25° Capítulo

71 7 2
                                    

Finalmente chegamos. 
Já estava a desesperar naquele carro claustrofóbico e apertado que parecia aumentar de tensão a cada segundo. Senti-me como se o fosse voltar a ver para primeira vez,  como se fosse a nossa primeira conversa outra vez. E isso apenas me fazia tremer e duvidar a cada segundo que passava,  se estava a tomar a decisão certa.
Era tudo incrivelmente inconstante e num minuto queria ligar-lhe, no minuto seguinte era uma péssima ideia.

- É aqui?- Peter perguntou/afirmou e eu tive a ligeira sensação que a incerteza na sua voz era fruto da atitude que eu poderia tomar. Mas preferi aguardar em silêncio.

- Sim... É agora. -  O moreno que estivera o resto do caminho calado, trocando breves olhares comigo, parou o carro, rodando no banco e olhando diretamente para a minha face. Sei que ele está nervoso, consigo interpretar todos os tiques dos seu corpo e respirei fundo antes de rodar no meu também.

Baixei a face, deixando o cabelo cair na mesma, que maltratado pelos diversos penteados feitos durante a viagem, parecia um mar de loiro sem fim enquanto tentava controlar a respiração trémula.

-Hey, hey- Taylor chamou-me e apenas um mexer de ombros foi tudo o que lhe pude oferecer. - Vai correr tudo bem ouviste? Este é o momento da verdade. E depende tudo única e exclusivamente de vocês dois.

Acenei afirmativamente e levantei o olhar para ver 4 rostos a observarem o meu. Era tão estranho que todos parecessem tão a vontade com esta situação enquanto eu só queria um chocolate quente e a minha cama.

Sai do carro, com o olhar de todos incidente na minha pessoa e virei costas em direcção ao edificio. Era um grande armazem sujo e vazio, e eu perguntava-me o porquê de Niall se encontrar neste lugar.

Procurei com o olhar a loira, mantendo os pés bem assentes para não tropeçar, uma vez que as minhas pernas pareciam gelatina. Entrei por uma abertura na estrutura cinzenta e degradada, e demorei algum tempo para os olhos se habituarem ao escuro.

Assim feito, observei uma figura sentada, cabisbaixa no canto e tive dificuldade em perceber se era o mesmo rapaz por quem o meu coração batia a cada segundo de cada dia.

Os seus ombros estavam descaídos, as mãos atrás das costas e as calças sujas com partículas castanhas que não consigo detectar daqui. Quis mover-me, dirigir me a ele, e abraça-lo mas os meus pés estavam presos, a respiração irregular e as mãos trémulas com todo o acontecimento.

Um som desconhecido ao início pregou-me um sobressalto, mas ao conseguir identificar o mesmo como palmas, ergui a minha visão, contendo uma face rígida com a imagem de Niall a levantar a cabeça e os olhos inchados.

Chelsea caminhou até parar mesmo em frente ao meu campo de visão, tapando totalmente Niall, e deixando-me petrificada com a sua imagem.

A mistura de confiança e elegância, agora estava manchada pela maldade. E quando o seu sorriso vitorioso surgiu, formei punhos com as minhas mãos devido a raiva acumulada.

- Se não é a princesa Sophie... Vieste dar um passeio foi? - Já devia esperar o sarcasmo e tive de conter tudo de mim para não correr para ao pé de Niall.

- O que queres miúda? Não te chega já o que fizeste? - Ela tem de ter um objectivo com isto tudo.

- Eu? -  os seus passos firmes, desviaram-se em direcção a porta, aproximando se da minha pessoa. -  Eu não quero nada.. -  estalou os dedos e em segundos, dois braços me agarravam e prendiam as mãos atrás das costas. - Aliás, quero sim. Quero ver-te a apodrecer neste armazém ao lado do fraco do teu namorado.

O quê?

O meu corpo foi empurrado para o chão, fazendo o material das algemas magoar a pele pálida dos pulsos e esbarrar com os joelhos quando os mesmos embateram no chão.

- Vão ficar os dois aqui, e a menos que um milagre aconteça, nenhum sairá. Nunca.

Niall Pov
As imagens dos dois repetem-se na minha cabeça como um filme e eu só quero que parem. Quero controlar está coisa que dá pelo nome de mente e faze-la desligar por momentos apenas para me dar um descanso.

Chelsea seguiu-me, com dois homens provavelmente contratados, que me ultrapassaram na estrada e bloquearam caminho até este armazém.

Prenderam-me as mãos e deixaram-me caído a um canto como um animal. Mas isso não me incomodou de todo... Aliás, eu fiquei tentado a agradecer-lhes por me ajudarem a transpor a dor interior para fora. A dor física é passageira, mas o queimar que sinto por dentro... Pode demorar muito a passar.

Sou um rapaz sensível. Maricas aos olhos de uns, e isso não é bom... Mas não posso fazer nada para o evitar. Eu amei-a. E sei que deveria ter corrido melhor, mas ela não era a pessoa certa, o tempo se calhar também não era o certo e nós não estávamos destinados a ficar juntos. Ponto final.

Tentei atribuir as culpas da situação à minha pessoa, deprimi durante os meses mas depois simplesmente tive de seguir em frente, pois a vida é mesmo isso. Cair, levantar, continuar. Num circuito vicioso sem fim, que depende de nós. Escolhemos se queremos que gire a uma velocidade furiosa que nos faça enjoar ou abrandar e apreciar as pequena paisagens que oferece.

Uns põem na velocidade média e dizem que são felizes, e isso é realmente triste. Sobreviver pode ser bom até um certo ponto, e uma vez um copo de vidro partido, jamais ficará totalmente inteiro.

Sophie encontra-se a chorar silenciosamente mas não o  suficiente para não a ouvir e tenho de saber se o fez, tenho de descobrir a verdade, tenho de fazer a pergunta que me anda a atormentar há horas.

-Sophie. -  a voz rouca que soou, assustou-me tanto ou mais do que a ela mas é tarde de mais para o corrigir. -  Chegaste a amar-me de verdade?

O próximo capítulo vai ser forte. Preparados?? :D

Far away ( I.j.h.m.y.y sequel) n.hOnde histórias criam vida. Descubra agora