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|| Gabriela Alcântara ||

📍 Rio de Janeiro, Leblon, Segunda-feira, 11:00.

Respiro fundo e bebo um gole da minha água enquanto vejo o advogado da acusação interrogar meu cliente, buf frustrada por ele estar tentando achar provas onde não tem.

Resolvo me impor, afinal, ele tá querendo complicar por maldade.

Gabriela: protesto meritíssimo - chamo a atenção do juiz que faz sinal pra mim continuar falando - o que meu colega está insinuando é especulação, ele não possui provas do que está falando, e está apenas tentando fazer meu cliente ficar confuso - digo retomando minha postura séria e neutra.

Juiz: concedido doutora Alcântara, doutor Gonçalves, seja objetivo nas suas perguntas - diz e posso ver o advogado ficar vermelho de raiva, ri internamente.

Depois disso, consegui comprovar para o juiz que meu cliente era inocente da acusação, e saí de lá com mais um caso absolvido.

Sai do tribunal e fui almoçar num restaurante perto do meu escritório, comi uma salada com frango e um suco natural.

Sai dali indo direto pro presídio Nelson Hungria, meu cliente foi transferido pra lá essa manhã, o que me poupa tempo e gasolina já que eu teria que ir lá de qualquer jeito ver o caso do amigo do coringa.

Estacionei na frente do presídio e desci trancando minha Mercedes, arrumo minha saia branca no corpo e caminho devagar por causa dos saltos até o portão do presídio.

Cumprimento os guardas sem risadinha, eles abriram um sorriso malicioso e eu ignorei pra não passar raiva.

Fui caminhando até onde o delegado tava me esperando e já revirei os olhos em ver que era o pau no cu do Castilho, eu mereço.

Reviro os olhos e ele me olha sorrindo igual um maluco, só posso ter cara de dentista menor, ridículo essa falta de postura.

Gabriela: Boa tarde Castilho - digo séria já cortando as risadinhas dele que respondeu todo constrangido - primeiro quero falar com meu cliente, Vulgo dele é MB, pode ver isso para mim? - sinto meu celular vibrar na minha bolsa e pego ela esperando o Castilho me responder.

Castilho: Certo Dra, espera ele na sala? - concordo com a cabeça e sigo pra sala de interrogatório.

Sento de um lado da mesa e guardo meu celular na bolsa, pego os papéis que preciso que o Marcos assine e espero ele chegar.

Vejo dois policiais trazendo ele algemado e já fico no ódio, já falei caralho, sem necessidade.

Gabriela: primeiramente eu quero que vocês soltem meu cliente, ele não demonstrou ser perigoso para estar algemado - digo séria tentando controlar a minha raiva e vejo os dois se olharem e concordarem abrindo as algemas em seguida - quero privacidade para conversar com ele também, sei que temos direito a 30 minutos e quando acabar vocês buscam ele - eles concordam contragosto e saíram da sala.

Marcos me olha com os olhos cheio de lágrimas e me abraça apertado, eu reviro os olhos e dou risada.

Marcos tem 19 anos, entrou no crime com 12, em São Paulo, no meio de uma guerra de facções ele salvou a vida do meu pai, porque? Nem ele sabe explicar, meu pai viu futuro nele, confiança principalmente e trouxe ele pro Vidigal, 6 meses atrás teve invasão e pegaram ele.

Eu peguei pra criar basicamente quando ele chegou no morro, se emocionou e engravidou uma mina, ela perdeu, mas fiz criar responsabilidade no soco, é meu filho mesmo, porque cada raiva que esse moleque me fez passar.

Entre A Lei e O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora