Itaewon

535 99 42
                                    

Resolvo conversar com Jin, então subo e bato na porta do quarto, que o vi entrando mais cedo.

Eu nunca fui de esconder o que sinto, minha sinceridade e honestidade sempre me levaram a tomar as melhores decisões. Esconder as coisas não ajudam, principalmente quando se trata de sentimento. Eu vou ficar apenas 15 dias aqui e sei que não vou ver jin sempre, apesar de estarem de férias. Os meninos do grupo não vivem juntos todo tempo e eu estou na casa de sorriso bonito, já que não quis atrapalhar yoongi e morena em sua segunda lua de mel — apesar de ser apenas um final de semana em Paris. APENAS. Estou sendo irônica.

Quando os dois chegarem não quero tá no apartamento segurando vela.

Bato na porta e um arrependimento começa a tomar conta, afinal Jin está dormindo e eu to aqui nervosa.

Quando vou bater uma segunda vez, o coreano aparece usando um pijama do RJ. Percebo que seus olhos ficam arregalados de surpresa, eu dou um sorriso tímido.

— Você errou de quarto? — me pergunta enquanto mexe no cabelo.

— Não... eu queria conversar, eu sei que você não parece querer ficar perto de mim e isso me deixa triste. Há um ano atrás, nós conversamos tanto e eu queria isso de novo. Mas não vou forçar se você não quiser eu vou para o meu quarto... — falo e Jin me olha, mas não expressa emoção, mas abre a porta e sai dando espaço para eu entrar.

— Entra Maria. — eu entro e quando olho para cama, imagens minhas com Jin da noite que ficamos juntos, surgem e eu sinto um frio na barriga.  Me sento em uma poltrona próxima à janela. É inverno e talvez hoje neve. — o que você quer falar? — Jin me pergunta sentado na cama.

— Eu vou falar a verdade... eu me apaixonei por você há um ano atrás e eu me arrependo por ter ido embora sem falar isso, sem confessar meus sentimentos. Eu sei que pode ser tarde demais, eu sei que talvez um relacionamento entre nós dois nunca dê certo e que talvez você não sinta o mesmo... mas eu precisava falar a verdade. — falo tudo e Jin me olha aparentemente com raiva, nunca vi Jin com raiva. Fico nervosa e balanço as pernas.

— Você nunca me falou nada, pior você simplesmente deduziu que eu não queria nada sério. Mas você tá certa. É tarde demais, eu fui apaixonado por você Maria, eu queria de verdade conseguir manter um relacionamento amigável, mas não consigo. Talvez um dia, mas não agora. Desculpa.

lágrimas começam a surgir nos meus olhos, que ardem enquanto tento impedir que eu chore na frente do Jin. A humilhação seria pior.

— Obrigada por ser sincero. Não vou mais procurar você. — falo e dou um sorriso, meus lábios tremem. O choro tá chegando e eu me levanto, saindo em direção ao meu quarto.

...
Evitei Jin durante dois dias, tarefa fácil porque Jin também me evitava. Eu saí da casa de Namjoon e fui para um hotel, expliquei a situação para sorriso bonito, que entendeu.

Ainda acho que você e Jin deveriam ficar juntos. — a mulher de Namjoon falou enquanto eu entrava no carro, o motorista me levou para o hotel.

...

O fim de semana passou rápido, fui às compras, mas não achei nada que servisse em mim. Os tamanhos de roupas na Coreia são pequenos demais.

Visitei pontos turísticos, familiares distantes, fui em cafeterias bonitas, bibliotecas, museus. Tudo sozinha e me diverti bastante.

Hoje é o jantar de recepção dos "recém casados"(entre aspas porque já estão casados há um ano no civil) na casa de Morena  e todos vão estar presentes. Admiro o amor dos meninos do BTS e suas respectivas famílias, tudo é motivo para jantarem e estarem juntos. Fui convidada e obviamente não vou.

Gostaria de estar lá, como namorada do Jin, mais uma brasileira na família BTS, mas não é possível.
Resolvo sair para beber, o que é uma péssima ideia, já que não bebo e nunca saí à noite em Seul.

Mas estou na bad e resolvo conhecer itaewon.
Muitas pessoas estão nas ruas e bares, entro em um bar aparentemente bem famoso e me sento sozinha, peço soju. Em uma hora já sequei 4 garrafas e reconheço que estou bebada.

Pago a conta e saio, tento pegar um táxi. Não consigo. Resolvo sentar, porque estou tonta e sinto que posso cair a qualquer momento. Uma calçada nunca foi tão confortável.

Alguns homens passam e me olham, eu viro o rosto. Meu celular toca em minha bolsa, mas não atendo.
Mas o aparelho continua vibrando insistentemente.

Eu realmente estou bebada, pois quase não consigo atender o celular e mantê-lo na orelha.

— Oi Morena! — falo com uma alegria exagerada. — ah, minha voz? Eu bebi um pouquinho, vim conhecer itaewon... Onde eu to? — olho ao redor e percebo que estou no início do bairro, mas não sei onde exatamente. Eu deveria estar desesperada, mas uma crise de risos surge — eu não sei... mas tá tudo bem... meu celular vai descarregar. Não precisa vir me buscar... — falo, mas morena insiste, então desligo o telefone.

Após 10 minutos sentada, me levanto e sigo tentando achar um táxi, esbarro num homem — desculpa — falo em coreano e sigo não sei para onde.
Meu celular toca de novo. Olho e é um número desconhecido, o aparelho tá descarregando. Ignoro a ligação, mas o número liga varias vezes.

— Por que vocês aqui na Coreia são tão insistentes em ligar para pessoa? — falo tropeçando nas palavras em um coreano ruim.

— Maria, é o jin onde você tá? — dou um sorriso bobo, mas fico com raiva. Quando lembro do fora.

— Eu não sei, boa noite.

— Não desliga... é perigoso você tá bebada — reconheço um certo desespero na voz de jin, deve ser culpa. — me manda sua localização.

Por mais que meu orgulho falasse pra ignorar, eu estava ficando nervosa. Percebi que o homem com quem esbarrei estava me seguindo, achei que era coisa da bebida, mas não. Mandei a localização e continuei andando para algum lugar mais movimentado.
...

Uma mão segurou meu pulso e eu me virei tentando fugir. Suspirei quando reconheci Jin, mesmo usando máscara e boné.

— Eu achei que fosse...

— O homem que estava te seguindo, eu percebi que um homem estava te acompanhando a uma certa distância — o coreano completa minha frase, eu apenas concordo. — eu falei que era perigoso, vamos. — Jin segura minha mão me levando pro carro. Me sinto calma.

A noite de inverno que nunca esqueci (Livro 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora