O dia estava claro e sem nuvens. O sol brilhava pela copa da árvore na qual Bia e Rafa descansavam abaixo.
— O que tem de bom nisso, Bia?
— Ajuda a descarregar as energias negativas.
— Não sei se acredito nisso.
— Estou namorando um menino cético. Justo eu. É o fim do mundo!
— Se você me provar cientificamente que deitar na terra ajuda a descarregar, eu calo a minha boca.
— Ok. Em uma situação de estresse, o sistema nervoso autônomo simpático entra em um funcionamento mais intenso, mais sinapses nervosas ocorrem, mais elétrons no corpo. Tendo um contato mais direto com a terra, o nosso corpo se torna uma espécie de fio-terra, fazendo com que os elétrons do nosso corpo sejam descarregados no chão, e, assim, aliviando as tensões. Está bom desse jeito?
— ... Está.
— Ótimo, agora feche os olhos e sinta.
— Fico me perguntando onde aquela menina tímida foi parar...
— Você disse que calaria a boca.
— Ok, ok – disse rindo e ficou quieto.
Eles se concentraram nos pássaros nos galhos, na conversa das pessoas no pátio, na respiração um do outro. Sentiram o cheiro da terra, das plantas, do perfume que usavam se misturando no ar. O calor do sol... As mãos se tocaram, os batimentos falharam, eles olharam um para o outro, as pupilas dilataram...
— O que vocês estão fazendo? – A repentina aparição de Gabriella os assustou, fazendo com que se separassem bruscamente. – Eu interrompi algo?
— Não, Gabbi. Não interrompeu nada! – Era nítido o estresse na voz de Rafa.
— Ótimo! Pois eu queria falar com a Bia.
— Comigo? – Bia e Rafa se olharam. Bia se levantou e a seguiu.
— Então... Sexta-feira, eu e umas amigas vamos no cinema assistir "Ingressos para o Paraíso" Eu queria saber se você gostaria de vir. Vai ser super divertido! Depois do filme pra praça de alimentação, depois na Leitura e em seguida vamos passar nas lojas pra experimentarmos roupas, tirar foto e devolver tudo!
— Parece divertido, mas...
— Antes que dia não, pense um pouco mais, por favor. O Rafa é como um irmão pra mim e eu sinto que não somos muito próximas. E eu quero ser próxima da menina que ele está namorando, da menina que ele gosta. Por favor.
— Ah... Bom... Eu... – Os olhos de Gabbi brilhavam como os de cachorrinhos. – Ok, eu vou.
— AH! Perfeito! Eu vou avisar as meninas! – E deu um abraço em Bia, que não soube como reagir muito bem. Assim que ela foi embora, Rafa se aproximou.
— Eu posso perguntar o que ela queria?
— Me chamou para ir ao cinema com as amigas dela.
— Ah...
— E eu disse sim.
— Hum... Espera! Você disse sim?
— Eu estou tão surpresa quanto você.
— Vai ficar tudo bem – Rafa disse a abraçando. – Ela pode ser meio sem noção, mas é uma boa menina. Ela é como uma irmã mais nova pra mim. Nunca faria nada contra você... Intencionalmente.
— Muito tranquilizador – e os dois sorriram um para o outro. Bia o pegou pela mão e o puxou para perto, perto o suficiente para suas respirações se misturarem. – Onde estávamos?
— N-no lance das energias, fio e... E... – Rafa desceu seus olhos para os lábios de Bia e então voltou a encarar.
— Eu estava te mostrando que ficar em contato com a terra é bom pra desestressar?
— I-isso.
— Ótimo – e o levou novamente pra debaixo da árvore.
Rafa respirou fundo. Muitas vezes.
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Sem Química Alguma
RomanceEla era amante da fantasia, do romance (mesmo escondendo), de ficar em casa assistindo anime e sonhar com o impossível. Ele era pé no chão, gostava de ação, rock e festas de fim de semana. Ela amava história geral (não do Brasil), geografia (não a p...