Far away ( I.j.h.m.y.y sequel) n.h

10º Capitulo

A água faz os meus cabelos viajarem para a frente da minha visão enquanto eu me esforço por manter os olhos abertos. Talvez se ficar aqui o tempo suficiente para a minha respiração acabar, consiga eventualmente, sair deste pesadelo.

Imagens de Niall a repreenderem-me passam-me pela mente e deixo-me por momentos a observar o seu rosto numa carranca, os olhos ligeiramente fechados e os cabelos loiros a serem puxados para trás em sinal de frustração. Depois ele iria suspirar e colocar as mãos na anca em sinal de rendição e olhar para mim a espera de uma possível explicação que eu não lhe poderia dar porque não tenho. Sou uma idiota, é isso que eu sou.

Quando era mais nova, costumava fazer concursos de respiração debaixo da água com Stacy e os amigos dela, que eram portanto, meus amigos também. Apenas por convivência quase obrigada e nada mais. Nunca ganhava ou chegava perto da final porque, pelos vistos, não tenho uns pulmões fortes como todos os outros. Não que me interesse muito por isso, apenas estou a constatar um facto.

Fecho a visão quando sinto os pulmões a pedirem por oxigénio e forço-me a ficar em baixo, não me permitindo subir a superfície de maneira nenhuma. Talvez esteja a ser irracional, é possível que esteja mas sinceramente: Estou farta de tudo.

Sinto uma mão a puxar os meus ombros para cima, e engasgo-me ao emergir a superfície , puxando os joelhos mais para o meu corpo e tossindo repetidamente, sentindo-me estúpida por alguma razão.

- O que é que estás a fazer? Onde é que tinhas a cabeça?- a voz repreendedora soa aos meus ouvidos e eu penso em algum argumento para protestar mas nada me ocorre.

- Peter, ouve, tu não entend-

- Oh, não me venhas com desculpas! Estás doida da cabeça?- olho para as minhas mãos no colo, sentindo que são a parte do corpo mais interessante neste momento, e que lhes devo uma atenção imediata.- Não posso deixar-te sozinha por um segundo que tu fazes... fazes... isto!- sei que gesticulou para a banheira e todo este teatro mas sinceramente não quero saber. Só quero estar sozinha.- Onde é que estavas com a cabeça, repito?

- Talvez não estivesse com a cabeça em lado nenhum!- grito, sentindo a garganta a queixar-se pelo esforço investido.- Talvez quisesse uma pausa de tudo não entendes? Não aguento mais isto!- o olhar do moreno parece confuso e preocupado mas sempre respeitador para observar a minha face e não o meu corpo em trajes menores. Uma pequena parte de mim sente-se irresponsável mas a grande maioria está demasiado magoada para pensar sequer nisso.  É isto que eu faço sempre, deixo os problemas acumularem-se até a expulsão e depois é demasiado tarde para me parar. Porque é que eu não comunico logo como uma pessoa normal deve fazer?

- Talvez porque foste magoada anteriormente por desabafares sobre os teus problemas não achas?- a voz do meu subconsciente soa e eu mando-a para trás, pois agora é tarde para ele aparecer. Deveria ter soado a minutos atrás quando eu me encontrava imersa na água e não agora quando estou a levar um raspanete pelo meu comportamento.

- Anda secar-te, vais ficar doente...

- Não quero saber...- a minha voz soa como um murmúrio desesperado e vejo uma toalha branca a ser aberta na minha direcção, tapando o rapaz por detrás. Enrolo-me na mesma, sentindo a mudança de temperatura invadir o meu corpo e arrepiar todos os meus poros. Puxo a toalha bem próxima do meu corpo, sentindo o cabelo a molhar-me as costas e observando Peter que por uns momentos, que me olhava parecendo ponderar o que fazer. Não me admira, sou um caso perdido.

- Vou preparar algo  para comeres sim? Enquanto isso, veste qualquer coisa quente.- Acenei afirmativamente, suspirando de seguida, não me sentindo com forças para uma discussão neste momento. O rapaz alto suspirou também , deixando-me sozinha na casa de banho para observar o meu reflexo no espelho. Estou horrível. Pior do que antes, se é que isso é possível. O rímel escorre-me dos olhos dando-me uma visão triste de uma rapariga quebrada, e as olheiras por baixo dos meus olhos são agora evidentes sem o corretor que tinha sido posto no inicio da noite. Os meus olhos azuis estão sem vida e , oh meu deus, estou mais gorda? Não consigo observar-me nem que seja mais um minuto sem sentir um aperto no coração.