A Interrupção Dos Testes.

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- Bakugou Katsuki? - A voz grave do médico chamou, e isso foi o suficiente para que o loiro se levantasse do colo de Ashido e aparecesse no campo de visão do profissional. - Por favor me acompanhe, mais alguém? O limite de visitas na sala é para 2 pessoas.

- Denki Kaminari. - O outro loiro se levantou, estendendo a mão e correndo até o doutor de cabelos brancos. - Melhor amigo do Kirishima, as mães não vieram por estarem ocupadas!

- Mães? - O homem tombou a cabeça em confusão. - Ah sim.

Ele guiou os dois até a ala onde estava Kirishima, onde ele, apesar de estar só com um ferimento na perna, se encontrava com o peitoral e braços igualmente enfaixados, além de uns curativos nas bochechas, os ferimentos da cintura para cima deveriam ter sido feitos quando o corpo dele foi de encontro ao chão. Bem, o curativo em uma das mãos era de soro, então tinha menos uma preocupação.

Eijirou estava acordado olhando toda a sala em silêncio, mas, quando viu Kaminari entrar no quarto, abriu um sorriso amigável e saudou-o. Notou que Bakugou o observava pelo vidro da parede do quarto, então ele virou a cabeça em direção ao namorado, levantando - com um certo esforço - o braço direito, que estava recebendo soro, fez um positivo com o polegar para cima e seu sorriso se abriu mais - se é que tem essa possibilidade -, porém Bakugou continuava com uma expressão triste e angustiada, até se mover para dentro do quarto, em silêncio.

-... Cabelo de Merda, me desculpe...

- Não, Kat, essa facada não foi nada, ok? Ok! Vamos conversar, vem! Senta perto do Denki!

- Não é por isso... É por causa da briga... Do Midoriya...

- Hm? - Denki virou a cabeça em direção ao loiro explosivo, com um semblante que esbanjava confusão. - O Midoriya? O que ele tem a ver com o ferimento do Kirishima?

- Posso explicar pra ele, Kats? - O ruivo perguntou.

- 'Tá. - Logo o outro resmungou, encostando na parede e bufando em desconforto por ser tão cruel.

Lembrou de sua infância, foram várias vezes que Izuku foi empurrado, humilhado, xingado e ridicularizado por Bakugou, o esverdeado admirava muito Katsuki, então não saía de perto do mesmo, o que de certa forma irritava o amigo de infância.

Inko não o odiava por fazer mal ao seu filho, muito pelo contrário, o amava e o apoiava em qualquer decisão sua, era como uma segunda mãe, e o perdoava por todas as vezes que fez algo ruim ao esverdeado mais novo.

- Bakugou? Bakugou! - Quando percebeu que já estava divagando demais, foi por causa da mão de Kaminari agitando na frente de seu rosto.

- Hm, cara de idiota.

- Já vamos sair para as mães do Kirishima visitarem ele, elas já chegaram.

- Vou me despedir dele.

O loiro andou até a maca, segurando uma das mãos de seu amado e a beijando.

- Ei, desculpa não ter pedido desculpas, eu levei em conta apenas o meu orgulho, a minha situação... Eu ainda não pedi desculpas pro Midoriya... Deku... Midoriya... Ai, 'pra aquele brócolis lá.

- Eu vou sair dessa maca e te bater!

- Ok, ok! Midoriya! - Katsuki levantou as mãos em desistência, logo sorrindo de canto ao ver o sorriso animado do namorado ao ouvir o loiro falar o sobrenome do amigo de infância.

- Eu vou te ajudar a se acostumar a chamar ele de Izuku ou Midoriya! - Ele disse, empolgado. Bakugou sorriu, se retirando da sala.
































Izuku se recostou na parede de seu dormitório, já havia visitado Kirishima, e estava de noite, Aizawa havia avisado que os testes iriam atrasar por causa do ferimento do falso ruivo. O esverdeado começou a lembrar de quando era criança.

"- Mamãe, mamãe, o Kacchan me bateu!

- Não se preocupe, filho, é só o jeitinho dele de demonstrar amizade!"

- Eu acho que finalmente estou vendo esse "jeitinho" se dissipar... Muito obrigado, Eijicchan... - Refletia sozinho no seu próprio mundo.

Midoriya ouviu batidas um tanto agressivas na porta, estranhou, quem, em plenas sete da noite, sairia da sala de estar do alojamento da 1-A e iria bater na porta de outra pessoa?

Ao abrir a porta, ficou boquiaberto, pois se deparou com Katsuki, ele vestia uma camisa vermelha sem estampas, provavelmente de Kirishima, já que havia ficado um pouco apertada no loiro, tinha um short preto em suas pernas e calçava uma sandália laranja - sua cor favorita -, estava com uma cara de poucos amigos, mas Midoriya conseguiu decifrar - pela duração da amizade - dor, tristeza, culpa e muita angústia naquela expressão mal-humorada.

- Kacchan?! - Quase gritou, dando espaço para o outro entrar, o que ele fez em puro silêncio. Logo que o loiro se sentou na cama com lençóis do All Might, começou a chorar e soluçar, o que assustou ainda mais o esverdeado, afinal, nunca havia visto um sentimento verdadeiro de Bakugou sendo mostrado por trás da carranca habitual.

- Mi-Midoriya... Me desculpa por tudo, é sério, eu nunca mais faço isso! Eu vou tentar ser melhor, eu juro! Eu faço qualquer coisa, mas me perdoa!

- Oh, Kacchan... - Izuku fechou a porta e se aproximou do garoto, envolvendo seus braços cheios de cicatrizes nos ombros do mesmo, não poderia pisar em falso, Bakugou já estava se abrindo demais para si e não poderia decepcioná-lo. - Está tudo bem, eu não guardo rancor de você...

Foram alguns minutos repetindo frases do tipo para o loiro se acalmar, e então ele dormiu. Para não ter a visão de um estudante sonolento ao acordar e irritado, o estudante de cabelos verdes e pretos logo o levou até seu quarto, o embalando na coberta quentinha e deitando sua cabeça no travesseiro. Pegou uma pelúcia do Crimson Riot no quarto de Kirishima e colocou entre o amontoado de fofura que era Bakugou dormindo.

Izuku desceu até a sala de estar, encontrando todos os seus amigos gritando e quase não conseguiu entender o que eles falavam, mas foi quase.

- Olha, se você fez o meu melhor amigo chorar, eu torço seu pescoço! - Denki vociferou para Mina, que rebateu com mais um berro estridente.

- Eu não fiz nada! E quem me garante que não foi alguma coisa sua, Denki?

- Ei, gente! - O menino de cabelos ondulados praticamente gritou para poder sobressair em meio aos tons altos da discussão entre colegas, mas logo abaixou o volume da voz. - Por favor, falem baixo, o Kacchan está dormindo... Vou explicar o que aconteceu, se acalmem. - Logo Midoriya contou que havia tido um pedido de desculpas, que ele havia presenciado um choro de Katsuki e outras coisas em relação à amizade dos dois e a criação do Bakugou mais novo, para situar os colegas de classe do caso que tinham que lidar.
































Já com todos os alunos, menos Eijirou, na sala de estar, Aizawa entrou com alguns papéis.

- Os testes serão interrompidos por tempo indeterminado, já que a pele da perna no local do ferimento rachou pela ativação tardia da individualidade do Kirishima, e ainda tem o furo da facada, acho que vamos continuar com mais duas semanas para todos os testes, então tudo mudou para mais de um mês neste projeto.
































- É culpa minha, só minha... - Katsuki sentia um enorme remorso e descontava tudo nos prédios da Área Beta.

Todos os alunos ganharam permissão para treinarem naquele ginásio, e Bakugou se aproveitou disso para que pudesse extravasar todo esse sentimento ruim de repulsa às suas atitudes.

- Se eu não tivesse ido puxar assunto do meu jeito horrível com o Izu... Deku? Izuku, ele ainda estaria saudável? A gente não teria brigado, eu não teria esfaqueado ele, mesmo que por engano...

- Bakugou!! - Denki gritou, acenando exageradamente para o melhor amigo, se é que sua relação com o loiro se intitulava assim. - Vou treinar com você!!

O sorriso de Kaminari ao receber somente um resmungo em concordância com o fato deles treinarem juntos pôde acalmar um pouco o loiro explosivo.

(Não) Me Deixe.Onde histórias criam vida. Descubra agora