21- Para sempre?

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Michael não se encontrava mais em casa quando Luke despertou, o que lhe deixou receoso. Ainda estava chateado com toda a conversa sobre o futuro. Precisavam conversar para que tivesse certeza de que estavam no mesmo ponto desse relacionamento. As coisas pareciam ainda mais complicadas agora que a cidade toda sabia que tinham algo.

— Bom dia – Luke beijou o rosto da mãe antes de se sentar à mesa – Onde o Mike tá?

— Bom dia, querido – desejou bebericando o café quente – Ele saiu dizendo que tinha algumas coisas para resolver. Por mim ele ficava preso aqui, mas seu pai deixou, então...

— Preso aqui... – murmurou ainda mais triste, lembrando-se que o outro sentiria na pele tudo que costumava sentir antes de toda a transformação ocorrer.

Seu desejo de ser amado e ter uma vida melhor não serviu para nada além de arrastar o ruivo para a mesma situação de merda em que vivia.

Nem percebeu quando começou a chorar. De repente tinha os braços de sua mãe em volta de sua cabeça e palavras doces sussurradas contra seu rosto molhado.

— Vai ficar tudo bem, amor. Não se preocupe tanto.

Michael, por outro lado, estava mais firme do que nunca. Se encontrava no meio de seu quarto, fazendo as malas enquanto sua mãe lhe socava as costas sem força para machuca-lo. Quando não suportou mais aquilo, virou segurando-lhe os pulsos.

— Eu te odeio tanto! Por que você tá aqui? – berrava.

— Já disse, 'tô só pegando algumas roupas e vou embora.

— Eu disse que devíamos trocar as fechaduras! Nós pagamos por essas roupas, elas são minhas e do seu pai, moleque!

— Mãe! – berrou de volta, sua voz grossa fazendo a mulher travar. Continuou murmurando próximo a sua face – Eu já entendi que vocês tão putos, já entendi que sou uma decepção; mas eu sei que você ainda se preocupa. Então por que não me ajuda uma última vez e me deixa levar só algumas coisas? Você sabe tanto quanto eu que o pai não vai dar falta de nada que eu levar.

Karen se soltou aproveitando que o filho afrouxou o aperto e saiu do quarto resmungando. Com um suspiro pesado, Michael continuou o que fazia. Dez minutos mais tarde, quando desceu as escadas, se surpreendeu por encontra-la sentada perto da porta de entrada, o rosto abatido estava pacífico.

— Eu não avisei seu pai que você veio. Agora vai embora.

Arriscando o bom senso que atingiu a senhora, o ruivo se abaixou dando-lhe um beijo na testa:

— Eu te amo – confessou, não se importando em ficar para descobrir o que aconteceria.

Teve a impressão de ter visto o carro do seu pai enquanto caminhava até uma farmácia local, mas não ousou olhar duas vezes. Fez o que tinha que fazer e foi para a casa dos Hemmings. Nada de ruim lhe aconteceu no caminho. Na sua mente, decidiu que era mesmo seu pai, e essa foi a despedida final. Era bom pensar que terminou seus laços sendo poupado por ambos, não?

— Você foi até sua casa sozinho? – Liz gritava chocada – Michael Clifford! Se você vive sobre esse teto tem que nos obedecer! O que deu na sua cabeça? Você se machucou? O que seus pais falaram? Eles relaram a mão em você?

— Liz, eu juro que tô bem! Calma – pediu divertido, os tapas ardidos em seu braço só o faziam rir ainda mais – 'Tá tudo bem! Deu tudo certo!

— E se não desse? E se seu pai tivesse te batido? Meu Deus, eu vou matar o Andrew por ter te liberado!

O ruivo ria como uma criança que fez arte e, assim como uma, procurou pelos olhos de Luke como quem pede aprovação. O loiro sorria divertido até notar o namorado o encarando, então uma vermelhidão pintou suas bochechas e o sorriso quase sumiu de sua face.

— Luke, leva a mala dele pro seu quarto, eu vou ter uma conversinha com essa peste!

Sem graça, ele passou o peso de uma mala para as mãos delicadas do outro. O observou subir as escadas preocupado, torcendo para que ele não abrisse seus pertences em curiosidade.

Durante o dia Luke percebeu que Michael parecia desconfortável e pensativo, o que só lhe deu mais motivos para acreditar que não dariam certo a longo prazo. Sim, o ruivo tinha enfrentado sua família de novo para estar ali, com eles; mas isso não significava que ele estava tão certo quanto a Luke quanto estava de sua opção sexual ou futuro como profissional.

Com toda essa situação, os dois mantiveram-se pisando em ovos nas horas que se seguiram. Depois do jantar, que passou razoavelmente tranquilo, os Hemmings foram dormir. Luke e Michael assistiram um pouco de televisão antes de subirem para fazer o mesmo.

Sentado na cama, o loiro pensava no que iria dizer ao namorado quando este saísse do banho. Não estava pronto para ter essa conversa, mas sabia que não podia adia-la. Esperou ansiosamente que ele terminasse de usar o banheiro, ficando nervoso pelo outro demorar mais do que de costume. Já estava perdido em pensamento quando ouviu a porta ser aberta.

— Michael, nós!...

Suas palavras morreram ali mesmo. Não só pelo nervosismo de ter chegado o momento, mas também por que – diferente dos outros dias – ele saiu com apenas uma toalha em volta da cintura. As bochechas de ambos coradas. Michael não apenas agia diferente como estava diferente. Ele tinha os cabelos úmidos bagunçado e parecia cansado.

Os olhos azuis seguiram pelo seu corpo atlético, passaram do rosto para a cintura e então... Ele estava excitado? Era nítido mesmo com a grossa toalha. Não teve muito tempo para pensar, quando viu, o ruivo já andava em sua direção e lhe tomava o rosto entre os dedos pequenos, sentando em seu colo e lhe atacando os lábios.

A toalha caiu.


Can You Love Me Again? [muke]Onde histórias criam vida. Descubra agora