Trinta e Seis

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Yok

Aquele dia foi um dia histórico para mim. Eu estava fazendo o trabalho da faculdade enquanto minha mãe lavava roupa.

A TV estava ligada sem ninguém prestar atenção. Mas finalmente uma palavra me fez correr para ver. UNAR.

Aumentei o som da TV e...

"... A pintura surgiu de manhã e domina a principal avenida da cidade ocupando o outdoor. Na imagem podemos ver o hospital Amanhecer em chamas sobre ele Tawi está ali sorrindo com dinheiro na mão e um olhar afiado. A legenda diz " o povo precisa se informar".  Pessoas começaram a investigar essa obra de Tawi e descobriram que um dos projetos menos comentados e proposto por ele era a destruição do hospital e já estava em andamento. A população não tinha conhecimento desse projeto não por ele ser secreto e sim por ninguém falar dele. Na imagem o artista UNAR pede para a população abrir os olhos e investigar melhor as pessoa que elas pretendem por no poder..."

Depois dali a repórter começou a falar como UNAR era un artista das ruas que ninguém sabia quem era. Mas mesmo assim era uma inspiração prós jovens porém ele nunca havia feito uma pintura tão direta.

A descoberta do projeto indignou a população que está se unindo para protestar em frente ao prédio de Tawi pedindo para que ele fique longe do único lugar da cidade que cuida de casos graves.

Ver aquela reportagem aqueceu meu coração imediatamente. Dessa vez Dan arriscou seu próprio pescoço afinal nem eu nem os meninos podem entrar no Tawi de novo sem sermos mortos.

Mas ele se colocou a frente da luta mesmo que sob um pseudônimo. O movimento dele atraiu atenção da população. E foi ali que eu percebi que estávamos lutando errado.

Querer lutar sozinhos pelo povo era burrice. O povo precisa participar da luta para ter algum significado. Ir contra a maré é apenas afogar sem resultado, mas convencer a maré a mudar com você é alcançar o outro lado.

Sai correndo de casa peguei minha moto para encontrar Dan na delegacia. Não adianta brigar com ele, o homem policial se preocupa comigo e quer me ver bem. Mesmo que ele entenda o que eu quero, ele também tem medo de perder.

De repente percebi que se descobrirem Dan e ele for perseguido por isso eu não sei o que faria.

Subi os degraus da delegacia e me informei na recepção. Finalmente o encontrei e então parei a sua frente no meu rosto tinha um sorriso  que soava perigoso.

- Yok? - ele fica pasmo ao me ver.

- O que faz aqui? - ele me pergunta.

- Eu quero começar pedindo desculpas. - digo.

Dan

A única coisa que passava na minha cabeça era que Yok estava aqui. Eu provavelmente não estava certo também afinal conheci o Yok já sabendo o que ele queria fazer.

Mas ver o recluso Yok me pedindo desculpas me fez ver o quanto sou capaz de fazer por ele. Apesar de ser medroso e me esconder nas sombras usei meu pseudônimo para fazer algo por ele.

Eu criei coragem por ver ele ser corajoso, não usei metáforas e nem referências. Uma imagem direta com a mensagem direta. Com a imagem do tão queridinho da nação.

- Yok não me peça perdão. Eu também não estava certo. - falo. - Eu queria pedir desculpas por tentar mudar sua essência.

- Mas você já mudou minha essência Dan. Eu não posso deixar de ser o Yok ativista, protestante e artista. Mas não posso deixar de ser o homem que se preocupa com você.

Peguei na mão dele e o levei para outro lugar. Afinal ali não era o melhor lugar para demostração pública de afeto.

Sentamos ali naquele corredor vazio perto da delegacia. Onde Yok me encarou  sorrindo.

- Parabéns pelo seu trabalho. - ele me diz.

Yok se estica na ponta do pé e beija minha testa.

- Você viu?

- Está doido? Passou na televisão. - ele diz sorrindo. - Não acredito que fez aquilo.

- Fiz por você. E para você saber que apesar de não concordar com os métodos eu concordo com sua visão de mundo. E acredito na revolução, na mudança.

Nesse instante Yok solta uma risadinha me dá um selinho e diz.

- Eu escolhi para me apaixonar o cara certo.

Me abaixo juntando nossos rostos e depositando outro beijo nele. Dessa vez um beijo mais longo e intenso.

- Brigar é normal. Mas não desista de me conquistar de novo Dan. Eu caio facilmente nos seus encantos. - ele diz e pisca para mim.

- Alguém pode nos ver vamos nos comportar. - peço.

- Qual é você tem uma arma. - ele diz encarando minha região inferior.

- Minha arma não está aí. - falo cruzando os braços.

- Sério! Me parece que está aí e bem  engatilhada. - ele diz e sai andando sorrindo sozinho enquanto eu fico vermelho igual pimenta.

Desgraçado!

Not MeOnde histórias criam vida. Descubra agora