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                    any gabrielly pov.

— Chegamos — anunciei com certa inocência após sentir o olhar de Nour me perfurar durante todo o caminho em direção a loja de noivos.

Ela sabia que tinha alguma coisa errada.

Eu só precisava garantir que não ficaria sozinha com ela nem por um segundo. Seria um dia cheio. Escolheríamos o vestido de Nour e o terno de Alex, além dos vestidos das madrinhas.

Senhora Ardakani e Sabina também estavam a caminho, porque iriam nos ajudar a escolher, além de aprovar seus próprios modelitos.

Aparentemente a vida de duas ricaças era super ocupada, pois ainda estavam participando de um almoço chique e beneficente da última vez que confirmei a presença delas.

Eu já tinha tudo calculado. Busquei meu casal de amigos em cima da hora no hotel onde tinham passado a manhã medindo paredes para comprar as luzes.

Nour estaria envolvida em uma montanha de vestidos, não tendo a oportunidade de me investigar. Eu, por outro lado, passaria todo o tempo dentro de um provador e ninguém sequer perceberia que eu estaria lá. Noah, pelo menos, nunca perceberia.

— Mais uma vez, obrigada pela carona, Any — Alex falou, abrindo a porta. Sua noiva permaneceu imóvel. — Fico cada vez mais feliz por você ser louca o suficiente para manter um carro em plena Nova Iorque.

— Pode contar comigo. — Dei um sorriso.

— Querido, vai ver se Sabina e minha tia já estão lá dentro, por favor? — ela pediu e o noivo me lançou um olhar simpático, como se dissesse "sinto muito", sabendo que a namorada não perdoava.

Ninguém podia escapar do interrogatório de Nour Ardakani.

— Vou aproveitar e... — comecei a dizer, tirando o cinto de segurança, mas as mãozinhas irritadas da morena me pararam.

Suspirei.

— Você vai me dizer o que está acontecendo, isso sim — rebateu, usando o tom de jornalista.

Logo em seguida, tirou o cinto de segurança, cruzando os braços e se virando em minha direção. Encarei as mãos no volante, fingindo não perceber minha inquisidora.

Por um tempo durante a faculdade, minha adorável amiga, que tinha um adesivo escrito "acabe com o aquecimento global" no quarto e como passatempo fazer yoga, tinha a pretensão de trabalhar com cobertura de guerra. Foram meses até ela ser demovida da decisão de ir para campos de batalha. E isso, infelizmente, não aconteceu antes de fazer um workshop de persuasão com um ex-agente da CIA.

Nour tinha se tornado uma ótima repórter de esportes, porém o que aprendeu naqueles três dias de palestra continuava em seu sistema. As vítimas frequentemente éramos Alex e eu. Não o julguei por ter me abandonado. No seu lugar, eu teria feito o mesmo.

— Não sei do que está falando — contornei, inocente.

— Besteira. — Ela me cortou. — Faz alguns dias que tem alguma coisa acontecendo e você não quis me contar o que é. Está tudo bem se não quer, não vou invadir sua privacidade, mas preciso dizer que estou aqui para te ouvir. Quando quiser — ofereceu e eu suspirei, segurando o volante.

Nour tinha sido minha confidente nos últimos anos. Eu sabia tudo sobre ela e minha amiga, tudo sobre mim. Queria lhe contar o que estava rolando, mas me sentia confusa.

— É só que... — Minha voz morreu. Nem eu tinha certeza do que se tratava toda aquela história.

— Não precisa me contar. Sério — repetiu, embora, dessa vez, de maneira doce. — Só queria dizer que, às vezes, as coisas são muito maiores em nossa mente e quando as falamos em voz alta, podemos entender o verdadeiro tamanho delas.

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