que eu tinha conhecido o homem da minha vida.

Nos casamos e por ele não poder simplesmente largar o que tanto lutou pra conquistar, me mudei para o alemão, quando já estava no final da minha faculdade com 22 anos, ele sempre me incentivou e me apoiava muito.

Ajudei muito na comunidade, melhoramos muitas coisas, escolas, projetos sociais, sempre estávamos pela rua brincando com a molecada. Pessoal me chamava de patroa pra cima e pra baixo, e eu só sabia rir, mas eu sempre amei muito os moradores do Alemão.

Entre A Lei e O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora