Sessão 24 - Perdida

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Boa noite, Sr Terapeuta. Desculpe aparecer sem hora marcada, mas é que não aguento esperar até quinta. Eu preciso muito conversar, quero te contar tudo logo... E nossos encontros semanais tornam essa história muito longa para mim, entende? Ah sim, lá fora está muito frio, mas creio que o dia de amanhã será lindo.
Depois daquela ilustre proposta dele, de me engravidar, eu não o encontrei por um mês. Ele sumiu! Não havia sinal dele, nem sequer uma mensagem ou um acontecimento estranho. Eu trabalhei normalmente, ganhei minha promoção e sai quase todos os dias com uma galera lá do trabalho. Posso até dizer que por pouco não o esqueci. Eu estava sentada no meu sofá, lendo uma revista velha quando ele voltou. Abriu meu portão lentamente e caminhou até a minha porta, eu poderia ter morrido se tivesse o coração da minha mãe. Ele estava tão... tão... lindo.
Entrou na sala, fechou a porta e veio sentar do meu lado. Aos poucos foi se aproximando, colocou as mãos no meu rosto e me obrigou a olhar em seus olhos. Sabe da maior? Não havia ódio neles, havia ternura e... por que não? Amor.
Ah, Sr Terapeuta, como eu fui tola.
Ele tinha o melhor cheiro que já senti na vida, a pele mais macia, o toque mais quente.
- Não toca em mim! -falei firme e o mais ameaçadoramente que consegui.
Ele se assustou com minha reação, mas no segundo seguinte já estava com aquela cara de despreocupado, levantou, caminhou até o outro lado da sala e acendeu um cigarro.
- Não gosto que fumem na minha casa.
Ele apagou o cigarro e o devolveu à caixa.
- O que quer dessa vez?
- Acho que você poderia facilitar as coisas, D. Se você for uma boa moça, nem vai doer. Quem sabe será até prazeroso.
- O que? Você só pode estar brincando comigo. Tire essa ideia estúpida da sua cabeça, eu não vou me deitar contigo.
- Isso é o que você pensa.
- Nunca!
- Não estou pedindo permissão, D.

A loucaOnde histórias criam vida. Descubra agora