011.

315 49 9
                                    

noah urrea pov.

Seu nome flutuou pelos meus lábios como uma prece. Era como se eu estivesse vendo um anjo.

Literalmente um anjo.

Com todo aquele branco esvoaçante ao redor dela, eu quase pude ouvir harpas em meus ouvidos.

Any usava um vestido com decote que deixava o colo exposto, a pele morena se misturando ao tecido que abraçava suas curvas, a cintura marcada por uma faixa branca delicada e pelas flores sutis descendo até os joelhos. Olhei para o rosto dela e, de novo, a imagem de um querubim apareceu na minha mente. Os lábios cheios estavam entreabertos de maneira sutil, o cabelo preso em um coque desfeito na base da nuca, os olhos inocentes, curiosos. De repente, quis me ajoelhar e agradecer.

— Noah? — Nour apareceu, saindo do outro provador. Aquilo quebrou a alucinação. Eu não estava sendo recebido na porta do céu por um anjo. Estava em uma loja de noivas e tinha uma anã de terno me olhando.

— Cristo, Nour, você parece um umpa lumpa. Esse terninho te rouba uns vinte centímetros de altura — falei, voltando-me para a morena, que comprimiu os lábios em minha direção, escondendo um sorriso.

— Obrigada por aumentar a autoestima da noiva, tenho certeza que... Any! — Nour se virou e viu a amiga, ficando embasbacada. Sabia que não era só eu que estava notando toda aquela beleza.

— Esse é muito legal, não é? — ela respondeu e olhou para os pés, parecendo tímida, uma ação que eu quase nunca tinha visto nela. Any era sempre de confrontar e expor. Naquele momento, porém, parecia... vulnerável.

— É lindo. — Não pude evitar as palavras e não me referia somente ao vestido. Na verdade, ele era pequeno perto dela. A estranha eletricidade de uns dias atrás, quando estávamos em seu apartamento, tomou conta da minha pele de novo e dei um passo inconsciente em sua direção.

Me aproximei devagar enquanto Any olhava para o espelho. Ela ergueu o rosto para ver seu reflexo, o nosso reflexo. De repente, foi fácil demais enxergar a visão que me dava. Any não era uma confusão como eu. Era boa, decidida, bonita e resiliente. Um dia, usaria um vestido branco como aquele para encontrar um idiota que, com certeza, não a mereceria no altar.

Aquilo me perturbou.

— O que acha? — Any sussurrou e me perguntei se ela falava da imagem agoniante que minha mente tinha me dado.

— Ai, meu Deus! — A voz de Sabina quebrou o momento, fazendo com que eu me afastasse, piscando, confuso. Merda! Aquele clima de casamento estava mexendo demais comigo.

Fingi uma tosse e me inclinei contra uma das paredes, mantendo a mão no bolso enquanto tentava lidar com a confusão crescente que eu sentia.

— Esse é o vestido mais lindo do mundo! — A prima de Nour afirmou, segurando as mãos de Any. — Se você tem planos de se casar um dia, por favor, leve agora.

— Não tenho — respondeu, o olhar magoado lançando-se por um segundo em minha direção. — Talvez Nour devesse experimentá-lo.

— Ah, com certeza! — senhora Ardakani se fez ouvir. Percebi que aquele era o momento da noiva. Olhei ao redor, procurando por Alex, mas nem sinal dele.

— Não — Saby rebateu, também olhando ao redor. — Nour é muito baixa para esse vestido, além de o formato do corpo dela ser pera e não ampulheta. Você devia experimentar... — Soltou as mãos de Any, começando a vasculhar as araras como um cão da polícia procurando por drogas. Ela era boa naquilo.

— Aqui! Fit and flare, com silhueta fina ajustada desde o busto e que se alarga na saia logo abaixo do quadril.

— Obrigada... Eu acho. — Nour pegou o cabide da prima com um vinco entre as sobrancelhas e se voltou para mim. — Ah, Noah, Alex está do outro lado da loja experimentado ternos. Você também devia estar lá.

Os Padrinhos | noany Onde histórias criam vida. Descubra agora