Meu próprio aço

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"Droga... Droga... Droga!"— Pensou o oni em seus últimos momentos— "O meu corpo todo tá sumindo! E eu não consigo parar!"

"Droga... Eu não acredito que a última coisa que eu vou ver na vida vai ser o rosto de um caçador de oni!"— Nezuko se virou para a cabeça decapitada do oni. Era estranho, havia acabado de passar muita raiva durante a batalha, mas agora não podia evitar de olha–lo com pena—"Mas como isso foi acontecer...?"

"Estou com tanto medo... Eu não quero ficar sozinho!"— A voz grossa e assustadora do demônio parecia ter sumido, dando lugar a de uma criança chorosa— "Cadê você irmãozinho? Segura minha mão por favor! Assim como você sempre fez!"

Nezuko deixou suas emoções a guiarem, foi caminhando até o corpo do demônio que ainda sumia.

"Por que? Por que eu fui devora–lo até a morte irmãozinho?"— E novamente a voz engrossou, apesar de não tanto como antes— "O que...? Mas quem é esse irmãozinho?"

"Que cheiro triste..."

Nezuko colocou as duas mãos sobre a única mão que ainda restava do oni, esta que por sua vez apertou de volta não de uma forma para machuca–la, mas como se quisesse segurar suas mãos.

A cabeça do oni começou a chorar.

"Meu Deus... Eu te peço... Da próxima vez que ele renascer... Não permita que ele se torne um oni..."

"Irmãozinho! Irmãozinho! Por favor! Segura minha mão vai!"

"Você não tem jeito mesmo. Continua sendo um medroso, né? Vamos..."

Quando o demônio finalmente despareceu por completo, Nezuko olhou para o céu admirando a lua acima de si.

—Sabito... Makomo... Digam aos outros que eu venci... Vocês podem descansar agora... Voltem pra casa no monte Sagiri... E pro senhor Urokodaki que tanto gostam...

—Se eu tivesse morrido... Eu também voltaria pra lá...

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A rotina de Nezuko durante aqueles dias foi um verdadeiro inferno. Constantemente era perseguida por demônios os quais sempre ignoravam a pergunta que fazia antes de mata–los. "Você sabe como fazer um oni se tornar um humano de novo?".

Mas eventualmente ela conseguiu.

Agora estava junto com os últimos sobreviventes na manhã do último dia, sua testa estava enfaixada e tinha vários machucados pelo corpo.

"Só 4 de nós? Mas estávamos em pelo menos 20! Meu Deus..."— Olhou ao redor, vendo que o espadachim que tinha salvado do demônio das mãos não estava lá—"Não o vejo... Ele... Não sobreviveu...? Droga... Se eu não tivesse desmaiado..."

—Eu vou morrer... Já era né...?— Nezuko olhou para o sobrevivente que estava em pior estado, não parecia exatamente muito mais machucado que os outro, mas sim aterrorizado— Mesmo que eu sobreviva eu acabar morrendo né...?— Não pôde deixar de sentir pena.

A Kamado resolveu prestar atenção no resto dos sobreviventes. Depois de avaliar o pobre garoto aterrorizado, viu outro que exalava uma áurea de "não me toque", Nezuko resolveu não mexer com ele.

Quem lhe chamou mais atenção mesmo foi a garota por várias razões. Primeiramente: ela era linda, era impossível não se encantar pela beleza dela. Segundamente: ela continuava linda. Mesmo que tenha passado 7 dias naquele inferno; ela estava totalmente intacta, nenhum machucado; nenhuma sujeirinha, sequer seu cabelo estava bagunçado.

"Uau... Mesmo depois de tudo o que nós passamos aqui ela continua tão elegante... Ela deve ser muito forte também..."— Nezuko não pode deixar de sentir uma forte admiração.

A promessa do solOnde histórias criam vida. Descubra agora