Dia 6

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     O ano era desconhecido, mas as pessoas ainda andavam por meio de carroças e as ruas eram iluminadas por lampiões. Em um lugar distante, nunca visto nos mapas, havia m reino comandado por um rei e uma rainha de grandes corações. Já sobre seus filhos... Não se pode dizer o mesmo. A mais velha era manipuladora, conhecida por suas maldades e seu sangue frio (mesmo sendo secretamente fã de um grupo de poetas famosos estre as jovens damas). A segunda mais velha se preocupava apenas com a fama e o poder que vinha de seus pais, era desprovida de qualquer empatia pelo próximo. E o menino mais novo... Era chato demais para alguém tão pequeno.

     Mas a história não é sobre os pais, ou sobre a filha mais velha, ou a segunda mais velha, ou o pequenino. Não. A história é sobre a princesa esquecida, a terceira na linha de sucessão, aquela que preferia a companhia de livros a pessoas... Beatrice. A jovem, a tímida, muitos diriam viajada e esquisita, Beatrice, a única. No momento que se inicia a história, ela estava entre o amontoado de livros de sua biblioteca. A princesa lia sobre as aventuras de um marinheiro chamado Tim Tim, fascinante! Entretanto, para a infelicidade de sua leitura, um barulho alto vinha de sua janela, como se alguém estivesse batendo nela. Observação de suma importância: a biblioteca ficava no topo de uma das torres mais altas do palácio. Ao caminhar até lá, viu um menino, aparentemente, de sua idade, dependurado.

     Demorou um pouco, pois era um tanto desprovida de força, mas teve sucesso em trazer aquela visita inesperada para dentro.

     — O que fazia – deu uma pausa para pegar ar. – O que fazia na minha janela?

     — Estou fugindo. Obrigado por me ajudar. Deixe-me apresentar corretamente – e se curvou. – Eu sou Rafallion III, príncipe de um reino não muito distante. E, presumo, que a senhorita, vestida do jeito que está e isolada em uma biblioteca, seja a princesa Beatrice, deste reino.

     — Está correto. Se me permite perguntar, de quem está fugindo?

     — De minha mãe. Acredito que ela queira me casar com uma de suas irmãs.

     — Boa sorte com isso – Bia conseguia ver o terrível destino que o esperava.

     — Mas eu fugirei antes.

     — E para onde vai?

     — Distante. Muito distante. Fugirei dependendo da minha própria sorte.

     — Não sobreviverá um dia.

     — Está preocupada? Por acaso gostaria de vir comigo?

     — Por que trocaria o conforto de minha casa e meus incontáveis livros para fugir com alguém que não conheço?

     — Bom, mas por que não?

     — Porque é idiotice.

    — Esse não é o roteiro.

    — Quem liga pro roteiro? Se for fugir, faça antes que o sol se ponha. Os guardas são mais vigilantes durante a noite. Estarei aqui lendo se precisar de qualquer coisa.

     — Eu... – Mas não pôde terminar de falar, pois uma luz intensa e misteriosa iluminou a janela e encobriu toda a biblioteca. Quando terminou, eles não estavam mais na biblioteca do palácio, mas em uma realidade totalmente diferente.

Sem Química AlgumaOnde histórias criam vida. Descubra agora