O outro lado da história

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Eram sete e quinze, e eu já estava acordado para fazer o café da manhã de minha mãe. Iria aproveitar para fazer o meu e limpar a cozinha de uma vez. Estava imunda, já que ela decidiu cozinhar ontem e foi um completo desastre! E ainda por cima não ficou bom. Sei disso porque comi um pouco da comida que ela havia feito e estava horrível. Com toda certeza ela não nasceu para cozinhar. Tinha molho de tomate no chão e a pia estava um verdadeiro caos, só não arrumei ontem, antes de dormir, porque apesar de ter chegado tarde do jantar com a Evie, estava muito cansado, mas fiquei imaginando como ela havia feito àquela proeza.

Em falar em jantar, eu não parava de pensar na noite anterior. Ela estava extremamente linda, mais do que o normal. Com certeza eu não iria me esquecer daquela noite, ela tinha sido perfeita e nos divertimos muito! Ela estava certa em uma coisa: nada poderia superar aquela noite, e se superasse, seria bem difícil.

Enquanto me lembrava de cada detalhe, e desejava que pudéssemos voltar no tempo, fazia o café da minha mãe. Ela gostava do café bem forte, e com pouco açúcar, o que particularmente me fazia sentir arrepios, porque em minha opinião, não era tão bom, então eu sempre tomava com leite (quando tinha) ou com bastante açúcar. A verdade é que não sou muito fã de café. Para comer, fiz algumas panquecas, que era uma das coisas que ela mais gostava, e não vou negar que também adoro; e peguei a última banana, cortei e coloquei no prato dela.

Já estava arrumando tudo no suporte que eu sempre levava a comida para o quarto dela todas as manhãs, quando ela aparece na cozinha já arrumada, o que me surpreendeu bastante, já que ela nunca acordava tão cedo, muito menos estava pronta para ir para algum lugar. Apesar de tudo, temia que ela pudesse me reclamar, por não ter acordado mais cedo, blá, blá blá, ou pior, que ela tivesse me avisado no dia anterior que acordaria mais cedo e eu não lembrasse, mas para a minha surpresa, ela estava de bom humor naquela manhã, coisa que dificilmente acontecia. Ou era só uma impressão já que eu estava com muito sono.

- Bom dia! – ela fala me olhando – imaginei que teria terminado de fazer o café agora, afinal o cheiro está por toda casa. Eu nem ao menos sabia que iria sair tão cedo, por isso não avisei, e decidi não te acordar de madrugada, que foi quando eu soube.

Eu estava escutando direito? Fico muito aliviado por escutar aquilo, ela não tinha avisado nada, afinal significava que eu não levaria bronca.

- Hm, bom dia! – falo ainda meio confuso – aonde vai, tão cedo?

- Nenhum lugar especial na verdade. A Malévola me chamou para ir a casa dela hoje, às oito e meia, para um café, porque ela precisava conversar comigo e com outras pessoas, que eu não prestei atenção. Ela apareceu aqui bem cedo, na verdade, eram quatro da manhã e me entregou uma carta, que inclusive já li, mas não tenho opinião formada sobre o assunto.

- Bom, já que a senhora teve um convite para comer fora, porque vai comer aqui primeiro?

Ela me olha como se eu fosse uma criança muito ingênua, mas realmente queria entender a logica dela.

- Carlos, eu não sei se você sabe, mas a Malévola é mão de vaca. Não me admiro caso chegar lá e tiver literalmente só café, e nesse caso, eu ficaria com fome. Estou surpresa por não saber disso, já que é amigo da filha dela.

- Bom, eu nunca percebi isso... - ela me olha admirada – Mas... Bem... O que dizia a carta? – Falo sem jeito, mas com esperanças de obter alguma resposta, pois havia ficado bem curioso.

- Não é da sua conta. – Ela diz secamente e toma um pouco de café.

Fico quieto e tentando imaginar o que poderia ser. Porque a Malévola escreveria para ela? Ou então, o que era tão importante que eu não podia saber? Muitas coisas passavam pela minha cabeça naquele momento, mas cheguei à conclusão de que, ao menos que o assunto da carta fosse: "quem é o meu pai", provavelmente até o fim da tarde a ilha toda iria ficar sabendo, afinal as notícias voam aqui.

Descendentes - A História De Amor Nunca ContadaOnde histórias criam vida. Descubra agora