Péssima noite

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Quatro dias havia se passado desde que Kai se acidentou. O garoto pensou que odiaria ficar mofando deitado na cama ou sentado, mas até que gostou da mordomia que ganhou, tanto de sua mãe quanto suas irmãs. Kai achou que foi o melhor momento para se vingar delas e fazê-las de escrava, enquanto as mandava fazer tudo pra ele.

Contudo, com seu pai foi diferente. Ele já era atencioso, e após o acidente foi que sua atenção redobrou. Não só pela recuperação de seu tornozelo, mas também em relação ao seu comportamento e sentimentos. O mesmo o fez ter uma conversa constrangedora com ele, onde teve que contar tudo que estava o chateando.

Como já estava cansado sobre conversas sentimentais, resolveu logo contar como se sentia enciumado por causa de suas irmãs, pela pressão que sentia em ser o mais velho e pela sensação de abandono que sua mãe lhe passava.

Seu pai disse que teria uma conversa com elas e Kai implorou para não participar, não queria parecer o filho injustiçado — mesmo sentindo-se exatamente dessa forma. Seu pai concordou para seu alívio, mas logo o lembrando que não podia fugir da conversa que ainda teria com o psicólogo.

Parece que o alerta de seu pai deu certo, pois a relação entre sua mãe mudou bastante, ela agora falava mais consigo e era atenciosa assim como era com suas irmãs. E as duas garotas ainda o provocavam, afinal brigas de irmãos era impossível controlar, porém, diminuíram bastante o modo infantil de sempre conseguirem o culpar por suas travessuras.

Resumindo, a relação com sua família aos poucos estava indo bem, e Kai sentia que agora podia estar entre eles sem sentir aquela energia carregada de antes.

Olhando sua lista de atividades das férias, percebeu que faltava apenas três desejos que ainda queria fazer junto a Soobin. E lembrando dele, o garoto esteve bastante presente aqueles dias, sempre o ajudando a caminhar quando tinha que descer as escadas, às vezes trocava o curativo de seu tornozelo e até o acompanhou quando seu pai voltou ao médio para avaliar seu tornozelo.

A presença constante de Soobin em sua casa foi bem problemático, mas é claro, ele não sabia disso e Kai queria que continuasse assim. Não que ele não tenha gostado de todo o cuidado e atenção, mas sua irmã tinha um crush nele e sempre queria estar no meio, fazendo Kai apelar pela ajuda de seu pai para mantê-la afastada. E também tinha seus pais que Kai chegou algumas vezes notar os olhares desconfiados que lançavam quando passava com Soobin — esse que o ajudava a se locomover pela casa quando o visitava.

Kai estava dividido entre o sentimento de ficar à vontade — como sempre ficou com ele — com Soobin sempre ao seu lado, e nos novos sentimentos que pensou ser apenas passageiros. Mas se enganou, aquele dia no seu quarto foi apenas o começo, e desde então, eles começaram a estar sempre presentes quando o mais velho estava consigo.

Mãos suando, nervosismo, coração acelerado, gagueira... Tinha todos esses sintomas que já procurou pela internet e admitia ter ficado com medo do resultado. Não gostava nem de pensar, só queria acreditar que a internet realmente não era confiável, e ele não devia se desesperar por tudo que pesquisou indicar que estava apaixonado por seu melhor amigo.

Que loucura, ele, apaixonado por Soobin? Impossível!

— Filho? — ouviu seu pai o chamar, enquanto abria a porta de seu quarto.

— Oi! — disse olhando a sacola que ele tinha na mão.

— Consegui, tem tudo que você pediu. — disse abrindo um pouco a sacola para conferir e Kai se levantou da cadeira da escrivaninha, pronto pra pegar a sacola, mas seu pai à afastou. — Calma lá rapazinho.

— O que foi? — perguntou impaciente.

— O que combinamos? — perguntou e Kai bufou frustrado.

— Que só vou poder comer doces no outro mês. — disse a contra gosto.

Summer Vacation - SookaiOnde histórias criam vida. Descubra agora