Gincana - Parte 3

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Pov: Jay

Olhei para o relógio e ainda eram cinco e meia da manhã. Era sábado, o que queria dizer que não teríamos aulas, mas teríamos algo mais importante: a final da gincana. Aceitei que não conseguiria mais dormir e levantei de vez. O Carlos dormia em um sono pesado e seu cachorro estava deitado em seus pés. Ficava imaginando se não atrapalhava no sono de alguma forma.

Tomei um banho rápido, toquei de roupa e resolvi sair de uma vez. Os corredores estavam vazios, coisa que raramente acontecia. A brisa fria dominava o local, e o sol aparecia lentamente no horizonte. Cheguei no refeitório e ainda estava fechado, mas pude ver pessoas trabalhando do lado de dentro. Uma mulher veio até mim e disse que só abriria as seis, que eu voltasse mais tarde.

Saí dali e fui ver se a Mal já havia acordado e se estava melhor. Chegando lá, a enfermeira disse que ela estava bem, mas que ainda dormia. Perguntei se poderia esperar a garota acordar lá e a mulher deu de ombros. Entrei no quarto e sentei na poltrona azul que ficava ao lado da maca.

Estava nervoso, mal podia acreditar que a gincana estava tão próxima do fim. Na última prova montamos uma estratégia juntos, pois segundo a Loonie aquilo era o melhor a se fazer, e até que deu certo apesar de termos empatado por tão pouco. Pelo menos não nos custou eliminação, o que me deixava mais tranquilo.

Sei que andava meio estressado ultimamente por causa disso, mas queria mesmo ganhar. Era importante pra mim, mas ninguém parecia entender já que aparentemente não ligavam muito. Ser competitivo faz parte de mim, meu pai sempre me ensinara participar de jogos diversos, mas a diferença é que na ilha, ganhava o melhor, sem trabalho em equipe ou algo do tipo. Ganhei vários jogos e competições na ilha, e meu pai separou um cantinho da casa para colocar minhas medalhas e troféus.

Gostava disso, pois a vitória me trazia a atenção e o orgulho de meu pai, talvez fosse o que mantivesse uma boa relação entre a gente, mesmo que fossem poucas. Ele me apoiava e era importante pra mim. Podia não ser o melhor pai, mas com certeza se esforçava pra isso, além do mais, era a minha família, e o amava apesar de tudo.

- Tem muito tempo que está aqui? – A Mal perguntou com a voz rouca enquanto espreguiçava.

- Não muito. – Respondi assim que voltei para a realidade.

- Vai dar seis da manhã, você caiu da cama ou o quê? – Perguntou rindo.

- Quase não dormi na verdade – Falei a olhando.

- Entendo, também não dormi muito bem. Mas tem algum motivo específico?

- Gincana, e você?

- O bendito plano. Acho que vou ter dores de cabeça com isso futuramente.

Algo que eu me identificava muito com a Mal eram nossos valores serem tão parecidos. Ambos queríamos agradar nossos pais, mas nem sempre era tão fácil, na verdade era cansativo na maior parte do tempo. Talvez só tivéssemos medo do que eles fariam com a gente se não fôssemos os melhores.

- Sabe que não tem que fazer tudo sozinha, Mal. Podemos fazer uma reunião hoje sobre pra que possa ficar mais tranquila, se quiser.

- Por favor! – Ela respirou fundo – Acho que preciso mesmo disso, até porque sei algo que vai poder nos ajudar.

- Jura? O que? – Perguntei interessado. Ficava chocado de como aquela garota era uma verdadeira caixinha de surpresas.

- A prova de hoje é uma caça ao tesouro, e é a chance perfeita de aplicar o plano sem ninguém notar.

- O que?? – Arregalei os olhos em choque – Como? – Perguntei sem entender.

- O Ben me disse ontem – Ela explicou.

Descendentes - A História De Amor Nunca ContadaOnde histórias criam vida. Descubra agora