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Mais outro antigo soldado

O Sr. Jorge não tem muito que andar de carro, de braços cruzados na boleia, pois eles se destinam a Lincoln's Inn Fields. Ao deter o cocheiro os cavalos, apeia-se o Sr. Jorge e, olhando para dentro do carro pela portinhola, diz: — Como! O homem é o Sr. Tulkinghorn?

— Sim, meu caro amigo. Conhece-o, Sr. Jorge?

— Ouvi falar a respeito dele e creio que também já o vi. Mas não o conheço, nem ele me conhece.

Segue-se o transporte do Sr. Smallweed escada acima, o que é feito com perfeição, com o auxílio do cavalariano. É transportado para o grande salão do Sr. Tulkinghorn e depositado sobre o tapete turco diante do fogo. O Sr. Tulkinghorn não está no momento, mas não demorará a chegar. O ocupante do banco do vestíbulo, tendo mais ou menos assim falado, atiça o fogo e deixa o trio a esquentar-se.

O Sr. Jorge mostra extrema curiosidade pelo salão. Levanta os olhos para o forro pintado, corre os olhos pelos velhos livros de direito, contempla os retratos dos grandes clientes, lê em voz alta os nomes que estão nas caixas.

— "Sir Leicester Dedlock, baronete" — lê o Sr. Jorge pensativamente. — Ah! "Solar de Chesney Wold" Hum! — O Sr. Jorge fica longo tempo a contemplar essas caixas, como se elas fossem retratos, e volta para diante do fogo, repetindo: — Sir Leicester Dedlock, baronete, e Solar de Chesney Wold, hem?

— Vale uma mina de dinheiro, Sr. Jorge! — cochicha vovô Smallweed, esfregando as pernas. — Fantasticamente rico!

— A quem se refere? A este cavalheiro, ou ao baronete?

— A este velho cavalheiro, a este cavalheiro.

— Já ouvi dizer isso. E aposto que não é nenhum burro. Também não está mal instalado — diz o Sr. Jorge, circunvagando o olhar de novo. — Olhe lá aquela caixa forte!

Essa frase é interrompida subitamente pela chegada do Sr. Tulkinghorn. Não há nenhuma mudança nele, com as suas roupas ruças, os óculos na mão, e até o estojo deles gasto e quase em tiras. Maneiras reservadas e secas. Voz rouca e baixa. Rosto vigilante, como por trás dum postigo; habitualmente não sem certa severidade e desprezo, talvez. A nobreza poderia afinal de contas ter cultuadores mais fervorosos e crentes mais fiéis do que o Sr. Tulkinghorn, se tudo fosse conhecido.

— Bom dia, Sr. Smallweed, bom dia! — diz ele, ao entrar. — Pelo que vejo, trouxe o sargento. Queira sentar-se, sargento.

Enquanto tira as luvas e as põe dentro do chapéu, o Sr. Tulkinghorn observa, de olhos semicerrados, o lugar onde se encontra o cavalariano e diz consigo mesmo talvez: "Você vai servir, meu amigo!"

— Sente-se, sargento — repete ele, ao sentar-se à sua mesa, situada a um lado do fogo, acomodando-se na sua cadeira de encosto. — Fria e ruim esta manhã, fria e ruim! — O Sr. Tulkinghorn aquece diante das grades alternativamente as palmas e juntas das mãos, e observa (detrás daquele postigo que está sempre descido) o trio sentado em pequeno semicírculo diante de si.

— Agora posso perceber de que se trata! (como talvez possa em dois sentidos) Sr. Smallweed. — O velho recebe uma nova sacudidela de Judy, para que tome parte na conversa. O senhor trouxe nosso bom amigo, o sargento, pelo que vejo.

— Sim, senhor — responde o Sr. Smallweed, muito servil diante da riqueza e da influência do advogado.

— E que diz o sargento a respeito desse negócio?

— Sr. Jorge — diz vovô Smallweed, com um trêmulo aceno da mão encarquilhada —, é este o cavalheiro.

O Sr. Jorge cumprimenta o cavalheiro, mas senta-se todo empertigado e profundamente silencioso, bem na ponta da cadeira, como se estivesse sob a dependência de todas as minúcias dos regulamentos militares para exercícios em campo.

A Casa Soturna (1870)Onde histórias criam vida. Descubra agora