Olá, homem. Por favor, não me faça perguntas. Eu trouxe essa garrafa de vodka apenas porque, você sabe, é difícil pra mim. Se eu já bebi hoje? Não lembro da última vez que estive sóbria, querido. Vamos, vamos! Não tenho tempo a perder.
Eu adoraria dizer que quando a minha bolsa estourou eu estava preparada para ter aquela criança, que o mundo estava brilhante de glitter e que eu não estava sozinha. Mas, na verdade, quando aquela água começou a sair de mim eu estava na cozinha, cozinhando uma sopa qualquer, ouvindo John Lennon cantar sobre um mundo melhor. Fiquei desesperada e a primeira coisa que fiz foi ligar para a minha mãe e pedir socorro.
- Calma, Dolores. Eu estou saindo de casa, espere-me.
Calma, ok, eu precisava ter calma.
Ai!
Comecei a sentir uma dor estranha, as vezes fraca, as vezes forte.
Contrações?
Ai!
Tentei subir as escadas e pregar a bolsa que tinha preparado para quando essa hora chegasse. Mas não consegui. Quase tropecei no primeiro degrau e decidi que não era seguro continuar a subida.
Sentei no sofá e foi aí que percebi, havia algo errado. Saía sangue de mim, muito sangue.
Aquilo não podia ser normal.
Minha mae chegou e levou um susto com a cena que se deparou.
-Dolores, querida, precisamos correr.
Ela me pegou pelo braço e me ajudou a entrar no carro. Minha mãe que era tão certinha no trânsito, naquela noite ultrapassou todos os sinais vermelhos. Olhando para a expressão dela eu tinha certeza, havia algo de muito ruim acontecendo.

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A louca
General FictionOlá! Eu sou Dolores, moro no Sul, tenho 21 anos e só estou aqui porque me falaram que eu iria enlouquecer. Não, a opinião alheia é irrelevante para mim. Mas é que a minha mãe fica perturbando e não aguento mais ela me ligando a cada 5 minutos pra sa...