A louca

Sessão 14 - Inevitável

Boa tarde, Sr Terapeuta. Hoje eu acordei e fiquei sentada na cama por umas 2 horas pensando em tudo isso. Tudo isso que está acontecendo e o que aconteceu. Fico me questionando se essas sessões irão me curar de verdade, confesso que estão me ajudando. Já disse que voltei a cozinhar, ir ao mercado sozinha e até buscar as correspondências. Sei que não faço essas coisas com frequência, mas faço, e isso que deve importar. Sabe, não sinto mais vontade de parar com a terapia... A verdade é que não me vejo sem essas tardes de histórias. Espero que você saiba me curar, espero mesmo.
Durante toda a semana fiquei a espera das câmeras de segurança, checava todos os dias o código de rastreio e não via a hora de instalar todas pela casa. Lá na redação a rotina estava uma loucura, um menino de 7 anos havia matado a mãe e logo em seguida se suicidado, era assunto que duraria quase um mês. Eu e o Leo éramos responsáveis por cobrir todo o caso e estávamos nos empenhando bastante. A notícia do mês era nossa! Eu ganharia uma promoção com tanto esforço. Em casa, as coisas continuavam aparentemente normais, nenhuma bolacha apareceu mordida de manhã e nenhum barulho estranho me acordou de madrugada. Eu não sei... Mas seja lá o que fosse essa coisa que estava me perturbando, ela já sabia que as câmeras estavam chegando. Todos os dias daquela semana eu esbarrei com Rose, algumas vezes era quando eu estava tirando o carro da garagem, outras quando estava chegando. Enfim, não teve um dia que eu não tivesse visto ela. Claro que tudo era suspeito demais, porém naquela época eu nunca desconfiaria.
As câmeras foram entregues antes do previsto e em menos de 2 horas o instalador concluiu impecavelmente o serviço e toda a minha casa a partir de então estava sendo vigiada... e não somente por mim.