Décimo Capítulo: Rainha das Sombras

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Jungkook escoltou Jimin pelo longo corredor que levava à sala do trono. Ele segurava seu braço, os dedos apertando a pele, mesmo seu antebraço. Era o único sinal de sua ansiedade, além de sua palidez. Ele tinha uma expressão serena e seus passos eram firmes e seguros na escuridão do corredor.

O silêncio de Jimin aumentava conforme se aproximavam de Zhadir e se torna completo quando chegaram ao cume e olharam para baixo para a
cidade mal iluminada aninhada em um pequeno vale rodeado por colinas menores. Ele respondeu suas perguntas com acenos ou movimentos de sua cabeça e de vez em quando um curto sim ou não. Ele podia sentir o cheiro do medo saindo dele.

— Você não está sozinho, Jimin. — Ele tranquilizou-o pela décima segunda vez antes de sua caminhada até a sala do trono e ele simplesmente assentiu. Desta vez, o ômega se virou para ele, com o rosto limpo de expressão.

— Este é o reino de Zhadir-Duo, Jungkook. Sou humano. Claro, metade ômega. Mas aqui, estou
sozinho.

Ele parou e o ômega com ele. Jungkook olhou para seu esposo humano-ômega, observando o cabelo colorido e seus olhos estranhos, a pele pálida com seus tons em constante mudança de acordo com seu humor. As reações de seus soldados para com ele não seriam nada em comparação com as da nobreza Zhadir.

Isolados por tanto tempo, a maior parte dos nobres raramente viam um ser humano. Aqueles que o fizeram, mal se lembravam. Olhariam, sussurrariam entre si e fariam muito pior do que isso.

Jungkook queria protegê-lo. Protegê-lo do julgamento inevitável, de conhecer não apenas as víboras da corte, mas também aqueles que as
governavam – seus pais. Mas era incapaz de fazê-lo. Ele teria que enfrentá-los, um ser humano entre um povo que até pouco tempo considerava sua espécie como alimento. Mas ele não iria enfrentá-los sozinho.

Ele segurou sua mão livre. — Você também é um príncipe de sangue através do casamento, um membro da família real. Meu esposo. Cada Zhadir naquele recinto lhe deve sua lealdade e respeito. Cortarei qualquer língua que lhe insulte, Jimin. — Ele apertou os lábios contra a palma de sua mão.

Sua postura serena desapareceu. Sua boca se contraiu com a sugestão de um sorriso. — Ou enterrar um machado em sua cabeça?

Sua culpa pela incapacidade de protegê-lo de sua própria família aliviou um pouco o nervosismo dele. — Sou adepto à lanças e as espadas. Apenas nomeie quem você quer que eu espete para você.

O sorriso de Jimin se alargou. — Acho que essa não é a melhor abordagem para ganhar seguidores. — Ele inalou forte antes de soltar o ar lentamente. — Posso fazer isso, mas você deve prometer que não soltará minha mão, mesmo que tente quebrar seus dedos.

Jungkook gentilmente puxou-o para seus braços. Sentia-o frágil em seus braços – um pouco mais que uma sombra envolvida ao redor de ossos finos e vestida em sedas Merl. — Eu prometo.

— Eu não vou lhe envergonhar com o meu medo, Jungkook. — Ele sussurrou contra seu pescoço.

Ele suspirou em seu cabelo. — Mas poderia envergonhá-lo com o meu, esposo. — Ele acariciou suas costas e ofereceu um último conselho antes que fizessem suas apresentações na corte. — São apenas serpentes, Jimin. Esmague-os sob seu calcanhar.

Ele o levou pelo resto do caminho para as portas duplas esculpidas, guardadas por um par de soldados. Os sentinelas se inclinaram, seus rostos fechados e sem expressão como o de Jimin estava agora. As portas se abriram, revelando uma câmara cavernosa, com tetos altos, paredes decoradas com tapeçarias e armas ladeadas por estátuas de antigos reis e rainhas Zhadir – tudo iluminado por tochas piscando.

Jungkook mal registrou sua grandeza. Ele cresceu naquele palácio. O salão era assim desde antes de seu avô nascer e provavelmente já muito antes disso. Então, ele se concentrou nas figuras observando-os de tronos elevados em uma plataforma com nove degraus.

O destino de um Ômega [Eternos]Onde histórias criam vida. Descubra agora