30°Capítulo

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-Deixa-me ver se percebi bem... Tu achas que ela gosta de mim?- Taylor replicou incrédulo , agitando o chocolate quente que se encontra na sua mão. Chocolate esse que eu fiz com muito amor e carinho. Ingrato.

- Pela milésima vez, ela já disse que sim. - Mary argumentou, claramente irritada com o moreno que apenas bebia da sua caneca quieto, quase imóvel, enrolado em pensamentos.

As panquecas que se encontram ao lume atingiram a sua cor amarelada à momentos e tudo parece calmo e tranquilo. Depois dos últimos acontecimentos, acho que todos precisávamos de uma tarde assim. Mas por qualquer razão não consigo desfrutar como seria de esperar, dado que Peter ocupa os meus pensamentos.

Estou preocupada com ele, e sei que não devia mas ao mesmo tempo, não consigo evita-lo. Pensamos sempre que conhecemos as pessoas. Achamos sempre que estão a ser totalmente sinceras e politicamente corretas connosco para depois descobrirmos que não é verdade.

Nada do que achamos saber é verdade e todos nós lutamos batalhas interiores das quais ninguém tem conhecimento. Acho que Peter é apenas mais um exemplo.

Afinal de contas, ter o pai no estúdio e estar constantemente a ser bombardeado com chantagem psicológica deve ter afetado de certo o seu humor e disposição nas últimas semanas, e talvez meses. Mas nós nunca demos por nada. Estivemos tão preocupados connosco que nunca vimos para lá daquilo que nos era mostrado, nunca tentamos explorar o que não se encontrava a superfície e deixamos que as aparências nos enganassem.

Acho que temos todos uma lição a tirar de tudo isto, nem que seja sermos menos egoístas.

-Sophie! - uma voz gritou e quando reparei, a panqueca que se encontrava à minha frente tinha agora uma camada preta a tapar a sua parte debaixo, aquela que se encontrava em contacto com o lume. Apressei-me a retira-la para um prato mas de pouco serviu visto que a mesma se encontrava arruínada.

-Esta fica para mim! - gritei, agitando o prato no ar.

- Nem esperávamos outra coisa!
Devemos ser sempre simpáticos, percebo melhor isso agora que nunca, visto que normalmente o ser humano já está triste, então para que piorar a situação?

- Eu voto nos Hunger Games!

-Pois eu voto no Insurgente! - Vitória afirmou, olhando para John em súplica, que rapidamente colocou o braço no ar como a namorada, com uma face de desdém.

- Eu voto num grande balde de pipocas!- disse, deixando os dois pratos em cima da mesa. - E voto também em darem de comer ao pobre do animal. - Taylor percebeu a dica e subiu as escadas em direção ao meu quarto enquanto Vitória foi buscar umas mantas e John baixou os cortinados.

Gostava que Peter estivesse aqui mas quando tentei ligar-lhe, foi parar ao VoiceMail diretamente. Não insisti.

- Vitoria larga o meu rabo!

- Eu achava que era o rabo do John!
E eu achava que eles estavam todos doidos. Mas podia aguentar bem com isso.

- Hey malta...- John chamou-nos a atenção, olhando para todos enquanto se sentava aos pés do sofá.- Já pensaram o que seriamos se não fossemos atores?

- Tu não és ator, és um mero figurante. - Mary disse, enchendo as panquecas de chantilli.

- Eu seria stripper... Um stripper bombeiro.- o moreno disse, mostrando o six pack que tanto o caracterizava.

- Nunca enganaste ninguém.- afirmei, enquanto eu própria pensava sobre aquilo. Será que os grandes pintores, escritores a atores sabiam que iam ser grandes ainda antes de o serem? Ou fazia tudo parte de algo muito maior do qual nenhum deles tinha conhecimento? Um dom, talvez destino. O tão conhecido lugar que todos nós ocupamos no mundo.- Eu acho que seria exatamente a mesma pessoa sem tirar nem por.- puxei a manta para cima tapando o meu corpo, e o usei o ombro de John como almofada.

- Pois isso é exatamente o problema.-Taylor gritou do outro lado, colocando o filme em "play" e deixando-nos a todos ansiosos para descobrir o tão desejoso final do segundo filme da saga.

- Encomendamos pizza?

2 horas depois, duas horas essas passadas com resmungos de Taylor, exclamações apaixonadas e feminas de Vitória e Mary, e ressonâncias de John, o filme finalmente acabou e estavamos todos tão cansados quanto possível.

- Podes ligar, eu vou só tomar um banho...- subi as escadas, rapidamente e entrei no quarto, retirando peça a peça o mais lentamente possível. Agora só quero mesmo um banho de espuma mas sei que não é possível, dado que todos vão estranhar a demora.

Quando me preparava para entrar na banheira, oiço o telemóvel a tocar e um pequeno debate dentro de mim surge, quando pondero os prós e contras de atender. Prós, descobrir quem quer falar comigo e quiçá não seja Niall quem me liga. Contras, mais cinco minutos de espera para tomar banho e por o tão confortável pijama. Os prós ganham.

Pego no telemóvel e após ver, um número desconhecido no ecrã, atendo com todo o cansaço acumulado.

- Alô?- digo, massajando as temporas.

- Estou a falar com a menina Sophie?- uma voz feminina pregunta num registo formal que me deixa um tanto constrangida.

- É a própria...

- Estamos a ligar do hospital de Londres... - E aí eu soube que coisa boa não viria de certo.

Alô alô, desculpem, mil vezes, a demora a publicar o capítulo mas tem sido muita coisa ao mesmo tempo e está complicado dar resposta a tudo. DE QUALQUER MODO : espero que tenham gostado porque o próximo vai ser diferente :) Muitos beijinhos e boa semana para todos.

Far away ( I.j.h.m.y.y sequel) n.hOnde histórias criam vida. Descubra agora