Dia 13

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     — Vamos, Rafa! Não temos o dia todo! – Pedro sacudia Rafa na cama.

     — Me dá mais um minuto – disse se ajeitando na cama.

     — Você sempre acorda cedo. O que tá havendo?

     — Fiquei acordado até tarde ontem.

     — Tem haver com essa carta lilás na minha mão que estou tentado a abrir? – Rafa no mesmo instante saltou da cama e tirou a carta das mãos do primo.

     — Não toque nas minhas coisas!

     — O que tem aí que eu não posso ver? – Rafa ficou vermelho.

     — O que não é da sua conta. Agora some daqui!

     — Ok, ok.

     Rafa sentou na cama e suspirou. Ele não queria que ninguém tocasse naquela carta. Aquela que o fez ter vontade de invadir o quarto de Bia no meio da noite, tomá-la em seus braços e beijá-la. Mas ele teve que se conter. Passou a noite tentando respondê-la, escrevendo e reescrevendo várias e várias cartas.

     — Rafa! Por favor, vamos! – A voz de Pedro vinha de trás da porta. Rafa se levantou, colocou sua carta de respostas na mochila e foi. Seria rápida a ida no centro. Assim que voltasse, entregaria pessoalmente para ver a sua reação. Depois a beijaria. Tinha se tornado um vício. Mas o que ele poderia fazer se se sentia vazio e incompleto quando estava a mais de 5cm longe dela?

     — Rafa! – A porta foi esmurrada.

     — Já vou!

     — Obrigada pela ajuda, meninos – a senhora Gineses agradeceu. – Não sei o que eu faria sem vocês.

     — Não é como se tivéssemos tido muita escolha, mãe – Rafa disse rindo e a senhora Gineses o repreendeu com o olhar.

     — Que tal um sorvete, tia? Pegamos pesado hoje – a mãe de Rafa pareceu pensar e concordou, por fim.

     — Acho justo.

    Rafa gostava de pistache. Pensou que talvez Bia gostaria de flocos ou unicórnio, por algum motivo. Riu com a ideia. Quando ele, Bia e Gabbi fossem a sorveteria, pois no dia anterior a Gabbi teve um imprevisto, perguntaria. Os três foram andando de volta para o carro, que estava um pouco mais afastado. Então se ouviu um barulho alto de carro derrapando. Os olhos desesperados de Pedro e da senhora Gineses junto ao sol escaldante e o forte cheiro de sangue foi a última imagem que Rafa teve.

Sem Química AlgumaOnde histórias criam vida. Descubra agora