|| André Oliveira ||
📍 Rio de Janeiro, Vidigal, Sexta-feira, 17:00.
Essa semana acabei ficando esgotado e não tive tempo de vir no vidigal tratar do caso do Thiago com a doutora.
Hoje consegui uma folga das coisas da boca, então piei pra cá.
Chego cumprimentando os vapores da barreira, que nem pararam meu carro por já conhecer, estaciono na frente da boca e desço do carro, aceno pros soldados que tavam por ali e entro indo até a sala do Trovão.
A porta tava aberta e eu entrei, olho pra ele ele tava discutindo no celular e tinha um garoto de uns 19 anos moreno sentado no sofá olhando as redes sociais.
- André: eai parceiro - faço um toque com o moleque - vai demorar será? - pergunto me referindo a ligação do Trovão.
- XXX: satisfação cara, MB, acho que não irmão, uns 15 minutos sepa - ele diz me encarando e eu concordo com a cabeça - tu é o Coringa né?! - concordo e ele se mantém sério, posturado a cria - avisa o coroa que eu já colo aqui, só vou lá tomar uma ducha - concordo e ele se despede saindo da sala.
Ascendo um Beck e fico fumando enquanto espero o trovão desligar o celular. Fico aproveitando a brisa olhando pro teto da sala e escuto a voz dele.
- Trovão: foi mal te deixar esperando cria, tá na paz? - faz um toque comigo
- André: ainda papai, vim trocar uma ideia com tua filha, chama ela aí? - ele concorda e liga pra ela.
Ficamos conversando por uns 20 minutos até a gente escutar a voz do MB e da doutora.
- Doutora: eu já disse que não Marcos, que merda, vou ter que falar de novo? Tu não tem controle, sabe que nunca é só uma carreira - diz puta entrando na sala sem me perceber ali e o MB vindo logo atrás dela com cara de indignado.
- MB: porra mãe, saí da jaula hoje, quero comemorar com os moleques minha liberdade, o que custa tu liberar eu cheirar só uma? - abre os braços questionando ela e eu juro moleque, até esqueci que o guri chamou ela de mãe com o olhar assassino que ela lançou pra ele.
- Doutora: Custa Marcos Bruno que a última vez que eu deixei tu cheirar uma carreira de pó, eu te juntei de um beco quase morto convulsionando filha da puta, tu acha que foi fácil caralho? Ver tua vida literalmente se esvaindo do teu corpo na minha frente? Acha que foi fácil eu ficar naquele hospital na sala de espera, tentando manter a fé em um milagre, porque tu chegou lá quase morto porra, e se eu não tivesse te achado ein? Não é tu o bonzão? Peito de aço? - diz amarga e mermão, doeu em mim, e pior ainda, foi que ver os olhos dela cheio de lágrimas mexeu comigo de um jeito, só queria abraçar ela e tirar essa dor dela, cuidar dela pra nada machucar mais essa mulher.
Vejo o MB engolir seco e respirar fundo, olho do moleque brilhou de lágrimas também e eu olhei pro Trovão que se manteve neutro.
- MB: pô mãe, perdão - se ajoelha abraçando as pernas dela, parece que a postura foi embora né irmão - não queria te fazer passar por isso nunca, mas quando a fissura bate, tu tá ligada né, não sei controlar - diz respirando fundo e vejo a doutora limpar uma lágrima solitária que desceu pelo rosto dela - te amo pra caralho minha rainha, sou grato demais por tudo mãe, prometo não chegar nem perto daquela merda nunca mais, por tu mesmo, tu não merece esse desgosto.
- Doutora: olha filho, eu não quero que tu me prometa nada, eu posso não ter teu sangue, ou ter te gerado, mas porra, te adotei desde o primeiro dia que tu chegou metendo marra nesse morro, tu sabe que mato e morro por ti, não quero ter a sensação de novo de ver meu filho morrendo nos meus braços sem eu poder fazer nada pra evitar - faz cafuné nele que se agarra mais nas pernas dela.
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Entre A Lei e O Amor
Romance📍 Rio de Janeiro, Alemão || Vidigal. Em seus vinte e seis anos, Gabriela pensou já ter vivido tudo que a vida lhe guardava, um romance de novela, a chegada de dois filhos incríveis e também a sua ligação maravilhosa com seu pai. Conquistou sua ind...