37° Capítulo

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- Odeio aviões... - resmungei, cruzando os braços ao peito e bufando em seguida. É que pelas minhas contas mentais, já passou quase uma hora desde o início da viagem e eu quero desesperadamente chegar a casa.

- Isto é um jogo? Eu agora! Eu odeio... Bolas de ping-pong.- Vitoria fez uma expressão de desagrado, o que me fez soltar uma breve gargalhada. - O que é? Elas acertavam-me sempre quando estava na escola.

- Bom, tu já és uma mulher feita, essa fobia é um pouco disparatada não achas?

- Cada um com os seus dramas, oh resmungona. - Acabei por levantar os braços em rendição, e olhar pela janela.

O por do sol, visto do céu, é um fenómeno completamente diferente. Estamos habituados a vê-lo mergulhar no oceano mas aqui ele esconde-se por entre as nuvens, deixando a sua cor espalhar-se no branco e partilhando o seu esplendor apenas aos mais sortudos.

São estes pequenos fenómenos que me fazem acreditar no belo, na graciosidade que ainda existe e na perfeição de algumas coisas. Nada é tão imperfeito como parece.

Ouvi Vitória suspirar a meu lado, e deixei os meus pensamentos para outra altura. As vezes estamos tão focados em nós próprios que nos esquecemos que existem pessoas a passar por dilemas tal como nós. E essas, mantém-se em silêncio para não incomodar ninguém.

- Fala, vá. - disse, tentando aligeirar o ambiente, mas ao ver os cantos dos lábios descaídos e os olhos meio fechados, percebi que não foi a abordagem mais correcta. - O que se passa? - a minha mão foi de encontro a sua, e virei-me naquele banco minúsculo, dando-lhe toda a minha atenção.

- É que... - suspirou, e aquele suspiro disse tanta coisa. Quer falar mas não sabe por onde começar. Não encontra as palavras. Não me quer desiludir. Não quer que eu perceba o quão profundos são na realidade os seus pensamentos. - Foi o John.

O que é que aquele louro oxigenado, sem uma pinta de sensibilidade fez agora?!

- Sim... O que se passou?

- Nós discutimos. Outra vez. As coisas não estão nada bem.- Pedi-lhe que continuasse, enquanto pensava em mil e uma maneiras mentalmente de falar com ele, sem que a morena descubra. - Ele quer viajar pelo mundo quando acabarem as gravações. Fazer uma pausa, espairecer e procurar novas culturas!

- Pareces gostar da ideia.

- E gosto mas.... E se nós não sobrevivemos? E se a viagem for um espécie de teste e nós não passarmos? - Tal como 50% das discussões, o conflito pessoal é a causa. Inseguranças que não tem origem na outra pessoa.

- Não podes pensar assim. Vocês adoram-se, não achas que está viagem iria reforçar a vossa relação, ao invés da enfraquecer? - o sinal em cima de cada lugar deu a indicação de que estávamos prestes a iniciar a aterragem. - Ouve, eu sei que custa confiar cegamente em alguém. E fazer uma viagem com ele, é um grande passo é verdade. Mas se ele não se sentisse preparado, não te teria convidado, certo? - caminhamos pelo corredor do avião, saindo mal foi possível. - Por uma vez, não tenhas um plano. Apenas vai, e espera para ver o que acontece.

- E se ele se farta de mim? - a preocupação era visível na sua voz e eu contive um sorriso ao ver o namorado em questão, à espera junto da zona das bagagens.

- Acho que isso não será um problema. - disse, acenando com a cabeça para a frente e vendo-a, em êxtase, a correr para os seus braços e rodopiarem no ar, sob o olhar de alguns espectadores e fãs.

Uma ponta de tristeza atingiu-me ao lembrar-me do quão longe Niall realmente se encontrava, e tratei de ir buscar a bagagem de ambas, deixando-a assim aproveitar mais uns momentos com ele.

Niall Pov
- Obrigada meu. - disse, fechando a porta atrás de mim. Taylor olhava-me com alguma relutância e eu tentava perceber o seu ponto de vista, uma vez que eu deveria estar no aeroporto com a sua melhor amiga. Também eu acho que estaria melhor lá.

- O que estás aqui a fazer? - o rapaz caminhou para o frigorífico e retirou uma lata de cerveja, atirando-me uma em seguida.

- Vim vê-la... Eu não aguentava mais. - deixei o líquido percorrer a minha garganta e reparei na sala a meu redor. A mesa que outrora se encontrava vazia, agora continha uma foto de todos em questão e uma caixa de chocolates comprada recentemente. As paredes estavam enfeitadas por diversas "selfies" em ponto grande e a varanda tinha agora uma mesa e algumas cadeiras para conversas noturnas.

- E porque não estás no aeroporto? Pensava que era isso que tínhamos combinado. - Taylor sentou-se no sofá do lado e observou-me.- Ela deve estar lá sozinha, a vê-los e a sentir-se miserável. Pensaste nisso?

- Não, na realidade...

- Pois, claro que não pensaste! Tu conheces a tua própria namorada sequer? - conseguia sentir a irritação por trás da sua voz e decidi que o melhor mesmo seria deixa-lo dizer tudo aquilo que desejava. - Deus, ela deve estar a sentir novamente que ninguém se interessa por ela, que só a vieram buscar porque estava com Vitória. Ela deve estar a sentir que nem valia a pena ter vindo. Deve estar a sentir-se um bocado de merda, achas isso correto? - ele esfregou as têmporas e eu bebi mais um pouco, pensando por momentos nas palavras dele. Estava carregado de razão, como sempre está quando se trata dela.

- Não, mas eu quis fazer-lhe uma surpresa. E aparecer no aeroporto iria atrair demasiadas atenções para estar sozinho com ela... - expliquei o meu raciocínio, e ele respirou fundo pesadamente.

- Pensaste só em ti portanto?

- Pensei em nós. - disse, firmemente, sentindo uma ponta de ciúme do rapaz moreno.

- Desculpa meu. - Taylor, sentou-se a meu lado e remexeu a lata com as duas mãos. - Eu só não quero que ela seja magoada novamente.

Por mim.

- Ela não irá. - garanti-lhe.

Estamos a chegar a reta final. E eu tenho tantos pensamentos para partilhar com vocês, que terão de aguardar pelo último capítulo :)

Far away ( I.j.h.m.y.y sequel) n.hOnde histórias criam vida. Descubra agora