Crueldade

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"Por que...? Por que isso foi acontecer...?"— Era tudo o que passava na cabeça de Nezuko naquele momento.

Sua respiração estava pesada devido ao cansaço; lágrimas não paravam de escorrer de seus olhos; seu coração estava a mil e seu corpo inteiro doía muito, metade da razão era por que o frio era de doer os ossos.

E a outra metade era por que era difícil carregar seu irmão desacordado e ensanguentado nas costas.

"Não morra Tanjirou... Não morra! Eu vou te salvar não importa como!"— Ela gostaria de poder fazer aquele pedido em voz alta, mas precisava economizar seu fôlego para a longa caminhada— "Não vou deixar você morrer... A sua irmãzinha jura que vai te salvar! Custe o que custar!"

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Tanjirou colocou a cesta cheia de carvão em suas costas já desejando que aquele dia acabasse logo, seu corpo inteiro parecia implorar por um pouco de descanso e sua cabeça girava.

—Tanjirou!— Ao ouvir o chamado de sua mãe o garoto dos brincos de hanafuda fez o melhor para disfarçar o quão mal se sentia. Sua mãe já não gostava da ideia de ele sair naquele dia, imagine se descobrisse o quão mal ele se sentia no momento.

—Olha só o seu rosto meu filho, está todo sujo— A mulher então se ajoelhou no chão na frente do filho e começou a limpar a sujeira e suor de seu rosto, Tanjirou implorou internamente que seus dedos não encostassem em seu rosto por acidente— É perigoso andar por aí com toda essa neve, você não precisa ir.

—Mas eu quero que no ano novo todos possam comer até se empanturrar, eu vou vender o máximo de carvão que eu puder— A voz do primogênito Kamado soava em uma mistura de determinação, gentileza e cansaço. Kie abriu um sorriso.

—Muito obrigada— Mas imediatamente mudou sua expressão ao perceber que Tanjirou estava diferente— Você está bem meu filho?

—Ahm eu...— Tanjirou começou a suar ainda mais. Esperava que sua mãe não lhe fizesse aquela pergunta pois não conseguia mentir.

—Irmãozinho!— Para a alegria do Kamado mais velho, seus irmãos chegaram chamando a atenção de sua mãe— Você vai pra cidade de novo?

—Eu também quero ir!— Pediu Hanako. Atrás dos dois; Takeo esboçava uma mistura de surpresa e decepção.

—Nada disso— A mulher se levantou— Vocês não conseguem andar tão rápido quanto o Tanjirou.

—Mas mamãe!

—Já disse que não— Kie continuou firme— Como hoje não dá pra levar o carrinho de mão, ele não vai poder levar vocês quando se cansarem— Os dois mais novos ficaram decepcionados.

—Irmãozinho!— Shigeru abraçou o irmão mais velho o que o assustou um pouco, temia medo de ser descoberto por sua febre.

—Eu quero ir com você!— Hanako pediu novamente— Eu prometo que eu vou te ajudar!— Tanjirou quis muito acariciar o cabelo de sua irmã, mas não queria ser pego mentindo e muito menos passar sua doença para nenhum de seus irmãos, então limitou–se a um sorriso gentil.

—Muito obrigado, Hanako— A mais nova abriu um largo sorriso esperançoso— Mas hoje você vai ficar em casa.

—O que???— A pequena choramingou.

—Você também Shigeru— Disse se ajoelhando na frente do irmão, sentido um pequeno alívio por ter relaxado um pouco o corpo no processo— Pode deixar que eu vou comprar muitas coisas gostosas pra recompensar quando voltar.

—Verdade?— O mais novo abriu um largo sorriso.

—Sim— Foi o bastante para convencer Shigeru, que começou a sorrir— E Hanako— Virou–Se para a irmã— Eu vou ler pra você quando voltar, ok?

A promessa do solOnde histórias criam vida. Descubra agora