Não feche os olhos para si mesmo

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Um longo suspiro foi dado parecendo desobstruir todos os canais por onde o ar circulava em seu corpo. Permaneceu de olhos fechados, tentando aos poucos se situar do que acontecia ao seu redor.

Sua audição foi captando som de vozes, eram conversas calmas e baixas. Também podia ouvir som de bipes, como se fosse algum tipo de máquina. Percebendo que tinha algo estranho, franziu o cenho e semicerrou os olhos se dando conta que estava muito claro, quase não conseguia abrir os olhos.

— Kai. — pôde ouvir a voz de sua mãe.

Virou a cabeça para o lado seguindo a direção da voz e aos poucos conseguiu abrir mais os olhos, mas ainda sentindo-se incomodado com a claridade.

— Filho, sou eu, sua mãe. — continuou e Kai a sentiu acariciando seu rosto.

Sua visão desfocada avistou o rosto dela muito perto do seu, e Kai quis se afastar, confuso. Porém, aos poucos, sua visão melhorou e piscou algumas vezes, agora podendo ver o rosto dela nitidamente.

Mãe. Entreabriu os lábios para falar, mas sua língua parecia estar colada ao céu de sua boca e seus lábios estavam ressecados. Kai moveu sua língua dentro da boca e passou a mesma pelos lábios, tentando melhorar a situação.

— Querido, eu estava tão preocupada. — disse ela, não deixando por um minuto de acariciar seu rosto. — Que bom que acordou. — sorriu, mesmo que seu rosto estivesse preocupado e seus olhos suspeitos de terem chorado.

Na sala que estava, tinha mais camas, além de pessoas deitadas nelas, enquanto outras estavam sentadas ao lado como acompanhantes. Kai viu homens e mulheres indo de cama em cama, vestidos com jaleco branco e segurando pranchetas.

Espera... Estava em um hospital? Por quê? O que tinha acontecido? Olhava de um lado para o outro, confuso, enquanto sua respiração se tornava acelerada.

— Mãe... — disse com a voz rouca. — P-por que... Estou em um hospital? — quis saber olhando para a mulher sentada ao seu lado.

— Ah meu querido... — disse ela passando a mão por seu braço o fazendo perceber que não estava com suas roupas e sim, com uma daquelas camisolas de hospital. — Você passou mal e desmaiou. Então trouxemos você pra cá.

Kai franziu o cenho tentando se lembrar, mas sua mente estava muito lenta, sentia-se cansado também. Desceu seus olhos por seu braço esquerdo e percebeu que na altura de seu dedo anelar tinha um curativo. Era uma fita branca e segurava o fino tubo que parecia levar algo para suas veias. O garoto inclinou um pouco a cabeça pra trás e viu a bolsa com um líquido amarelo pendurada em um suporte.

Kai ficou com medo do que era aquilo. Por que estava conectado a ele? O que era aquele líquido? Sua mão estava dormente, não conseguia mexer seus dedos direito.

— Não... — disse movendo a outra mão para tentar puxar a fita. — Tira isso. — mandou, mas sua mãe impediu, enquanto segurava sua mão.

— Não filho, é para o seu bem. Você vai se sentir mais forte. — explicou e Kai fechou os olhos, negando com a cabeça.

— Eu quero ir embora! — disse começando a chorar.

— Não se preocupe, logo vamos pra casa, mas você precisa descansar, sim? — disse ela como se estivesse falando com uma criança. — Agora dorme, eu não vou sair do seu lado.

Ela sorriu gentilmente e segurou sua mão de leve. Pareceu que as palavras dela tiveram poder sobre si, pois de repente, sentiu tanto sono que mal conseguia manter seus olhos abertos, mesmo que tentasse.

Antes de se entregar completamente ao mundo dos sonhos, viu no relógio acima da porta marcar duas da manhã.


Summer Vacation - SookaiOnde histórias criam vida. Descubra agora