Sessão 21 - Íntimos

144 14 2
                                    

- Vo-vo-cê? -gaguegei enquanto tentava acreditar no que estava vendo.
- Não esperava por mim, querida?
- O que quer?
- Não vai me convidar para jantar? Quase não falo quando estou de barriga vazia.
- Na minha casa você não vai entrar! -gritei.
- Sabe que não tenho dificuldades para fazer isso. Seja gentil e poupe mais constrangimentos.
A voz dele era tão serena, ele tinha completo controle da situação e isso me irritava.
- Você não pode entrar porque estou esperando meu namorado para jantar.
- Ah, aquele loiro babaca? Ele não gosta de você.
- Você não o conhece.
Ele colocou a mão no bolso, tirou um cigarro e começou a fumar enquanto falava.
- Eu o conheço, D. Mas, não te devo satisfações. Podemos entrar e conversar como pessoas normais?
- VOCÊ NÃO É NORMAL!
Ele pareceu, por uns segundos, assustado com a minha reação. Depois voltou a tragar seu cigarro fedorento enquanto eu me acalmava.
- Não vou te matar, D. Só quero conversar.
- Já disse que hoje não dá.
Ele me encarou sem piscar por quase um minuto, fez uma reverência tosca e se afastou. Antes de chegar ao carro preto que estava estacionado na calçada de Rose ele virou.
- Ah, esqueci de avisar, ele não virá. Você ficará esperando até as velas derreterem por completo, sozinha. Tem certeza que não quer conversar comigo?
- Você é louco!
- Eu tenho cara de louco, D?
- Não, mas você é.
- Eu só te odeio, Dolores.

A loucaOnde histórias criam vida. Descubra agora