"Quando você menos espera, o inesperado acontece"
Autor desconhecido
— E se a gente começasse a namorar? – Rafael encarava os profundos e escuros olhos de Bia.— O que disse?
— Eu disse: e se a gente começasse a namorar? – Rafael perguntou novamente, mais pausadamente dessa vez.
Bia estava atordoada, perdida, atônita. Até pouco tempo atrás estava preocupada apenas em terminar o capítulo do livro que lia, e agora estava tendo que decidir sobre a vida amorosa que nunca pensou que de fato teria. Como isso foi acontecer?
●
O dia começou como qualquer outro. Beatriz estava na cozinha, tomando café da manhã, observando os imensos dragões chineses sobrevoar as casas do bairro. Um belo gato de pelo estrelar e dois rabos passou por sua perna. Bia se abaixou para lhe fazer carinho.
— MÃE!! BIA ESTÁ ACARICIANDO O AR DE NOVO!! – João Pedro, irmão de Bia, gritou correndo pela casa.
— Esqueceu de tomar seus remédios, é? – Marcela, a irmã mais velha, fez sua conhecida cara de deboche e se sentou à mesa. Alice, a segunda filha, apenas riu enquanto se juntava as irmãs.
— É por isso que Bartolomeu não gosta de vocês – foi a única coisa que Bia disse naquela mesa durante a manhã de terça-feira.
Ovos, presunto, pão de queijo, pão francês, torradas... A família Cardoso de Oliveira sabia preparar um belo e resistente café da manhã. Todos conversavam animadamente, apenas nossa querida Bia continuava a olhar pela janela, se prendendo em sua própria bolha. Era como só houvesse ela e o que havia lá fora. Ainda era verão, visto que não havia começado a imigração dos gigantes roxos.
Assim que terminou de comer, se levantou, deu um beijo em seus pais, que lhe desejaram um bom dia, e foi para fora esperar seu escolar. Não que importasse tanto, mas alguém havia se mudado para a casa da frente. O caminhão de mudanças ainda estava por lá. Eram exatos 45min da casa Cardoso de Oliveira até a escola, trajeto o qual Bia passou com fones de ouvido e um bom livro. A maior parte, pelo menos.
— Bia, precisamos conversar! – Disse Ella, tirando os fones de Bia.
— Estou lendo – e colocou os fones de volta.
— É sério, Bia! Preciso te contar o que aconteceu ontem à noite! – Ella tirou novamente os fones de Bia.
— Você tem cinco minutos.
— Ok! Sexta eu conheci uma pessoa muito gente boa e nós conversamos basicamente durante todo o fim de semana e ontem a noite ela me pediu em namoro e eu aceitei – disse sem dar uma pausa se quer.
— Legal.
Ella e Bia ficaram se encarando. Ella esperado algo mais e Bia sem ter ideia do que dizer.
— Eu disse que conheci uma pessoa e, em três dias, comecei a namorá-la – falou mais pausadamente dessa vez.
Nada.
— Ella, o que você quer que eu diga? Quer que eu te dê parabéns? Que eu a repreenda? O que você quer de mim? – Bia estava perdida.
— Acho que uma reação um pouco mais que "legal" – e colocou os próprios fones de ouvido.
Beatriz se sentou para frente novamente. Na janela do escolar, pôde ver um duende andando de moto e olhando para ela de um modo decepcionado. Amizades eram difíceis.
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Sem Química Alguma
RomanceEla era amante da fantasia, do romance (mesmo escondendo), de ficar em casa assistindo anime e sonhar com o impossível. Ele era pé no chão, gostava de ação, rock e festas de fim de semana. Ela amava história geral (não do Brasil), geografia (não a p...