Tempo Para Pensar.

8 1 0
                                    

As crises de raiva de Katsuki haviam melhorado, podemos dizer que ele estava conseguindo um progresso. Mas o que mais o preocupava eram os gatilhos para seus surtos, Kirishima não merecia passar por isso.

Certo dia, enquanto assistia a notícia de que Endeavor e Dabi foram presos, acabou deixando o controle da TV cair no chão, e isso foi o suficiente para quebrar minimamente a lateral esquerda do objeto preto. Como estava na sala dos dormitórios, se exaltou e gritou para o nada, reclamando de como os controles remotos estavam ficando péssimos, e que nunca mais iriam mexer na TV, já que, em seus pensamentos, o controle havia quebrado.

Com os gritos, o ruivo acabou acordando, balançando a cabeça em negação ao descer as escadas - ainda de pijama, pois estava cedo para se arrumar para as aulas - e notar seu namorado gritando com o objeto inanimado.

— Bom dia, Kats. — Ele desejou, sonolento, recebendo gritos histéricos de um loiro irritado em resposta. Bufou, descontente com aquele regresso. — O que aconteceu, hein?

— O controle caiu da minha mão! Agora ninguém vai mais usar essa merda, tá quebrado mesmo! — O loiro retrucava, jogando com força o controle de televisão no sofá fofo.

— Pede pra Yaoyorozu-san consertar. — Kirishima disse, simples, como se isso fosse acabar com todos os problemas daquele dia.

Assim que Bakugou começou a gritar mais sobre Momo, a dita cuja apareceu, descabelada e bocejando.

— Bakugou-kun faz muito barulho. — Ela diz, olhando para os dois garotos parados na frente do sofá e observando o denominado boca-suja se virar, irritado, para si, mas logo o ruivo coloca a mão na frente da boca de seu namorado, suspirando.

— Bem, Yaoyorozu-san, é que precisamos ver se o controle ainda está funcionando, mas o Katsuki não quer testar, já que foi ele que, tecnicamente, quebrou o negócio.

— Ah, era só terem falado antes! — Momo diz, com um sorriso amigável no rosto, pegando o controle remoto e observando a TV, que agora passava um comercial qualquer. Apertou em um botão e abaixou o volume do aparelho grande. — Está funcionando perfeitamente, foi só um trinco no controle.

— Pronto, Kat, não precisava disso.











































































































































O ruivo se sentava na ponta da cama. Após as aulas, sua mente e corpo estavam cansados, mas precisava refletir sobre o relacionamento amoroso que tinha com Katsuki.

O temperamento do loiro nunca foi um problema para Eijirou, mas estava sendo, e o pior dos problemas era a proximidade que seu namorado tinha com Izuku Midoriya. O esverdeado estava conversando demais com o Bakugou mais novo, mas Eijirou sabia, no final das contas, que não poderia reclamar com o garoto, pois os dois são amigos de infância que estão se reaproximando com o tempo.

Esse tal tempo magoava Kirishima de uma forma inalcançável, sentia seu peito apertar toda vez que via e ouvia seu namorado conversar abertamente sobre heróis, mais especificamente o All Might, com Izuku.

Temia que seu namoro fosse arruinado por causa de seu ciúme ridículo, ou por sentimentos amorosos de Bakugou Katsuki pelo Midoriya mais novo.

Sabia que o garoto de cabelos verdes namorava, mesmo sendo ilegal por causa da sua idade, mas… Shoto aceitaria um trisal? A possibilidade de uma resposta positiva o assustava, Katsuki facilmente se apaixonaria pelos meninos, tanto o de sardas, como o bicolor.

Por causa desses pensamentos, ele decidiu chamar Bakugou para uma conversa sobre o relacionamento dos dois.

Estava ainda sentado quando ouviu batidas na porta. Suspirou e se levantou, indo até a entrada e abrindo para o namorado entrar, o que ele fez de cabeça baixa e se sentou no banco da escrivaninha do ruivo.

Após Kirishima fechar as portas, o loiro bufou, irritando-se com o silêncio que havia pairado sobre os dois.

— Eu quero terminar. — Três palavras fizeram o coração de Bakugou bater mais rápido e logo ele olhou pro outro, assustado, mas observou Eijirou continuar a falar. — Você anda sempre com o Midoriya, não posso impedir que se aproximem, mas não tem mais tempo para mim, não me trata como namorado, mesmo que seja do seu jeito. Também não posso bloquear meus sentimentos e deixar de sentir ciúmes toda vez que você sorri ao conversar com ele, não posso recusar a sensação de saudades do seu cheiro, seu beijo, sua atenção em mim. De jeito nenhum eu te prenderia a um relacionamento que não é sustentado por sentimentos recíprocos, estamos sempre brigando e nos afastando cada vez mais. Por isso eu peço: Me deixe. Eu vejo esse relacionamento como uma pirâmide de cartas em uma sala movimentada. Por mais que tentem reerguer a pirâmide, sempre cairá, e vai chegar uma hora que a pessoa simplesmente desistirá de remontar sua obra. E essa hora chegou.

Katsuki permanecia paralisado, mas juntou forças para falar algo perante àquele discurso de seu amado. Nem tinha percebido que o ruivo se sentia assim, que tipo de namorado era?

— Me dê um tempo para pensar.

(Não) Me Deixe.Onde histórias criam vida. Descubra agora