Capítulo 11 - Fantasma

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Sentia como se ainda estivesse dormindo em suas mãos.

Não vou te deixar sem resposta, voltarei aqui todas as noites. Me sentei confusa na cama. O sol tentava desejar que meu dia fosse bom forçando os raios solares por finas frestas da cortina, mas em vez disso uma nuvem fez a saudação tampando tudo. A voz dele ainda ecoava em minha cabeça como se ele tivesse acabado de me dizer aquilo, pouco antes de eu acordar. Não havia ninguém em meu quarto, deduzi que seria um eco de um sonho. Normalmente não gostava de me lembrar dos meus sonhos, mas seria interessante ainda usufruir esse na memória.

No caminho para a escola meu pai me disse que eu estava diferente, ele devia estar falando do meu humor. Era verdade, eu me sentia bem com tudo, como se o que estivesse acontecendo comigo fosse por consequência de noites de insônia. Eu nunca tinha dormido tão profundamente, isso até me ajudou nas conversas com minhas amigas, não houve devaneios insuportáveis e consegui rir das piadas ao mesmo tempo que elas.

Laura e Julia ainda estavam comigo quando Alec chegou acompanhado do namorado de Laura. Ignoramos o beijo deles enquanto Alec falava.

— Yuri também sabe sobre os cetros das estátuas.

— Sobre o que? – perguntou Julia.

— Ele encontrou uma no meio da trilha em Calabura, há uns trinta quilômetros. – Julia ainda estava sem resposta.

— Calabura é outra cidade, você vai até lá? – perguntei como repreensão, era muito longe.

— Nós vamos. – ele sorriu.

— Vocês são loucos, Laura não vai deixar ele ir.

— Não, não. Todos nós vamos. – interrompeu Yuri ainda com uma mão na cintura de Laura. Ele começou a explicar para ela em sinais.

— Eu não vou. – falei.

— Uma pequena viagem em amigos, ninguém vai morrer. – Alec passou o braço pelos meus ombros, ele não parecia preocupado em me convencer, era possível ver a certeza que ele tinha de que eu cederia a qualquer momento.

— Quando?

— Agora.

— Meu pai espera que eu chegue em casa em dez minutos.

— Eu quero ir. – falou Julia.

— Viu? Não sobra espaço pra mim na moto.

— Ah, vamos de moto?

— Também estou com a minha. – falou Yuri, ele era mais velho que nós.

— Nós damos um jeito, Alice parou de crescer com doze anos. Cabe três, minha moto é grande.

Julia começou a sorrir com empolgação, olhei atravessado para Alec que definiu minha altura exageradamente. Eu não tinha me convencido nem quando os garotos já estavam montados nas motocicletas. Laura veio até mim e me aconselhou a ligar para o meu pai da escola, avisar sobre a viagem, ela tentou me tranquilizar dizendo que seria divertido sairmos juntos. Argumentei que poderíamos passear em lugares mais perto, marcando uma data específica, sem improviso.

— Vamos, Alice. – Julia também chamou se sentando atrás de Alec, Laura fez o mesmo atrás de seu namorado. Minhas amigas queriam ir. Claro, elas não tinham nenhum pai super preocupado que ficava furioso com atrasos.

Olhar para os casais à minha frente me fez questionar quais eram suas ambições. Alec e Julia usavam jaqueta por cima do uniforme da escola como se fosse uma grande violação que os faziam parecer temidos ou enaltecidos, as duas coisas juntas talvez, eles buscavam poder. Enquanto que Laura e Yuri não deixavam nem as cores dos sapatos discordarem com as do uniforme, eles buscavam fazer a diferença apesar disso. Como acabamos reunidos ali? Acreditava que nenhum deles sabia as reais intenções de Alec com a estátua, Yuri deve ter descoberto sobre o cetro acidentalmente.

A Rainha dos AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora