9º Capítulo

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O meu vestido é tocado novamente e ambas as mãos presas no topo do meu corpo, na parede suja e fria por trás de mim.

- Larga-me!- o meu grito, soa como um sussurro desesperado e eu forço-me a encontrar a minha voz, que de todo, não me pode atraiçoar neste momento.- Seu porco!

A sua mão que não se encontra a forçar as minhas, empurra o meu corpo novamente contra a parede e sobe aos poucos pelas minhas pernas.

- Oh fofinha...- o vestido é puxado para cima.- Tu sabes que isso não vai acontecer.- e o seu corpo é fixado no meu com uma força desnecessária. A sua boca coneta-se com a minha e o sabor a tabaco e álcool percorre a mesma, deixando-me com náuseas. Ele já não parece tão atraente agora.

A sua mão entra no vestido pela parte de trás e o seu corpo é fixado no meu novamente enquanto eu sinto-o a ficar duro apenas com o meu toque. Não quero imaginar que pensamentos lhe devem estar a passar a mente. A sua língua fez pressão para entrar na minha boca e eu rapidamente a fechei, não lhe permitindo passagem de nenhum modo.

Uma dor foi imitida na minha cara e só quando reparei que tinha embatido no chão percebi que a chapada tinha sido forte e a minha pele ardia como se milhões de formigas estivessem a passar pela mesma.

- Podemos fazer isto a bem ou a mal!- ele gritou, fazendo-me encolher e observar o seu olhar raivoso e a pistola dirigida na minha direcção. Não sei como isto vai acabar, mas não será muito bom de certeza.

Pensamentos de Niall a abraçar-me e a murmurar palavras carinhosas passam na minha mente numa tentativa de me acalmar, enquanto lixo e cigarros circundam o meu corpo no chão sujo daquele beco. Quero gritar mas dói-me a garganta de tanto chorar e o lábio inferior treme nos meus dentes.

- Então vamos fazer a mal.- uma voz conhecida no fundo da minha mente disse e por momentos achei que estava a sonhar, até ver um murro ser conectado com a maxilar do meu agressor e alguém se dirigir até mim. O primeiro impulso foi encolher-me, puxando os joelhos fortemente até ao meu corpo e escondendo a face nos mesmos. Se é um dos seus amigos, eu estou demasiado esgotada para outro susto. Alguns murros foram ouvidos pela minha pessoa, e o som do que parecia ser um cano a bater na cabeça de alguém acabou com a luta, fazendo-me rezar mentalmente para que o player estivesse no chão.

O seu toque cuidadoso atingiu o meu braço, calmamente e eu dei por mim a soluçar sem fim, engasgando-me com os próprios soluços e sentindo as lágrimas a molharem o vestido, todos os sentimentos dos últimos momentos a virem ao de cima. - Não te afastes de mim.- a voz na minha mente soa novamente e eu tento destinguir a realidade dos pensamentos do meu cérebro quando espreito pelo cabelo para ver um corpo próximo a baixar-se ao meu nível. Uma mão circunda as minhas coxas e a outra encontra-se nas minhas costas, levantando-me ao colo com um cuidado redobrado.

- Shhh, está tudo bem agora.- ele diz e puxa com cuidado o meu vestido para baixo com a mão que se encontra nas minhas coxas, enquanto o meu rosto se esconde no seu peito, na camisola branca como cal. Não me atrevo a olhar para cima e apenas tento acalmar os meus soluços enquanto sinto o estômago a revirar com o pensamento das suas mãos no meu corpo, o seu toque ainda tão presente e vivo.- Vamos para casa, está bem?

Só nesse momento percebo quem me transporta. Peter. O seu cheiro está por todo o lado e o colar que caí sobre o pescoço é tão pessoal como o som da sua voz.

Ele salvou-me. Sabe lá Deus o que poderia ter acontecido se ele não tivesse aparecido para parar todo aquele espectáculo. Foi o único que pareceu sóbrio e preocupado o suficiente para me seguir, ou pelo menos tentar saber do meu paradeiro. E não consigo ficar indiferente a esse facto.

- Peter?- chamo-o, a voz a sair rouca devido ao choro. Detesto o quão vulnerável pareço neste momento, mas secalhar é esta a minha verdadeira entidade. Eu sou vulnerável e não tão forte como quis parecer está noite. O meu olhar atinge o seu rosto e eu vejo uma marca perto do seu olho que não se encontrava lá antes. Ele magoou-se, e a culpa é minha.

- Já vamos para casa. Já chamei um táxi.- ele diz e eu nem reparei que o seu telemóvel tinha sido tirado do bolso, enquanto este o arruma no mesmo.

Apenas assinto, sinto-me ligeiramente culpada por me encontrar no seu colo mas suspirando de alívio quando o táxi aparece, poucos segundos após estes pensamentos me terem passado pela mente.

O meu corpo é pousado no banco de trás e a minha cabeça é apoiada pelo seu peito, o seu braço a puxar-me de modo protector para perto de si. Quando passamos pelo beco em direcção a casa, não posso deixar de puxar as lágrimas para cima sentindo as mãos do player novamente na minha pele. O toque de Peter foi confortável e continua a ser mas dúvido que consiga adormecer está noite sem as suas mãos nojentas a percorrerem os meus pensamentos.

Suspiro com estes pensamentos e fecho os olhos, sentindo-me impotente por alguma razão. Porque é que o player me escolheu? Não sou boa, e muito menos bonita. Secalhar fui fácil, fácil de mais. É sempre fácil de mais magoar-me.

Chegamos a casa, e forço-me a abrir a maçaneta da porta e sair com cuidado do táxi, ainda procurando na minha mala a carteira para poder pagar ao bom homem que teve o cuidado de nos ir buscar perto das 2 da manhã. Peter deve ter agarrado na mala, caída no beco antes de se dirigir a mim pois o peso da mesma esteve até agora na alça do meu ombro e eu não dei por nada. Demasiados pensamentos e sensações para me preocupar com as coisas físicas como o telemóvel e a mala.

Dei uma gorjeta significativa ao homem sob o olhar de Peter e caminhei até casa, sentindo-me suja por alguma razão. As minhas mãos agarravam furiosamente o vestido para baixo enquanto tentava alterna-las com um cruzamento de braços bem na zona do peito.

- Anda cá.- a voz do moreno soou e os seus braços grandes envolveram o meu corpo pequenino como se eu pudesse quebrar a qualquer momento. Eu conheço-me e sei que isto não é o fim do sofrimento.- Está tudo bem agora.

Entramos em casa e a luz proveniente da cidade iluminava toda a sala e cozinha prosteriormente. Senti o telemóvel vibrar na mala mas apenas a atirei para o sofá sem me preocupar minimamente com quem poderia querer contactar comigo. A minutos atrás ninguém parecia dar pela minha ausência, então porquê agora?

Peter caminhou até a cozinha, abandonando o casaco no sofá também e eu subi as escadas, degrau a degrau deixando de ver a sua imagem a partir do quinto.

Só queria honestamente a minha cama e ficar sozinha.

Descalcei os sapatos deixando-os meio a toa no chão e retirei o vestido colocando-o no cadeirão no canto do quarto. Encostei-me a porta sabendo que por mais forte que fosse, eu quebrara.

Não pensado bem nos meus atos, dirigi-me a casa-de-banho e enchi a banheira com água. Talvez pudesse por um fim a isto e talvez não fosse tão difícil assim. Acabei quase de ser violada e não sei como vou encarar o dia de amanhã com um sorriso na cara quando nada me parece fazer sentido. Só quero esquecer o mundo por uns momentos.

Entrei dentro da banheira enquanto sentia o quente a percorrer os meus pés gelados e baixei-me, deixando a roupa interior ser totalmente molhada.

- Oh fofinha...- o vestido é puxado para cima.- Tu sabes que isso não vai acontecer.- e o seu corpo é fixado no meu com uma força desnecessária. A sua boca coneta-se com a minha e o sabor a tabaco e álcool percorre a mesma, deixando-me com náuseas.

Forço-me a manter a sanidade mental mas tudo parece andar a roda e sinto-me tonta por momentos.

Uma dor foi imitida na minha cara e só quando reparei que tinha embatido no chão percebi que a chapada tinha sido forte e a minha pele ardia como se milhões de formigas estivessem a passar pela mesma.

- Sophie??- A minha respiração está descontrolada e agarro furiosamente os cabelos enquanto sinto as memórias atingir-me a mente novamente, a sua cara bem presente.

- Podemos fazer isto a bem ou a mal!- ele gritou, fazendo-me encolher e observar o seu olhar raivoso e a pistola dirigida na minha direcção

E então mergulho nesta banheira, decidida a parar o ataque de pânico que se inicia no meu ser sem qualquer aviso prévio

Far away ( I.j.h.m.y.y sequel) n.hOnde histórias criam vida. Descubra agora