T2- Capítulo 13 - Alegação

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Maria Augusta tremia dos pés à cabeça. Não tivera coragem de continuar morando na casa que dividia com o marido falecido e por isso estava instalada, de volta, na casa dos pais, endereço que Antenor Martelli fornecera aos oficiais de justiça que a mantinham sob vigilância.

Sempre que precisava sair, um circo tinha de ser armado para evitar a imprensa e por isso a última reunião com os encarregados de sua defesa foi na mansão dos Vieira, no Rio de Janeiro.

Sarah cobriu seus olhos com óculos escuros quando deixou o carro, sendo imediatamente cercada por jornalistas. Antenor Martelli saiu pela outra porta traseira e João logo os alcançou, vindo do segundo carro. O som de flashes e perguntas sobre o caso era ensurdecedor. João sorriu para os fotógrafos e ameaçou declarar alguma coisa, mas o olhar reprovador de seu chefe o impediu.

-- Está em todos os jornais que ela vai confessar hoje, Sarah-- disse Antenor, quando acabara de passar pelo portão. -- Como eles conseguem essas informações? A Martelli deveria ser um quartel general.

A advogada simplesmente continuou andando, carregando sua pasta.

-- Doutor Martelli, você viu esse circo todo! -- comentou João.

A resposta dele foi um olhar de pouco caso que fez o sangue sumir da face de seu subordinado.

-- Talvez seja sensato uma declaração na saída, não acha? Um passo de simpatia nosso e quem sabe não consigamos fazer a senhora Sobral parecer menos com um monstro? -- sugeriu Antenor. -- Você vai fazer isso. É uma palavra sua que eles querem, acho ótimo que se mantenha calada, mas às vezes é preciso abrir exceções. Vai ser muitíssimo bem interpretado.

Ela não respondeu com mais que um aceno. Os empregados os receberam e Sarah não os olhou nos olhos.

-- A senhora Sobral? -- quis saber João, tomando a frente.

-- Que bom que chegaram. Maria Augusta está no meu escritório, com os nervos em frangalhos. Muito prazer, Vicente Vieira -- ele estendeu a mão a Antenor.

-- Lamento por seu genro, senhor. E agora vamos andar logo com isso -- ele se dirigiu ao escritório após a indicação.

-- Quase não acreditei quando minha filha me contou. Advogada? Que tipo de ironia do destino é essa, Sarah ?

Ela removeu os óculos do rosto.

-- A mesma que fez abrirem a porta da frente dessa casa para mim de novo.

Ao ouvir aquilo Antenor parou imediatamente de andar e encarou a advogada, que não lhe dispensou qualquer atenção.

-- Você parece bem -- comentou ele. -- Espero que não seja só aparência.

-- E Marisa? -- perguntou ela, cordialmente.

-- Sedada, em seu quarto. Ela não agüentou depois do que leu nos jornais. Ouça, Maria Augusta jura inocência, por que n-

-- Você é Engenheiro, Vicente. Deixe o Direito conosco. Com licença.

Entravam no escritório quando Antenor se inclinou na direção de Sarah para sussurrar:

-- Vai me explicar direitinho o que foi isso.

-- Tudo a seu tempo, Antenor -- ela olhou em outra direção. -- Senhora Sobral, como está?

-- Como estou? Como acha que estou? -- ela ergueu um exemplar do jornal do dia. -- Aparentemente eu fui condenada já, não fui?

-- Não ouvi o juiz batendo o martelo.

-- E eu jamais concordei em confessar hoje! Doutor Martelli, eu não sei o que dizer. Eu sou inocente, não vou confessar um crime que não cometi -- Maria Augusta tentou controlar as lágrimas.

O TRIANGULO | SARIETTE | 1 e 2 TEMPORADA Onde histórias criam vida. Descubra agora