Entre A Lei e O Amor

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|| André Oliveira ||

📍 Rio de Janeiro, Salão de Reuniões, sábado, 20:30.

Entro no salão todo organizado, e cumprimento os soldados do Trovão que estavam na porta conferindo os convidados.

Rodo a chave na mão observando os rostos por ali, alguns donos de morros, envolvidos que fazem trabalhos na pista, nossos fornecedores, nada fora do normal.

Essas reuniões acontecem semestralmente, Trovão reuni todos os seus pra saber se que tá acontecendo dentro da facção.

Ouço meu celular apitar no celular bolso e pego ele pela primeira vez no dia, nunca vi um dia pra ter mais problema que hoje.

Quase perdi uma carga de armas, teve briga no morro das emocionadas, e pra completar com chave de ouro, a Bope ameaçando subir.

Respiro fundo ainda girando a chave na mão enquanto olho as mensagens que chegaram, pessoal da boca, algumas minas, nada demais.

Guardo ele no meu bolso e caminho até o bar, onde já tinha enxergado o MB e o cabelinho rindo dos outros enquanto bebem.

Faço um toque com eles e me sento por ali, só fitando o movimento na minha volta.

— Cabelinho: tu é um vacilão, te liguei a tarde todinha pra saber se tinha carona pra mim e tu nem tchum, seu pau no cu - da um soco de leve no meu ombro e eu roubo o baseado da mão dele que me olha feio e eu ignoro.

— André: não parei o dia inteiro menor, pica atrás de pica no meu cu - falo tranquilamente enquanto observo o salão com a maioria do pessoal sendo homens.

Deixa eu explicar, essas reuniões são restritas apenas as patentes mais altas, donos, subs, fornecedores e pessoal disfarçado.

Cada um tem o direito de trazer um acompanhante, mas Trovão proibiu a entrada de gente desconhecida, então normalmente só vem eles e as fiéis.

— Cabelinho: aquele bagulho da bope lá, é verdade cuzão? - pergunta curioso e percebo MB parar de olhar ao redor e cuidar nossa conversa.

— André: ainda, mandaram até a porra de recado, sem nexo esse papo ai - dou mais um trago na ponta e escuto a voz do MB.

— MB: então eles não ameaçaram só o vidigal - olho pra ele incentivando ele a continuar - é po, meu avô surtou durante a tarde todinha, mandaram 5 recados diferentes só hoje pra ele, cada um com uma mensagem diferente, dando a entender que tem X9 na facção.

— Cabelinho: porra menor, mas a doutora não tinha o controle dos pau no cu na mão desde a última vez ? - pergunta ainda em choque enquanto bebe seu whisky.

— MB: nem fala, minha mãe só faltou virar o mundo de cabeça pra baixo pra descobrir quem é o pau no cu que mandou as ameaças, e pelo visto é um delegado novo, filho da puta, tá dando as ordens e as cadelinha da bope tão cumprindo - antes que ele termine de falar as luzes do salão ficam mais fracas.

Escuto o barulho de salto alto ecoar pelo salão e a Gabriela aparecer com o braço dado ao pai.

Vocês já tiveram a sensação do mundo ao redor ficar em câmera lenta? Porque eu tô nessa vibe agora, talvez seja a maconha, mas não consigo tirar os olhos dela por 1 segundo.

O terninho feminino cinza que realça suas curvas, aquele decote que valorizou seus seios de uma forma surreal, a maquiagem leve mas que realça cada detalhe do seu rosto, aqueles olhos intensos, o cabelo atado ao alto, os acessórios na cor prata, que se destacavam na pele bronzeada.