10- (Não) Preciso de você agora

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Boa Leitura!

Michael entrou correndo em casa e se quer ligou para os berros de seus pais. Não se importava com o que eles pensariam pela falta de roupa. Estava atordoado demais para tentar se explicar. O que diria? Nem ao menos conseguia pensar agora!

Entrou no banho respirando pesadamente; flashs descontínuos das histórias malucas de Luke invadiam sua mente sem permissão. A bronca de Ashton, os olhos azuis quando acordou, a marca roxa na bunda e na cintura do garoto...

-Porra - murmurou esfregando seu rosto com força, machucando sua pele no desespero - Não faz sentido. Não faz sentido nenhum.

Quando terminou o banho, estava rindo de sua idiotice. Continuava bravo com os três, mas realmente caiu na armadilha. Deus, eles se esforçaram tanto e realmente conseguiram enganá-lo.

Trocou-se e ajeitou os fios platinados ainda rindo de suas reações exageradas. Resolveu ir até os Hemmings para que finalmente todos rissem juntos e pudesse dizer a Lucy para não fazer mais isso.

O problema foi quando entrou no carro e deu partida. Quanto mais perto da casa, mais inquieto e nervoso ficava. Seus pensamentos voltavam a criar ligações estranhas e uma parte sua - mesmo que mínima - já estava em pânico por acreditar nessa loucura toda.

Estacionou sem pressa e, numa velocidade praticamente inexistente, aproximou-se da porta.

-Michael, não achei que te veria tão cedo - Liz acusou com os olhos arregalados, mas não estava sendo rude, apenas verdadeiramente surpresa.

-C-como assim? - riu preocupado - Cadê a Lucy, tia?

-Querido, - murmurou saindo e fechando a porta atrás de si - Sinto muito.

Michael olhava-a intensamente esperando que diferente dos outros, ela não aguentasse continuar com essa palhaçada, mas quanto mais analisava-a, mais enxergava a mesma fragilidade e dor que viu nos olhos azuis de Luke. Sem perceber deixou um gemido de dor e surpresa escapar e fez uma careta, passando suas mãos pelos fios descoloridos ainda úmidos.

-Como isso é possível, Liz? Você é adulta, certo? Não continuaria uma brincadeira que claramente está me deixando mal.

-Não faria isso. E bateria em quem o fizesse, querido.

-A Lucy... O L-luke, sei lá... E-eu... Nós, eu e você, podemos conversar?

-Espere aqui fora, vou pegar minha bolsa.

Liz não teve dificuldade nenhuma para sair de casa sem ser vista; já que seu filho e marido estavam trancados no quarto desde que chegaram de Ashton. Michael a levou até um café de bairro. Sentaram-se numa mesa de canto e passaram horas conversando.

Ouviu atentamente cada detalhe, cada dificuldade e cada explicação. A senhora tamborilava os dedos no copo e de vez em quando suspirava. Seus olhos enchiam-se de lágrimas quando contava o sofrimento do filho, mas também se inundavam de felicidade quando descrevia as reações do mesmo após conhecer devidamente e começar a sair com Michael.

O platinado sentia-se cada vez mais impotente e frustrado diante de tantas informações que mudavam simplesmente tudo. Seus olhos foram caindo cada vez mais, seus pequenos sorrisos de compreensão deixaram de existir e, até o final da história, sustentava uma carranca e agia como alguém inconformado.

A levou para casa e a acompanhou até aporta, mas a doce senhora o impediu de partir tão rápido; lembrando-o automaticamente de quando Luke o impediu de ir embora do quarto sem acreditar em suas palavras.

-O que foi, Liz?

-O Luke nunca quis te machucar, Michael. Nenhum de nós quis - não sabia o que passava na cabeça do garoto, mas conseguia vê-lo inquieto e sério demais; isso a deixava desesperada - Querido, eu sei que deveríamos ter contado bem antes e que sinceridade é algo import-

-Ele realmente achou que eu faria isso? - a calou num tom alto demais, chamando atenção de duas pessoas bem específicas.

Dentro da casa, Luke e Andrew abaixaram o som da televisão e se entreolharam surpresos, reconhecendo a voz de Michael. O loirinho praticamente voou do colo do pai para a porta, tentando escutar melhor. O senhor atento, pronto para fazer o que quer que fosse preciso.

-Michael, do que vo-

-Sabe, eu sei que eu devia 'tá preocupado com essa merda de magia ou com o fato da minha namorada ter virado... Ser, sei lá! Eu tenho tanta merda para pensar, Liz, mas tem uma maldita coisa que me deixou muito pior.

Andrew se levantou e parou de frente para Luke, seus olhos se encontraram. Os do mais velhos mostravam proteção e ansiedade... Os do mais novo desespero, curiosidade e aflição, assim como todo seu corpo e coração.

-O que?

-Ashton, Liz. Ele... Droga, ele realmente pensou que eu bateria no Luke? - questionou revoltado, vendo-a ficar confusa - É, ele entrou naquela porcaria de quarto e me disse para não encostar nele.Tudo bem que é uma história e tanto, mas ele realmente!...Arg - quanto mais falava, mais se lembrava da história. Um Luke acuado surgindo em sua mente - E o pior! Seu filho também! Quando eu!... Quando eu fui ver se ele tinha as marcas, as marcas que ela tinha... Agora eu lembro, ele também ficou tão... Tão...

Silêncio. Para os dois fora da casa, compreensão e tristeza preenchendo o vazio.

-Tão o que Michael?

-Eu jamais faria mal pra ele, Liz.

Andrew sorriu para o filho, que deixou algumas lágrimas escaparem e também se permitiu mostrar os dentes, ofegante por ter prendido a respiração tanto tempo.

-Quer vê-lo? Falar com ele?

Luke se esticou para pegar a chave de cima da mesa de jantar, pronto para abrir a porta.

-Não.

-Não?

-Não... Não agora pelo menos.

-Michael, eu tenho certeza que ele não pensou que você o agrediria, ele só estava com medo de ser rejeitado, queri-

-Se ele pensou ou não, não importa agora. Eu preciso colocar a cabeça no lugar. Entender essa coisa toda de Luke e Lucy... Eu sei que ele não fez de propósito, mas eu 'tô uma bagunça e ficar perto dele não vai melhorar em nada.

-Certo, eu entendo. Bom... Não tenho direito, mas vou pedir para que seja cuidadoso quando chegar a hora de conversarem. A-acha que... Vocês poderiam...

-Ele é um garoto. - foi a resposta que recebeu.

Quando Liz entrou em casa, a sala estava completamente vazia. Resolveu fazer um lanche gostoso para seu marido e filho... Afinal, eles deveriam estar trancados no quarto ainda.

Can You Love Me Again? [muke]Onde histórias criam vida. Descubra agora