29° Capítulo

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Não sentia a meu lado Taylor a respirar, e em contraste John apresentava uma respiração pesada, sendo possível distinguir a expiração da inspiração muito mais claramente do que o normal.

Posso visualizar pelo canto do olho um sorriso maldoso de Chelsea, até este se embaciar por momentos.

Isto não é justo. Principalmente para com eles, que não queriam nada mais do que ajudar-me. Uma voz no fundo da minha mente dizia-me que era possível isto acontecer, que era uma questão de tempo até que as consequências aparecessem e deixassem a sua marca mas eu não esperava nada deste género. Uma repreensão talvez, um aviso muito possivelmente mas uma expulsão é demasiado para os nossos pequenos cérebros terem colocado como opção. E a culpa é minha.

É minha porque devia ter deixado os meus desejos egoístas de lado e pensar no bem de todos como seria considerado normal e, ao invés, deixei que os meus interesses pessoais influênciassem todo um conjunto de pessoas que não merecia.

- Despedidos? - Peter foi o primeiro a reagir. O seu olhar alterou entre a loira que outrora fora sua amiga e o chefe desta situação desconfortável. - Mas...

- Puto, deixa. - John falou e eu sei que ele está irritado mas não o quer admitir e por isso, nada melhor do que o braço de Vitória entrelaçado no seu, como um sinal de carinho.

Baixei a face. Uma mistura de culpa e vergonha que neste momento era demasiado forte para controlar. Preciso de sair daqui. E por isso recuei pequenos passos, até me encontrar na penumbra e não ser mais perceptível a minha face a todos.

Sinto-me uma cobarde e vejo Chelsea a caminhar na minha direcção provocando-me mais medo do que seria considerado normal.

O vestuário que usa e o cabelo perfeitamente arranjado relembra-me o quanto ela é bela e o quanto qualquer rapaz daria tudo para estar a seu lado, enquanto ela dá tudo para infernizar uma relação de felicidade alheia. É triste e um tanto irónico e, no entanto, não posso deixar de sentir um pouco de pena de uma pessoa assim.

Aproximou-se e deu-me um estalo. Assim, sem mais nem menos. Um estalo que embateu na minha face e a forçou a ir para o lado com a força do empacto. Depois, colocou os oculos e saiu em passo elegante sobre o meu olhar atento e esbugalhado.

- Soph!- Taylor gritou, e correu para junto de mim. Fiquei a olha-lo apenas, novamente a olha-lo sem reacção. Sinto que tenho tanto para dizer mas simplesmente não vale a pena. Não vale a pena tentar explicar por palavras o que simplesmente só pode ser sentido dentro de mim.

- Vou para casa.. - senti a minha voz a cortar no final mas engoli em seco sem deixar que fosse notado por ninguém.

- Peter, tu ficas. Vamos gravar as tuas cenas. - Cruzei um olhar com ele. E por mais que não quisesse, visualizei pena naqueles olhos belos e expressivos. E pena, é o último sentimento que se deve ter seja por quem for. Acenei afirmativamente para ele, dando-lhe a confirmação que estava tudo bem. Mas a verdade é que não está.

PeterPov

Não quero ir. Não quero continuar esta série sem eles.

- Não. - Acabei por dizer mantendo o olhar no da loira, neste momento confusa. - Não o vou fazer. - disse-o diretamente nos seus olhos.

- Como? - o chefe perguntou e os olhares recaíram todos sobre mim.

- Se eles saem, eu também.- olhei diretamente naqueles olhos que sempre me ajudaram, naquela pessoa que sempre esteve do meu lado.- Desculpa pai , mas a culpa não foi deles. Foi completa e inteiramente minha.

- Pai?

- Isso é mentira. Ele não-

- Sophie por favor...- falei, voltando a minha atenção novamente para todo aquele elenco que me tratou como família nunca desconfiando que a minha família se encontrava mesmo alí.

- Peter, vamos ao escritório acho que precisamos de conversar.

Segui-o, consciente que deixara um grupo confuso para trás, mas neste momento isso não é o mais importante. Tenho de limpar a minha consciência e sobretudo, limpar o nome deles antes que seja tarde demais.

- Senta-te. - Ele disse ao entrarmos mas eu mantive-me de pé, provocando-lhe um suspiro cansado.

- Eu vou despedi-los filho não há muito que possas fazer em relação a isso e espero bem que ponderes esta atitude que de certo só te trará consequências.

- Já ponderei. E a minha decisão está tomada. Eles saem, bom então eu saio também.

- Mas... Porque? - as suas mãos apoiaram a secretaria em sinal de descrédito e eu vi-me forçado a abrir o jogo.

- Porque não faz sentido ficar nesta serie sem eles. Eu sei que tivemos o cuidado de não revelar os nossos laços para não criar boatos ou difamar a minha imagem, com a possibilidade de apenas me encontrar aqui por ser teu filho mas eu não estou mais preocupado com isso. Eles são boa gente . Muito boa gente na realidade, e eu tenho mais do que orgulho de fazer parte desta série e puder chamar-lhes amigos. A culpa foi minha do que se passou. Fui manipulado e só faltamos ao ensaio para resolver as coisas que eu estragei por medo de enfrentar Chelsea. - o seu olhar confuso deu-me a confirmação que necessitava para acabar com tudo de uma vez,limpando uma lágrima que caira - Ela manipulou-me pai, e tu não podes permitir que uma pessoa assim continue na série.

-Mas-

- Não tenho muito mais a dizer. - Levantei-me sobre o seu olhar atento e sai, fechando a porta atrás de mim.

Quando cheguei a entrada, todos se encontravam expectantes a olhar-me sem qualquer indício do que eu acabei de fazer. Sorri para eles, exausto mentalmente.

Espero que possamos ter paz desta vez, e durante algum tempo.

Far away ( I.j.h.m.y.y sequel) n.hOnde histórias criam vida. Descubra agora