Dezenove: Eu não sou amigo do sol

2.1K 296 31
                                    

De pé tão perto dele, Jimin ficou impressionado com o tamanho de Namjoon. Ele era um homem grande – um pouco mais alto do que Jungkook – com ombros maciços, pernas longas e musculosas. Parecia poder esmagar madeiras com as próprias mãos. Perguntou-se se sua personalidade gregária
contribuía ainda mais para a sensação de poder físico que ele exalava.

Ele veio a Kalav com uma pequena comitiva de soldados de Azalr. Seu pequeno número sinalizava um gesto de paz e confiança em Jungkook de que
este jantar seria tão seguro e amigável como o que o Zhadir participou em Dailus.

Os convidados de Azalr misturaram-se com os oficiais Zhadir e os conselheiros das vilas e dos distritos de Zhadir sob a proteção de Kalav. Jimin admirou a facilidade com que os dois grupos socializavam, tão diferentes de seu casamento onde Merl e Zhadir quase empunhavam espadas um sobre o outro. Tais ações pareciam contra-producentes para as realidades em mãos: os Zhadir eram aliados dos Merl através do comércio, enquanto as hostilidades com os Azalr se tornavam cada dia mais quentes. Namjoon e aqueles sob seu comando eram únicos na batalha política. Jimin se perguntou quanto tempo sua amizade
com Jungkook duraria depois de uma declaração de guerra ou acusação de traição. Ele esperava que não acontecesse.

— Você é um excelente anfitrião, Vossa Alteza e seus cozinheiros em perigo de serem levados para Dailus. — Namjoon inclinou a cabeça para onde os criados limpavam os restos do jantar das mesas. Em um canto, um quinteto de músicos Zhadir tocava instrumentos, as melodias assustadoras acompanhando o estrondo de várias conversas. — Eu gostei especialmente da torta scarpatine.

Jimin estremeceu. Sua esperança de nunca mais ver ou comer a delicadeza mais querida e revoltante de Zhadir foi em vão. Quando Jungkook informou que o prato era um dos favoritos de Namjoon, ele se resignou a outra batalha culinária com sua comida e colocou o scarpatine no cardápio. Ele pediu batatas assadas também, muito para a aversão do cozinheiro-chefe.

Quando os criados trouxeram a comida e a puseram sobre a mesa, Jungkook se aproximou e sussurrou em seu ouvido. — Vingança, esposo?

— Dificilmente. — Ele respondeu, mantendo um olhar cauteloso sobre a torta mais perto dele. A crosta superior dourada, com seu toque de sal brilhando, ondulou de forma preguiçosa. — Mas estou morrendo de fome e não tenho intenção de comer essa abominação.

Seu convidado de honra não compartilhava sua aversão de qualquer alimento. Tão habilidoso quanto qualquer Zhadir, Namjoon fez um rápido trabalho com a escarpatine e sua cauda como chicote, abriu a concha com a faca e deu uma mordida generosa na carne cinza fumegante.

O estômago de Jimin se revoltou. Esqueceu sua náusea quando Namjoon o elogiou. — Uma excelente escolha combinar o scarpatine com a batata, Vossa Alteza. Eles são melhores juntos do que separados.

Ao lado dele, Jungkook engasgou em sua taça. Ele limpou a boca com seu guardanapo. — Que desperdício de um bom scarpatine. — Ele murmurou em sua respiração.

Que desperdício de batata, pensou. No entanto, quanto mais pensava na observação de Namjoon, mais sua diversão aumenta.

— E porque está sorrindo tão brilhantemente?— Jungkook olhou para ele, seus olhos cintilantes brilhando quase vermelho escarlate na luz das tochas do salão.

Ele olhou para Namjoon, limpando o prato com alegria e lançando um olhar ocasional a Lalisa nas proximidades. A prima de Jungkook se recusava a encontrar seu olhar, mas Jimin capturou a mulher olhando o Lorde de Azalr mais do que algumas vezes durante o jantar.

— Somos nós, sabe. — Disse ele.

— O que somos nós?

— O scarpatine e a batata. Melhor juntos do que sozinhos. Pelo menos eu penso assim.

O destino de um Ômega [Eternos]Onde histórias criam vida. Descubra agora