Esperança

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POV: Evie

- Evie? Bebe um pouco de chá, fiz pra você. – O Jay falou sentado na ponta da minha cama. – Vai te fazer bem.

Me sentei sentindo uma dor de cabeça insuportável por ter passado a madrugada inteira chorando. Estava enjoada, e a dor da culpa pesava sob minhas costas como se fosse um prédio de doze andares. Ela o matou por minha causa. E eu não conseguia aceitar.

A Mal colocou a mão em meu rosto, para ver se eu não estava com febre ou algo do tipo. Peguei a xícara da mão do Jay e agradeci balançando a cabeça. Era de camomila. Não tinha tanta certeza de que me acalmaria levando em conta as circunstâncias, mas tomei mesmo assim. Não conseguia parar de lembrar daquela cena. Ela parecia feliz, mesmo vendo minha dor.

"É tudo culpa minha. Ela tinha me alertado que isso aconteceria caso acontecesse de novo.", pensei. Tinha vontade de vomitar todas as vezes em que lembrava que todos os momentos bons que tive com ele, e que nunca mais aconteceriam.

- E? – A Mal chamou enquanto fazia uma trança em meu cabelo – Eu sei que dói... – Ela respirou fundo – É insuportável, na verdade – Sua voz estava trêmula. Olhei para ela e vi lágrimas brotarem em seu rosto. Ela as limpou rapidamente enquanto parecia pensar nas palavras certas. O Jay se levantou e se debruçou sob a janela, como se estivesse pensando em algo. – Podemos... Olha, acho que devemos nos despedir assim que a poeira abaixar.

- É... acho que sim. – Aquelas palavras saíram ardendo e quase sem som.

- Calem a boca! – O Jay falou dando um murro na parede – Com todo respeito, mas não temos certeza se de fato ele morreu. Sei o que sua mãe te disse na ilha, Evie – Ele falou se aproximando – Mas por favor, tenha o mínimo de esperança. Eu preciso que tenha porquê... preciso ter também. E vocês duas não estão ajudando.

- Tem razão. – Falei antes da Mal contradizer. – Não temos provas.

- Exatamente. Acho que se ela tivesse feito, teria te mostrado. – Ele falou meio incerto, mas sabia que ele estava acreditando naquilo, e naquele minuto me dei conta de que talvez fosse o melhor a se fazer.

- Ela iria querer me mostrar, acho. – Repeti pensativa enquanto uma luzinha de esperança se acendia dentro de mim – Tem razão, Jay – Falei me levantando e limpando minhas lágrimas – Quer dizer, nem sabemos o que de fato aconteceu... Estou acreditando no que ela quer que eu acredite.

- Exatamente! – Ele disse aliviado.

- Alguma ideia do que pode ter acontecido? – A Mal perguntou se levantando.

- Envenenamento? – O Jay deu um palpite – Aprisionamento?

- Onde? – A garota olhou pra ele.

- Bom, aí eu não faço ideia. – Respondeu desanimado - Evie?

- Também não sei. Mas ela estava com o cajado da sua mãe Mal, então pode ter levado ele pra qualquer lugar.

- Bom, isso vai ser mais difícil do que eu esperava – A Mal falou rodando de um lado pro outro – Mas quanto mais rápido pensarmos, e acharmos ele, mais tempo ele deve ter.

- Não quero que ele sofra por mais nenhum segundo por causa dela. Nem pela minha. – Falei apoiando meu rosto em minhas mãos.

- Não é culpa sua amar ele. – A Mal colocou uma mão em meu ombro.

- Não merece fazer o que ela quer, Evie. Você não é um fantoche. É uma pessoa, que tem sentimentos, vontades e esperança. Nós vamos achar ele, ok? – O Jay falou olhando em meus olhos e apertando minha mão.

Descendentes - A História De Amor Nunca ContadaOnde histórias criam vida. Descubra agora