Sessão 18 - Encontro

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Eu sai do trabalho completamente fora de mim naquela tarde. Eu dirigi enquanto Imagine tocava alto e as árvores corriam pela janela do meu carro. Nunca senti tanto medo de entrar na minha casa, lá estavam o portão, as câmeras e o quintal. A coisa passou por aqui. Abri a porta e entrei na escuridão da sala, acendi o visor do celular e encontrei o interruptor. Um silêncio assustador habitava no meu doce lar. Subi as escadas, joguei a bolsa na cama e fui tomar minha rotineira ducha quente. Liguei o rádio e deixei o noticiário no volume mais alto. Assim que sai do banheiro fui à cozinha e coloquei uma lasanha no microondas, verifiquei se as portas estavam fechadas com duas voltas na chave e se as janelas estavam bem trancadas. De volta ao quarto, sentei na cama e liguei o notebook, precisava responder uns emails e... olhar as câmeras. Minha caixa de entrada estava vazia pela primeira vez na semana e isso, em um dia normal, seria motivo de felicidade. Ia ligar a TV quando um bip chamou minha atenção.
Um novo e-mail.
"Olá, D. Abra o portão, estou aqui fora te esperando."
Meu coração estava saltando de bungee jumping dentro do meu peito, meus dedos tremiam e os pelos da minha perna já não sentiam a gravidade.
Liguei a câmera do portão.
Ai meu Deus! Tinha um homem lá. Não no meu portão, na calçada da casa de Rose e... acariciando o Bob.
"Pelo amor de Deus! O que quer de mim?"
"Esqueça Deus, D"
"O que quer de mim???????"
"O que tem a me oferecer, querida?"
"Eu não estou entendendo. Eu não tenho nada pra te dar."
"Ah, você tem."
"Pare! Por favor, o que quer?"
"Desça!"
E eu desci. Você deve estar pensando o quanto louca eu já estava naquela época, que eu deveria ter chamado a polícia ou pelo menos avisado alguém. Mas, eu simplesmente desci.
Abri o portão e olhei diretamente para o homem que estava parado com o celular na mão ainda acariciando meu Bob.
O gato ao me sentir veio até minhas pernas, deu algumas carícias e entrou para casa. O homem observava toda a cena, depois começou a andar na minha direção. Era alto, forte, cabelos levemente grisalhos e, eu tenho que confessar, era muito bonito. Mas havia algo de errado nele, o olhar, era negro, havia ódio dentro daquele corpo, muito ódio.
-Não se aproxime mais! - gritei. - Diga dai o que quer.
Ele não parou.
-Eu já mandei parar! -repeti ainda mais alto.
Ele parou.
Eu respirei aliviada por uns segundos, mas antes que eu pudesse reagir ele correu até onde eu estava e me empurrou. Eu tentava me levantar enquanto ele corria para dentro da minha casa.

A loucaOnde histórias criam vida. Descubra agora