Dia 5

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     — É muito bom finalmente te conhecer, Rafa! –  A senhora Cardoso de Oliveira levava Rafa e Bia para a festa de Ella. – Alguém que consiga tirar a Bia de casa é especial.

     — Dê os créditos à Ella – Rafa e a mãe de Bia iam conversando animadamente. Grande parte do assunto era esporte. Bia de vez em quando comentava algo, mas sua atenção era voltada para o lado de fora, o qual havia todo tipo de borboletas: brancas, azuis, cristalinas, negras, de veludo...

     — Chagamos! Divirtam-se! – Rafa e Bia agradeceram e desceram do carro. Dava para ouvir a música do lado de fora. Bia inspirou e expirou. Ela odiava festas.

     — Vai ficar tudo bem – Rafa disse segurando sua mão. Chegando perto do seu ouvido, sussurrou: – Nós vamos nos divertir.

     E Bia se agarrou àquelas palavras.


     — Bia! Rafael! Vocês vieram mesmo! – Ella estava radiante em seu lindo vestido azul cinderella.

     — Bem, você não me deixou muita opção.

     — Deixa de ser boba e me dá um abraço – Ella cheirava a lavanda. – Eu tinha alguém pra te apresentar, mas ele sumiu. Ah, deixa quieto. Quando eu achar ele eu te mostro. Tem salgadinhos e doces à vontade!

     Rafa e Bia deixaram que Ella cumprimentasse as outras pessoas e foram caçar um canto pra ficarem.

      — Ok... O que você faz em festas para se divertir, Rafa?

     — Eu costumo comer pra caramba, conversar com pessoas e dançar.

     — Conversar? Sério?

     — Conversar pode ser muito divertido.

     — Então você chega em uma tia aleatória e pergunta sobre o clima? Acho que hoje está meio nublado, meu senhor!

     — Agora eu virei britânico?

     — Não se esqueça de pegar chá na cozinha. Sempre é hora para um chá.

     — Puts – Bia sorriu ao ouvir a risada de Rafa. – Não! Eu chego em alguém, me apresento, pergunto qual é a relação da pessoa com o dono ou dona da festa e a conversa flui.

     — Não pode ser tão simples.

     — Você quer tentar?

     — Não! Não mesmo! – Mas Rafa já estava olhando ao redor a procura de alguém.

     — O que você acha... daquele ali? – Disse apontando para um menino que devia ter, no máximo, 11 anos.

     — Aquela criança?

     — Ou você prefere alguém mais velho? – Bia olhou para a criança e depois para a figura indefinida atrás dela. "Você realmente acha que consegue?", era fácil de entender o que ela dizia. Bia era fraca, tímida demais para falar com uma simples criança. Por que ela faria algo que definitivamente não vai dar certo? Mas ela olhou para Rafa e resolveu acreditar que, talvez, não seria tão má ideia tentar...

     — O que eu ganho com isso?

     — Então você está cogitando?

     — Não sei o porquê, mas me bateu uma onda de coragem agora.

     — Se você conseguir sustentar uma conversa por três minutos, e, ressalto, conversa, não monólogo, eu te compro o Box de O Castelo Animado. Aproveite a chance pois ele está com uma promoção imperdível na Amazon.

Sem Química AlgumaOnde histórias criam vida. Descubra agora