Sessão 23 - Razão

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Eu fui atrás dele. Eu sei que foi a pior coisa que fiz... Mas fui. Eu precisava saber o que ele queria, precisava descobrir como me livrar dele. E para isso ele tinha que estar perto de mim, perto... Eu mandei mensagem pra ele. Eu o chamei, Sr Terapeuta. Eu o chamei!
"Oi."
Eu estava deitada na cama enrolada no meu edredom, fazia frio e ventava na rua, a TV estava ligada no canal infantil e eu estava quase me divertindo com aquelas animações.
Eu estava tão ansiosa que quase tive um ataque quando o celular vibrou.
"Oi, Dolores. Vem aqui em casa no sábado? Você trabalha demais! Beijos."
Era uma mensagem da Dora, não dele. Por que ele estaria demorando tanto? Ele sempre quis tanto a minha atenção, agora que eu o procuro ele some?
Fui até o banheiro, lavei o rosto com água bem fria na tentativa de aliviar o nevorsismo. Coloquei a TV no canal de filmes e deitei novamente.
Já estava no terceiro filme quando o celular vibrou outra vez.
"Desce!"
Curto e direto.
Desci.
Eu gostaria de dizer que você não acreditaria, mas sei que depois de tudo que te contei você não duvida mais de nada. Ele estava sentado no meu sofá segurando minha xícara de bolinhas cheia do meu chá de erva doce.
- Gostei do chá, mas o de ontem estava bem melhor.
Eu caminhei até o outro sofá, ainda surpresa, sentei sem deixar de encara-lo e falei:
- Vamos ao que importa, o que quer de mim?
Ele deu um sorriso de canto, típico de gente safada, colocou a xícara na mesa de centro, acomodou-se no sofá e disse:
- Ah, D. O que quero não será sacrificante para você, não se preocupe.
- EU PERGUNTEI O QUE QUER DE MIM - gritei.
Ele abriu um sorriso radiante e desviou o olhar de mim.
- Bob! Grande amigo.
Meu gato peludo se enrolou nas pernas da coisa e pulou em seu colo pedindo carinho.
- Saia daí, Bob!
- Não vou comê-lo, Dolores.
Ele nunca tinha pronunciado meu nome dessa forma, como uma ordem clara e direta. Estremeci.
- Responde a minha pergunta ou saia da minha casa.
- Só me chamou para isso?
- E para o que mais seria?
- Entendi.
Ele deixou que Bob deitasse em seu colo enquanto ele o acariciava.
- Preciso perguntar outra vez?
Ele me encarou profundamente, por algum motivo eu sentia desespero no olhar dele, eu podia sentir medo naqueles olhos. Mas ele foi firme ao dizer:
- Eu quero ter um filho com você.

A loucaOnde histórias criam vida. Descubra agora