Atraído para você - KageHina

O Rei da Quadra.

Desde já agradeço pela sua atenção e peço, antecipadamente, desculpas por qualquer erro aqui cometido.

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                      /Quebra de tempo/
                      -Manhã seguinte-

  Quando acordou naquela manhã de domingo, Hinata sentia-se mais cansado do que nunca. O ruivo esfregou os olhos com calma e bocejou, sentando-se na cama e vendo Kageyama com um braço por cima de si enquanto dormia, e o menor não pôde evitar de sorrir com a cena. "Parece tão calmo e relaxado", Shouyou pensou levando a mão na direção dos cabelos escuros, mas parou ao perceber o que estava por fazer. "Não. Acho melhor eu tomar um banho e-", se deteve ao descer o olhar por seu corpo e notar que já estava completamente limpo e vestindo uma cueca, sem lembrar como tudo aconteceu. "Eu sei que nós transamos mais algumas vezes quando viemos para cá, mas não lembro mesmo de ter tomado banho nem nada", Hinata pensou buscando no fundo de sua memória, mas nada lhe veio à mente, chegando a óbvia conclusão de que Tobio quem havia lhe banhado e lavado. "Que vergonha", balbuciou mentalmente e tratou de levantar da cama com cuidado para não acordar o maior.
  Então o ruivo calçou as pantufas que estavam ao pé da cama e decidiu ir ao "seu quarto" colocar algo mais de roupa.

  -Eu sabia que não ia usar esse quarto. -Hinata resmungou mexendo na mala que Tobio havia deixado sobre a cama e pegou uma calça moletom e uma camisa de mangas compridas, pois o dia estava mais frio.

  E logo que vestido, Shouyou saiu do quarto e foi na direção do banheiro, pois queria escovar os dentes e urinar. Entretanto, ao abrir a porta que julgava ser o cômodo desejado, Hinata deu de cara com uma sala com alguns retratos, alguns cortes de jornal, algumas medalhas e uma bola de vôlei, tudo isso sobre uma grande estante de madeira, sendo esta o único móvel do local. A curiosidade falou mais alto ali e o ruivo adentrou o cômodo, deixando a porta meio aberta ao passar, caminhando na direção da estante e analisando os objetos ali.

  -"Kageyama Tobio... Melhor setter da secundária..." -Leu meio duvidoso ao pegar uma medalha. -Kitagawa Daiichi? -Indagou-se surpreso e rolou os olhos para os recortes de jornal, lendo rapidamente as matérias ali. -"Levantador prodígio assume cargo do falecido avô". "Uma promesa do vôlei se torna o novo líder da família Kageyama". "O Rei da Quadra deixa o vôlei e sobe ao trono como o novo líder Yakuza após morte do avô". -Hinata murmurou lendo os títulos dos artigos e finalmente lembrou onde havia escutado o nome "Kageyama Tobio". -Ele era o... levantador que todos falavam. -Balbuciou com o olhar surpreendido e ouviu um barulho na porta, virando-se supreso naquela direção e vendo Kageyama de braços cruzados. -A-ah, eu não queria bisbilhotar, é só que errei a porta do banheiro!
  -Não é nada que você não soubesse. -Disse simples e se aproximou, ajeitando as medalhas e recortes de jornal no lugar. -Isso é apenas um lembrete da escolha que eu fiz, não precisa se preocupar se vou ficar irritado por isso. -Falou com a mesma calma e Hinata notou uma certa solidão no olhar do maior.
  -Eu sabia que já tinha escutado seu nome, só não lembrava onde. Você era... o Rei. -Comentou impressionado e Tobio sentiu um certo amargo na boca.
  -Não! Rei... Eu odeio esse apelido. -Quase rosnou apertando as mãos sobre a estante e respirou fundo antes de voltar a falar. -Não me chame assim.
  -Por que não? Rei da Quadra é um apelido incrível! Eu nunca tive um apelido legal quando jogava e acho que esse é muito bo-
  -Já disse que eu odeio ser chamado assim! -Bravejou virando-se para o ruivo e o mesmo retrocedeu um passo. -Desculpa, eu não queria gritar. É só que... esse apelido não é o que parece. -Falou tentando se acalmar um pouco, pois esses sentimentos conflitantes e incômodos sempre vinham de repente quando lembrava daquele tempo ou quando entrava naquela sala. -Podemos falar sobre isso depois do café? Garanto que você está com tanta fome quanto eu. -Sugeriu para tentar suavizar o clima ali e o menor apenas concordou com a cabeça, então ambos logo saíram da sala.

  Hinata finalmente foi ao banheiro e fez sua higiene pessoal matinal -utilizando uma escova de dentes que ainda estava na embalagem sobre a pia-, para logo ir para a cozinha, onde encontrou Kageyama preparando o café da manhã -ovos mexidos com bacon, suco de laranja natural, cereal, pão, leite, café ou o que quer que o ruivo quisesse tomar- e sentou-se à mesa, servindo o suco em um copo.
  Assim que terminou os ovos e bacon, Tobio serviu uma porção para Hinata e outra para si, entregando também um comprimido para o menor, dizendo se tratar de remédio para dor, e o mesmo agradeceu. O moreno encarou seriamente o ruivo à sua frente e bebeu um gole de seu café com leite, resolvendo esperar até que Shouyou terminasse, no mínimo, de comer antes de falar qualquer coisa, pois, apesar de não ser algo tão sério quanto o que Hinata lhe havia dito no dia anterior, também não era uma história legal de se contar, e, pelo menos para si, era mesmo algo importante.
  Então, assim que ambos terminaram de comer, com um silêncio um pouco desconfortável, Hinata disse que lavaria a louça do café da manhã, mas Kageyama apenas falou para o menor deixá-la ali, pois lavaria depois, só que o ruivo apenas o ignorou e acabou lavando tudo mesmo assim.

  -Já terminou? -Tobio indagou ao ver o ruivo sentar no sofá, afastado de si.
  -É meio óbvio. -Comentou com certa aspereza e o moreno estreitou o olhar.
  -Olha, eu realmente não queria ter gritado. Desculpa. -Pediu espremendo a ponte dos olhos com os dedos indicador e polegar. -Não gosto do que aquele apelido significa. -Falou recompondo-se e mirou o ruivo nos olhos. -Meus colegas de time me deram aquele apelido, mas não porque eu era bom ou um "prodígio". Eles me chamaram assim porque eu era tirano, ditador e cruel. Eu não aceitava menos do que a perfeição e me enraivecia quando alguém errava ou quando eles simplesmente achavam que a partida já estava ganha. E eu realmente era tudo isso; tirano, cruel e ditador. -Disse calmamente como se fosse apenas uma história qualquer, mas Hinata podia ver a amargura e tristeza nos olhos azuis que foram desviados para o tapete. -Só que um dia eles cansaram de mim e da minha tirania. No meio de uma partida, quando todos já estavam cansados, eu fiz um levantamento para trás de mim, mas a bola não foi cortada, porque não tinha ninguém ali. Ninguém se moveu. Não tinha ninguém atrás de mim. -Falou apertando uma mão na outra e Shouyou sentiu o estômago gelar com aquele relato que parecia ser um grande fardo e grande dor para o moreno. -Depois disso, inevitavelmente, acabei saindo do vôlei e terminei meus estudos em casa, porque a saúde do meu avô piorava a cada dia e eu era o único que podia assumir o lugar, porque não queria que a Miwa fosse arrastada para isso. Queria que ela continuasse com a vida normal e alheia a tudo isso. -Kageyama disse, por fim, olhando para o menor e tentou forçar um sorriso, que pareceu algo doloroso aos olhos de Hinata.
  -Mas você mudou, não mudou? Quer dizer... Você ainda faz tudo do jeito que quer e praticamente obriga os outros a fazer o que você quer, mas também é gentil. Você se preocupa com os outros e posso ver isso! -Disse com o olhar firme e se aproximou um pouco no sofá. -Você não está mais sozinho. Tenho certeza que os integrantes do seu clã também pensam isso. Eles estão lá por você independente do que aconteça, não é? E se você fosse tão ruim e tirano assim, eles com certeza não ficariam do seu lado! -Falou um pouco mais calorosamente e Tobio sentiu algo em seu peito ficar mais suave. -E daí que o apelido de "Rei da Quadra" não era o que você queria? Quem liga para isso? O que importa é quem você é hoje. Eu não te conheci antes para dizer como era ou não, então só posso dizer isso tudo baseado no que eu sei e no que posso supor, e tenho certeza que você amadureceu desde aquela vez e que não é o mesmo de antes! -Afirmou com a maior convicção do mundo e o olhar sério sobre o moreno, causando um arrepio em todo o corpo alheio.
  -Você... -Kageyama murmurou e acabou rindo um pouco, sentindo como se um peso fosse tirado de cima de si. -Você sabe mesmo o que dizer! -Exclamou rindo mais ainda e Hinata inflou as bochechas, pensando que o maior estava debochando de si.
  -Não ria de mim! Estou falando sério!
  -Não, não é isso. -Balbuciou em meio às risadas e logo parou um pouco, encarando o menor diretamente nos olhos. -É só que... Você é incrível, Shouyou. -Disse ao se inclinar no sofá e segurou o rosto alheio com a mão direita. -Obrigado. -Sussurrou rente os lábios do ruivo e logo os selou em um beijo calmo, sentindo-se aliviado por alguém ter finalmente dito as palavras que precisava ouvir e o libertado daquele peso.

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Novamente agradeço pela sua atenção e peço desculpas por qualquer erro aqui cometido.